domingo, 19 de maio de 2024

"Fiódor Dostoiévski"

 Se queres saber não, não terminei de ler o livro "O Idiota", estou aqui apenas para dizer que estou deveras impressionada com eles, livro e autor. Finalizei apenas a primeira parte o que corresponde a mais ou menos um quarto do livro e sim, falarei sobre ela, e se, por ventura estiveres incomodado com o meu "spoiler" interrompa esta leitura e vá procurar o livro para lê-lo imediatamente, garanto que irá me agradecer.

Bem, nunca havia lido absolutamente nada de Dostoiévski e sabe por que ?! Porque sempre subestimei minha capacidade de entendimento e sempre tive aquela impressão de que grandes nomes da literatura eram grandes demais para minha cabeça tão pequena, pois bem, venci a barreira.

O livro é narrado em terceira pessoa, isso significa que quem conta a história e dá rumo aos fatos e personalidade dos personagens é o autor, eis a sacada, quem é o "Idiota" se não ele próprio ?! Quando percebi tal possibilidade corri pra saber mais sobre ele.

Fiódor Dostoiévski faleceu antes de completar sessenta anos contudo sua vida poderia ter sido bem mais curta caso não fosse beneficiado por um indulto minutos antes da sua execução, é impressionante isto não é ?! E ele descreve este momento tão terrível, a interseção dos minutos entre a morte e a vida, com a minuciosidade de quem só viveu poderia fazê-lo (isto no primeiro capítulo, uauuu!!!!). Fora isso sua origem era humilde o bastante para dificultar sua inserção aos meios literários que só privilegiavam os mais abastados na sociedade daquela época, o seu jeito de escrever foi muito criticado mas nada o deteve ou o impediu de se tornar este grande escritor. 

Então, vamos a primeira parte do livro ?!

No primeiro capítulo tudo acontece nas primeiras vinte e quatro horas : a trama e o envolvimento entre os personagens. O príncipe (O Idiota) se encontra no vagão de um trem que parte da Suiça rumo a Saint Petersburg, sua aparência é simples, quase miserável, carrega consigo de bagagem apenas uma trouxinha, sua ingenuidade em ser franco com as pessoas mais o histórico de seus problemas mentais, lhe confere, aos olhos alheios a impressão de ser um autêntico idiota, julgam-lhe inclusive as feições....e aí a história segue....

Minhas primeiras reflexões sobre este personagem em particular.

Seria mesmo o príncipe Míchkin um idiota ? E o que torna uma pessoa idiota ? Será que o fato de ser franco e verdadeiro faz dele uma pessoa idiota ? Ou a sua ingenuidade é que beira a idiotice ? Me senti idiota, igualzinho ao príncipe, e não entendo porque as pessoas tem que ser assim tão espertas, será que é assim tão assustador sermos verdadeiros idiotas ? Nos tornamos frágeis e vulneráveis, presa fácil aos oportunistas e manipuladores ?! Talvez, a princípio sim, mas um idiota de verdade vê, ele sabe, porque assim como conhece sua essência também é capaz de reconhecer as virtudes e falhas alheias. 

Minha identificação foi imediata. Sou a idiota na medida que me cabe....

Bem, eu acho que é isso que eu gostaria de dizer...por agora estou começando a segunda parte e percebo de imediato que houve reviravoltas, estou curiosa pra saber mais sobre esta história e te convido a ler Dostoiévski, sua narrativa é impressionante, zero tediosa e muito muito instigante.

Ah, só pra finalizar, no livro há uma citação deveras interessante, ei-la : " O dinheiro compra (inclusive) o talento das pessoas."

Boa não é ?! Então, Até ! 


Fiódor Dostoiévski (1821 - 1881)

"Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente."



sábado, 11 de maio de 2024

"Fragilidade Humana"

 Não estou bem. O que seria ?! Meu corpo ou minha cabeça, quiçá ambos ?

Quero não me preocupar, desejo não sentir medo por isso preciso me distrair, à pouco estava lendo "O Idiota" de Fiódor Dostoiévski, estou no capítulo V e parece que engrenei na história, os fatos, a partir de então farão mais sentido na minha leitura... aí a dor veio junto com os pensamentos ruins e resolvi parar de ler e abrir o blog, reli alguns textos que foram acessados a pouco tempo sabe-se lá por quem, alguém que talvez goste dos meus escritos... acredite os meus textos são tão verdadeiros sou tão eu aqui com você...gostaria imensamente de lhe transmitir muito mais que minhas palavras, queria poder dividir com você minhas lágrimas, minhas dores, todos os meus medos, será que você teria paciência em me ouvir ? Será que os meus medos são parecidos com os teus ? Ou será que sou apenas um objeto de curiosidade para você ?! De verdade acredito que não temos relação nenhuma e que bom que seja assim, não preciso me envergonhar em expor toda minha fragilidade humana...aliás é nisso que ando pensando muito ultimamente, na minha fragilidade e finitude...

Não tenho planos para hoje, tenho apenas obrigações e devo cumpri-las com esmero afinal amanhã é Domingo Dia das Mães e eu, bem, eu ainda estou aqui....

quinta-feira, 9 de maio de 2024

"Sobre Minha Filha" - Kim Hye-jin

Sétimo livro do ano de 2024 :

Sobre Minha Filha da escritora sul-coreana Kim Hye-jin


Minhas impressões sobre o livro :

O que é um livro se não uma história muito bem contada, uma história de vida que poderia ser minha, sua ou de qualquer outra pessoa?! Alguém certa vez comentou que os leitores não estão interessados em saber da sua vida (escritor) e que livros autobiográficos não são bem aceitos a menos que você seja uma celebridade que gere algum interesse, não concordo, histórias são histórias, algumas mais intensas que outras mas,  a grande sacada é de como foram transcritas para o papel.

Aqui neste romance a escritora Kim Hye-jin aborda alguns assuntos atuais e pertinentes como a velhice, solidão e a homossexualidade. A história poderia simplesmente se resumir nesse tema, homossexualidade, mas a narrativa é muito mais profunda e reflexiva. Não é um livro que levanta bandeiras, mesmo porque o ponto de vista de quem conta a história em primeira pessoa é a mãe, uma mulher que passa dos sessenta anos que vive angustiada pelas escolhas da filha, escolhas que ela não consegue entender e muito menos aceitar. 

Há uma parte do livro que me tocou profundamente, ei-la :

"A partir de certo momento, comecei a pensar que sou incapaz de mudar alguma coisa neste mundo. Mesmo agora, nesse momento, aos poucos estou sendo empurrada para fora do tempo. Toda e qualquer mudança requer um grande esforço da minha parte. E, apesar de muito esforço, as mudanças são mínimas. Não importa se boas ou não. Tudo o que resulta das minhas escolhas passam a fazer parte de mim. E o resultado dessas escolhas sou eu. Mas a grande maioria só percebe isso quando é tarde demais. Lamento o tempo que perdi esticando o pescoço para bisbilhotar o passado, o futuro, tudo o que não faz parte do presente e, por isso, é inútil. Talvez esse tipo de arrependimento ou lamento caiba somente aos velhos, que já não têm muito tempo pela frente. Nunca sei explicar esse tipo de coisa."....

Ao término do livro chorei, chorei e me questionei de várias maneiras e fiz também algumas reflexões, há coisas que eu também não sei explicar, só sei sentir...




 Muito bom o livro, recomendo !