quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

"Herdeiras Do Mar" - Mary Lynn Bracht

 Minhas impressões sobre o primeiro livro do ano :

"Herdeiras do Mar" é o romance de estreia desta autora coreana que aborda de maneira sensível um episódio sombrio e nebuloso vivido por muitas mulheres coreanas durante a Segunda Guerra Mundial, as chamadas "Mulheres de Conforto", fato verídico que cutuca uma ferida aberta tanto para o Japão quanto para os Sul Coreanos.

O romance conta a história de duas irmãs, Hana e Emi, que, por circunstâncias da Segunda Guerra Mundial, são separadas, vivendo cada qual, destinos diferentes.

Hana e sua mãe são haenyeos na ilha de Jeju - Coréia do Sul. 

"Haenyo" é como são chamadas tradicionalmente as mulheres que vivem do mergulho livre (sem equipamentos) retirando do mar o seu sustento, uma atividade lucrativa mas deveras perigosa.

Ao perceber a aproximação do oficial japonês que põe em risco a integridade de Emi, sua irmã de apenas 9 anos de idade, Hana sai do mar e se deixa sequestrar para salvá-la.

Capturada pelo soldado japonês, Hana é enviada para a longíngua região da Manchúria onde se vê obrigada  a se tornar uma "mulher de conforto", sendo submetida a todo tipo de crueldade dentro dos bordéis militares.

O livro vai intercalando duas narrativas : 

O que aconteceu com Hana em 1943 e as angústias vivida atualmente por Emi (2011) desde a separação da irmã.

O anseio por este reencontro é o que as mantém vivas.

A narrativa é dramática, muito tocante saber que milhares de mulheres muito jovens foram submetidas a tão cruel destino, as "mulheres de conforto" é um capítulo doloroso da Segunda Guerra Mundial e que ainda hoje é ignorado por muitos.

Leiam o livro, ele é ótimo !

Esta é a "Estátua da Paz" dos escultores Kim Seo-Kyung e Kim Eun-Sung.

A jovem descalça vestida de "hanbok" com as mãos fechadas representa as milhares de jovens mulheres coreanas que foram estupradas e escravizadas como "mulheres de conforto". Sentada a espera pelo reconhecimento do seu sofrimento e por um pedido oficial de desculpas do governo japonês pela escravização sexual de cerca de 200 mil mulheres - a maioria coreana- durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e a Segunda Guerra Mundial. A cadeira vazia representa, a um só tempo, as que não vivem mais e também um convite a quem quiser se unir a luta.





terça-feira, 9 de janeiro de 2024

"Sem relevância"

 Não é que não tenha nada pra dizer, muito pelo contrário, tenho conversado tão pouco ultimamente que ficaria horas escrevendo como se estivesse conversando com alguém. Sei que falaria sobre o primeiro livro do ano e sei também que ele continua merecendo uma resenha especial mas não é sobre isso que quero falar. Estou às voltas com o segundo livro do ano, aquele que comecei certa vez e, não sei porque cargas d'água não consegui deslanchar, pois bem, parece que agora engrenei e a história não é apenas boa ela é muuuuito boa, daí fiquei me perguntando por que naquela época desisti de ler o livro ?! Não tenho resposta mas posso afirmar que as coisas para mim acontecem no momento que deveriam acontecer e assim o livro me chegou na hora certa, caindo como uma luva. A história é tão surreal e intrigante que te prende entre o real e o imaginário e a minha vida tá meio assim entre o que eu realmente vivo e o que eu imagino viver um dia....sei lá ! mas eu também não vou dar spoiler do livro, quando finalizá-lo farei uma resenha sobre ele.

Como disse antes ando muda pelos cantos, concentrada apenas na leitura, e não estou deprimida, só não quero falar, não há o que dizer, há dias tenho colocado na minha cabeça que minha vida é o que é pelas escolhas que fiz e se eu quiser mudar alguma coisa terei que fazer novas escolhas, tudo depende única e exclusivamente de mim. A minha cabeça trabalha com as possibilidades reais que tenho, é difícil equacionar, fazer contas, avaliar a minha real situação e não está sendo fácil. Mas no meio deste caos tem o lado bom, o lado de estar sendo verdadeira comigo mesma, encarando meus sentimentos sem medo ou culpa, e deixando de me responsabilizar pelo outro como se a harmonia e a felicidade geral do meu lar dependesse apenas das minhas ações, ou seja, eu sempre tinha que entender e relevar e se, alguém agia desta ou daquela maneira tudo era reflexo meu, o que quero dizer é que, eu tinha que "estar bem" para todos se sentirem bem, só que, estavam todos confortáveis menos eu. É fácil jogar as responsabilidades nas mãos de outros e resolvi que de agora em diante carregarei apenas o "meu" fardo, as "minhas" responsabilidades e que cada um faça o mesmo por si.

Tenho pensado em tantas coisas, algumas relativamente bobas a primeira vista mas que se for pra ser analisada a fundo mereceria mais a nossa atenção, dizem que quando fazemos isto entramos numa crise existencial, besteira, podemos analisar as coisas que nos acontecem sem estar vivenciando a tal "crise", apenas analisando por analisar. Por exemplo, quando a pessoa diz que não chamou a "fulana" para sair porque ela não iria pois estaria ocupada, pensa, não é estranho ?! Você chamou a pessoa ?! Você ouviu dela que não iria porque estaria ocupada ?! Se a resposta for não, sinto muito mas você errou, errou em deduzir, errou em traduzir uma resposta que era tão somente sua. Outra coisa, se a pessoa te pede para fazer algo simples alegando que ela própria não sabe fazer, isto é o quê ?! Preguiça ?! Falta de jeito ?! Daí ela diz : Ah eu não gosto de fazer ! Pois é ! Não faz porque tem quem faça ! Isso tudo é uma grande bobagem ?! É e não é, depende do contexto e da profundidade que se vivencia tal situação.

