"Pata Choca"

Sempre quando posso, quando dá ou quando quero, saio para caminhar.

As vezes com muita preguiça caminho devagar, nesses dias estou dispersa, divagando nos pensamentos, não coloco ao menos o fone de ouvido, não precisa, quero deixar a mente solta, livre para ir onde quiser, nada de pressa.

A cabeça viaja.

Outras vezes caminho acelerado, passos firmes, ritmados, tenho objetivos e metas, coloco o fone de ouvido, a música ajuda a me concentrar, não posso parar, caminho muito até suar.

 A cabeça no lugar.

Mas o que queria mesmo era correr, correr tão rápido que não desse tempo pra nada, nem de pensar.
Nenhum problema iria me alcançar. 

Inútil tentativa, não sei correr e quando corro me sinto uma pata choca.

As vezes acelero na minha caminhada, finjo que estou correndo, sei que não estou, me falta desenvoltura, passam por mim homens e mulheres, jovens e anciãos, passa de tudo, até cachorro me ultrapassa.

Desisto, vou no meu ritmo mesmo. Concluo:

Quem nasceu pra pata choca jamais será gazela.