Desculpa se me estendo com a história do cigarro, mas é preciso finalizá-la.
A primeira semana não foi a mais difícil, isso porque estava motivada e firme no meu propósito.
Conforme o tempo foi passando, resistir ao cigarro, foi ficando uma tarefa árdua quase impossível.
O maço continuava no mesmo lugar, passava por ele sem desespero, mas a minha cabeça buscava razões e motivos que me fizessem desistir, afinal aquilo tudo era uma grande bobagem e não haveria mal algum em acender um cigarrinho de vez em quando.
Me sentia com dois ursinhos panda sobre os meus ombros, um vestido de anjinho, o outro de diabo, cada um me falando ao pé do ouvido, tentando me convencer para qual lado deveria ceder.
A cabeça da gente é mesmo muito doida, melhor dizendo, a minha cabeça, por anos o cigarro fora meu amigo e companheiro, gostava de fumar, e embora o vício estivesse me prejudicando visivelmente, não conseguia encará-lo como "O grande vilão".
Era justamente o contrário, queria estar perto de quem fumava só pra sentir o cheiro gostoso do fósforo acendendo o cigarro na primeira tragada. Nossa! como aquilo era bom!
Outro fator decisivo era a comida, as pessoas que fumam não comem, porque o cigarro substitui o alimento, sei que não foi apenas o cigarro que me fez emagrecer, mas deixar de fumar naquele momento implicava em uns quilinhos extras, e voltar a engordar não estava nos meus planos.
Foi quando descobri que coincidentemente estava grávida do meu segundo filho.
Essa foi uma motivação importante, mas não a decisiva. Raciocinei que se tivesse mesmo que engordar que fosse pelo menos por uma boa causa.
Havia se passado um pouco mais de um mês, estava me sentindo orgulhosa em ter parado com o cigarro, quando em uma manifestação de professores na Praça da Sé, reencontrei o professor José, contei-lhe animada sobre a novidade, quando levei um banho de água fria, simplesmente sorriu e disse que um mês não significava nada, que era muito cedo fazer tal afirmação.
O professor José estava no meu mais alto conceito, admirava-o profundamente, por isso fiquei arrasada, afinal foi um mês inteiro de sacrifício, mas por outro lado estava ali um grande desafio.
Os anos se passaram, revi o professor José certa vez, estava dando a minha aula quando a diretora Claudete nos apresentou sem saber que já nos conhecíamos. Ele era o novo Supervisor de Ensino da nossa escola.
Nos abraçamos, foi uma conversa muito rápida, me elogiou dizendo ser uma excelente professora de arte, fiquei sem jeito; e assim nos despedimos.
Não tive coragem de lhe dizer que há mais de vinte anos deixara o vício de fumar.
Ele foi embora sem saber que foram suas palavras naquela manifestação, que se transformaram na motivação que faltava.
"Obrigada professor José".
A primeira semana não foi a mais difícil, isso porque estava motivada e firme no meu propósito.
Conforme o tempo foi passando, resistir ao cigarro, foi ficando uma tarefa árdua quase impossível.
O maço continuava no mesmo lugar, passava por ele sem desespero, mas a minha cabeça buscava razões e motivos que me fizessem desistir, afinal aquilo tudo era uma grande bobagem e não haveria mal algum em acender um cigarrinho de vez em quando.
Me sentia com dois ursinhos panda sobre os meus ombros, um vestido de anjinho, o outro de diabo, cada um me falando ao pé do ouvido, tentando me convencer para qual lado deveria ceder.
A cabeça da gente é mesmo muito doida, melhor dizendo, a minha cabeça, por anos o cigarro fora meu amigo e companheiro, gostava de fumar, e embora o vício estivesse me prejudicando visivelmente, não conseguia encará-lo como "O grande vilão".
Era justamente o contrário, queria estar perto de quem fumava só pra sentir o cheiro gostoso do fósforo acendendo o cigarro na primeira tragada. Nossa! como aquilo era bom!
Outro fator decisivo era a comida, as pessoas que fumam não comem, porque o cigarro substitui o alimento, sei que não foi apenas o cigarro que me fez emagrecer, mas deixar de fumar naquele momento implicava em uns quilinhos extras, e voltar a engordar não estava nos meus planos.
Foi quando descobri que coincidentemente estava grávida do meu segundo filho.
Essa foi uma motivação importante, mas não a decisiva. Raciocinei que se tivesse mesmo que engordar que fosse pelo menos por uma boa causa.
Havia se passado um pouco mais de um mês, estava me sentindo orgulhosa em ter parado com o cigarro, quando em uma manifestação de professores na Praça da Sé, reencontrei o professor José, contei-lhe animada sobre a novidade, quando levei um banho de água fria, simplesmente sorriu e disse que um mês não significava nada, que era muito cedo fazer tal afirmação.
O professor José estava no meu mais alto conceito, admirava-o profundamente, por isso fiquei arrasada, afinal foi um mês inteiro de sacrifício, mas por outro lado estava ali um grande desafio.
Os anos se passaram, revi o professor José certa vez, estava dando a minha aula quando a diretora Claudete nos apresentou sem saber que já nos conhecíamos. Ele era o novo Supervisor de Ensino da nossa escola.
Nos abraçamos, foi uma conversa muito rápida, me elogiou dizendo ser uma excelente professora de arte, fiquei sem jeito; e assim nos despedimos.
Não tive coragem de lhe dizer que há mais de vinte anos deixara o vício de fumar.
Ele foi embora sem saber que foram suas palavras naquela manifestação, que se transformaram na motivação que faltava.
"Obrigada professor José".
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