As redes sociais tem me enjoado bastante também. Tanta gente sem noção ! Dia desses estive por um tris para dar uma resposta na postagem de um fulano, mas consegui me controlar,  eu não tenho nada a ver com a história alheia mas a situação em questão mexeu um pouco com meus brios.

Vou chamar o fulano de PF. Conheci o PF na época de escola, era um menino bonito de uma família que progrediu muito no bairro, tinham posses. O nome da família é muito conhecida por todos e PF, agora um senhor de 66 anos de idade, tem muitos amigos nas redes sociais e é justamente nas redes sociais que ele  registra tudo o que acontece na sua vida particular, de modo que o que for narrado aqui não são deduções minhas e sim postagens do próprio PF. Pois bem, PF separou-se da esposa com a qual teve dois filhos e netos, até aí tudo bem para PF, o casamento não deu certo e a mulher foi morar com a mãe, ok, um ano afastados e PF estava de boa mas, bastou a ex-esposa arrumar um namorado, que a vida virou de cabeça para baixo. As postagens ficaram ofensivas, denegrindo a imagem da mulher, fica claro o inconformismo, o ciúmes, a dor de cotovelo, será que ele não percebe que não está sendo melhor que ela em nenhum momento ?! E se por ventura fosse desejo dele manter sua família unida está trilhando um caminho totalmente errado ?! Algumas postagens são feias, revoltantes e desnecessárias e pior, muitos o aplaudem. Tive vontade de escrever pra ele e dizer "para com isso PF", mas quem sou eu pra dar pitaco na vida alheia, não dou conta nem da minha ! Fico com pena da ex-mulher, ninguém merece ser enxovalhado em rede social, ninguém. Daí fiquei pensando quantos homens PFs existem por aí cuja honra fica abalada quando a ex arruma um namorado ? Muitos, milhares, quiçá milhões. Será que não dá pra aceitar e cada um ser feliz ao seu modo ?! Se você aceitar a felicidade do outro não quer dizer que a sua chegará automaticamente em compensação você estará em paz. 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

"Primeiro Livro do Ano"

 "Ler e Coçar é só começar"

É tão bom quando acertamos de cara, sim, escolher um livro pra ler não é tarefa fácil, as vezes pegamos uma indicação mas, os gostos nem sempre coincidem. Este livro que peguei pra ler me foi dado de presente no ano passado por ocasião do meu aniversário. Como disse antes, em 2023 nada li, por isso o livro ficou embalado e esquecido por todo este tempo até que na primeira semana de 2024 olhei pra ele e despretensiosamente retirei o plástico para folheá-lo, qual foi a minha surpresa que logo nas primeiras páginas me deparei com uma história que me soava ligeiramente familiar, resultado devorei o livro em poucos dias. Mas hoje não falarei sobre ele, acho que a história merece uma resenha particular, que, com certeza, será minha próxima postagem. Normalmente quando termino uma leitura procuro fazer algumas reflexões até escolher o próximo livro porém não aconteceu isto desta vez, ao acabar de ler o primeiro livro de 2024 fiquei pensando onde havia parado antes deste "blackout", e eu tinha a resposta. O livro que havia escolhido na ocasião parecia uma bíblia, 767 páginas, a história era relativamente interessante mas talvez o peso e a grossura do livro me fizeram desanimar. Não sei se vocês sabem mas sou uma pessoa "ligeiramente" sistemática(rsrsrs) e tenho pra mim que só se começa uma tarefa nova quando a última foi totalmente finalizada, pois é, o fato de não ter finalizado o livro de 767 páginas me impediu, de alguma maneira, de dar continuidade as minhas leituras. Saí em disparada à caça da "bíblia", encontrei-o esquecido num móvel lateral próximo da estante principal. O livro é pesado, conhecia o começo da história e o marcador se encontrava no mesmo lugar de onde havia parado, pensei, não é certo continuar de onde parei, talvez se fizer isto eu acabe desanimando mais uma vez, quero lê-lo por completo e recomecei a leitura do começo da história como se o houvesse pego pela primeira vez. E assim estou lendo o livro com fortes esperanças de finalizá-lo, acredito que vou conseguir, a história é intrigante, tem um quê de mistério e se você parar pra pensar..."ler e coçar é só começar !"


Boa Leitura pra mim !

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

"Questão de Honra"

 Na última semana do ano velho constatei que não havia lido um único livro em 2023, isso me deixou muito triste e embora seja verdade ter me distraído com outros afazeres nada justifica o fato de ter abandonado a leitura; daí por uma questão de honra resolvi que antes de terminar o ano eu deveria ler ao menos um livro e foi o que fiz. Procurei na estante algo que me motivasse a fazê-lo sem grandes cobranças foi então que avistei o livro da livraria Bertrand : "Homens imprudentemente poéticos" do escritor português Valter Hugo Mãe. Lembrei que na ocasião de comprá-lo estava diante de um expositor enorme com livros de títulos variados do mesmo escritor, mas algo me fez escolher "Homens imprudentemente poéticos", talvez pensar que homens, por um descuido, podem se tornar amavelmente poéticos... 

Do Livro :

"Amavelmente poético" é assim que vejo a escrita de Valter Hugo Mãe, ler os seus livros é sempre muito prazeroso e não poderia ter feito escolha melhor. A história se passa no Japão antigo na cidade de Quioto e alguns poucos personagens compõe a trama, uma história simples que se faz extremamente bela pela maneira sensível e habilidosa do autor traduzir em palavras as sensações e emoções mais íntima de cada um dos seres que a compõe.

É assim que Valter me toca...tão profundamente.