Acordou leve, a noite de sono caiu-lhe como uma luva, dormiu, profundamente, a noite inteira, sonhou que havia construído, com muito sacrifício, as próprias asas, trabalho minucioso, pena por pena, coladas uma a uma com cera quente, tal como Ícaro buscando fuga do labirinto ela desejou se ver livre dos maus pressentimentos, então abriu a janela, olhou para o céu e, rogou ao senhor do vento que lhe mandasse pelo menos uma brisa, fechou os olhos e sentiu-se independente pela primeira vez, depois de tantos anos carregando o fardo da obediência que lhe cabia, elevou seus pensamentos e se atirou alada sob o céu imenso, desejou que suas palavras fossem ouvidas por quem de fato as ouviria.
Voou alto, de lá pra cá de cá pra lá, brincou com o vento, estava feliz, experimentando a liberdade, e se ela sorrisse ? e se ela gritasse ? e se ela escrevesse ? Poderia pedir gentilmente ao Senhor do Vento que espalhasse a boa notícia, sem peso, sem dependência de tão necessitada atenção, voou mais e mais, tão grande o céu, não percebeu que seus devaneios se aproximaram em demasia do calor do sol que derreteu lentamente suas asas, imprudente despencou das alturas e enquanto caia seu coração parou, sentiu o calor que explodia por dentro, sentiu o vento jogando seus cabelos para cima, sua mente apagou na imensa escuridão, de repente o nada, o vazio, tudo se findou.
"Quente - Frio
Aurora - Crepúsculo
Riso - Choro
Claro - Escuro
Luz - Trevas
Começo - Fim"
Podemos escolher ?!
"Sim - Não
Quem Sabe -Nem Sempre"
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