Pelo calor que anda fazendo estou achando que não teremos Primavera, pularemos direto para o Verão, mas não vou engrossar o roll dos insatisfeitos, o calor é bom e o sol sempre reanima, pelo menos na parte da manhã, quando ainda está um tanto fresco para o meu gosto.
Acredita que não consegui escolher um livro novo para ler ?! A história de Clarissa ainda está martelando na minha cabeça.
Não queria contar mas preciso esclarecer alguns pontos...
A professorinha é descendente de uma família tradicional gaúcha, seu avô no final do século dezenove era muito rico e tinha enorme prestígio, mas os seus filhos são uns verdadeiros desastres pra não dizer trastes, começando pelo pai de Clarissa e se estendendo aos tios, um alcoólatra e o outro viciado em cocaína. Ela por sua vez é obediente mas não é cega, contudo pouco ou nada faz para mudar a situação em que vive. A única pessoa fora daquele contexto é Vasco, seu primo, que não é bem visto nem quisto por sua família. É ele que faz com que Clarissa comece a se questionar sobre a moralidade de seus familiares....
*Não vou me estender mas preciso questionar :
Acontece ainda nos dias atuais, muitos descendentes de famílias abastadas entram em decadência moral e financeira por pura incompetência, mas eu particularmente acho que não é só incompetência, acredito que a soberba e o orgulho lhes dificultam enxergar a real situação, não querem dar o braço a torcer e acreditam que assumir de fato o que se tornaram é muita humilhação. Preferem viver dentro do seus palácios com suas paredes descascadas e janelas carcomidas pelo tempo à buscar seu espaço através do seu próprio esforço. É mais fácil se acomodar e só reclamar. É isso que acontece no romance, não tem ninguém pra dar uma chacoalhada e dizer, gente, acorda !!!
Eu não sei qual a herança que estas famílias deixam aos seus descendentes, de verdade não sei.
Mas quando a pessoa encontra as facilidades, automaticamente ela se acomoda, como se a situação confortável fosse uma fonte inesgotável.
Minha formação foi tão diferente, sabe ?!
Nós éramos pobres, não paupérrimos, pobres. O dinheiro era contado pra tudo, e as vezes não tínhamos dinheiro. Meus pais nunca nos deixou faltar nada, mas não havia desperdícios ou abundância. As vezes queríamos algumas coisas e nos frustrávamos por não tê-las, mas aprendemos a esperar a hora certa e a lutar por aquilo que realmente queríamos. A escola e a educação era o nosso bem maior e nossos pais sempre diziam que era nossa única herança.
Então tudo o que conquistamos foi através do nosso esforço, me orgulho muito da minha história de vida mas, vejam como são as coisas, não vejo em meus filhos o mesmo empenho, eles são acomodados e satisfeitos com o que tem, aí me pergunto se eles saberão manter-se quando não estivermos mais aqui, difícil responder.
Acho que as marteladas na minha cabeça são os meus medos daquilo que não posso controlar muito menos prever.
O romance termina sem fim, há inúmeras possibilidades para o desfecho da personagem Clarissa, tanto ela pode dar um rumo diferente para a própria vida se entregando ao amor que descobriu que sente por Vasco como também pode se render aos caprichos insanos daquela família obrigando-a a se casar com o imigrante próspero que aos poucos toma posse de todos os bens.
Vou ficar com a ideia de que mesmo obediente ela se rebelou contra sua família embora, naquela época em 1936, a segunda hipótese seria com certeza a mais provável.
*Bem, vamos deixar de conversa e procurar um novo livro que me faça ter outros questionamentos não é mesmo ?!
Depois te conto !
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