segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A história da Família "Coelho" - Parte XVII

 " O Namoro"

Depois de firmado o compromisso foi estabelecido as regras para o namoro e, estas mesmo que a contragosto, deveriam se cumpridas à risca sem objeção ou protestos.

A primeira delas dizia respeito aos dias e horários para o rapaz lhe fazer "a corte". Eram três dias da semana com o horário restringido das 19:00 hrs até às 21:00 hrs.

A segunda era que não podiam estar sozinhos em momento algum, por isso as visitas se davam na sala e eram acompanhadas de perto por um ou outro membro da família.

A terceira dizia respeito aos passeios fora de casa, muito raros de se acontecer mas, quando havia a oportunidade deveriam estar sempre aos cuidados de alguém.

E assim se passaram seis meses até que em 12 de junho de 1957 depois de trocarem presentes do dia dos namorados o casal se despediu pois Virgílio havia sido requisitado a prestar serviço na Baixada Santista. A viagem de partida aconteceu na manhã seguinte.

Enquanto Virgílio exercia sua função de soldado na cidade de Santos, a família se movimentava nos preparativos para o casamento previsto para o mês de dezembro. Durante este período os jovens se reencontraram uma única vez no dia 28 de Setembro por ocasião do casamento de Justiniano, irmão de Aydinha.



.......continua......

 



terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XVI

 Em junho do ano de 1956 Virgílio ingressa na Escola de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que outrora era designada Guarda Civil do Estado de São Paulo e só anos mais tarde recebeu este primeiro título que mantém até hoje.

Foram seis meses de curso usando a farda cáqui, exclusiva para os aspirantes, e somente após a conclusão do curso recebeu a farda oficial azul marinho.

Zequinha e Armando, o filho mais velho de Maria do Céu também fizeram o mesmo curso para soldado da antiga Guarda Civil, talvez incentivados ou inspirados por Virgílio.

Em dezembro de 1956 prestes a se formar, Virgílio, mais estabilizado e confiante no seu futuro resolve declarar o seu interesse por Aydinha.

Faltava uns dias para o Natal quando Aydinha retornando de um passeio com seus pais encontra sua tia Maria do Céu que lhe diz haver "algo" em sua casa endereçada a menina e que lá passasse mais tarde para pegá-lo, sem referir ao que se tratava.

Movida pela curiosidade, não demorou muito para que na casa da tia chegasse. Interpelada no quintal foi avisada que o tal presente se encontrava sobre a mesa da cozinha e que ela fosse pegá-lo.

Ao se aproximar viu uma caixa forrada de cetim cor de rosa, abriu-a com cuidado e dentro havia um cartão também de cetim almofadado com um coração em relevo, abriu suavemente o cartão e leu a mensagem carinhosa assinada por Virgílio.

Ela não fazia ideia que o cartão seria dele e mesmo surpresa se sentiu atraída por tão delicado presente, instintivamente ela fechou o cartão e amavelmente o levou ao rosto para sentir-lhe o cheiro e a textura macia e foi neste exato momento que se viu surpresa com a presença de Virgílio, muito sem jeito agradeceu e elogiou o cartão enquanto o mesmo se aproximava, tão perto que seu coração acelerou, ele a tomou em seus braços e sem dizer uma única palavra a beijou.

Após o beijo ele revelou suas intenções e pediu sua aprovação para pedi-la em namoro aos seus pais.

Na manhã de 8 de janeiro do ano de 1957 enquanto Silvano consertava a calha do telhado, Aydinha comunicou ao pai que Virgílio iria à casa conversar com ele. Intrigado o pai da menina respondeu a filha que não havia motivos nem assunto para conversar com o tal jovem. Muito temerosa pela reação do pai, elucidou-se que se tratava de um pedido de namoro, notícia recebida com certo desdem :"Tu és uma menina, mal sabes cuidar de ti e já pensas em namorar ?!"

Naquele mesmo dia a noite chegam á casa Virgílio, sua mãe dona Felicidade e seu pai Zé Coelho para formalmente pedir a jovem em casamento.

Como era de praxe, a requerida nunca se encontrava no mesmo ambiente em que se conversavam sobre seu futuro sendo chamada minutos mais tarde para saber se era de sua vontade aceitar o pretendente. Na frente de todos a moça foi inquerida pelo pai : "Tu gostas dele ?" Assentindo com a cabeça mal balbuciou um "sim" para alívio de todos os presentes. O pai muito determinado completou :"Não gosto de namoro choco, tu tens um ano para se casar". 

E assim foi firmado o compromisso.


















........continua........

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

"Persuasão" - Jane Austen

 Persuasão de Jane Austen, último livro da escritora britânica do século XIX e publicado postumamente.

O romance conta a história de Anne, uma aristocrata que quando jovem é persuadida pela sua esnobe família a desistir do seu relacionamento com o até então aspirante a capitão  Sir Frederick pelo simples fato do mesmo não ser possuidor de títulos ou bens materiais. Oito anos se passam até que ambos se encontram novamente a tempo de corrigir os erros do passado.

Bem ! resumidamente é isso !

Meu parecer.....

Nunca havia lido absolutamente nada de Jane Austen, a conhecia apenas pela fama de seus romances e da adaptação de alguns deles para a dramaturgia de peças teatrais, novelas e filmes.

Bom, nem preciso dizer que tudo que me causa grande expectativa é muito propenso a me causar grande decepção mas, faz parte da minha natureza, fazer o quê ?!

E foi exatamente isto que aconteceu... esperava mais do livro, a leitura até que foi rápida, de fácil entendimento mas a história, puxa vida, não saiu daquilo, um eterno chove não molha, fora as frivolidades dos personagens....meu Deus !!!! meus sais !!!!!!

De verdade não sei se me arriscaria a ler outro livro de Jane Austen, já assisti Orgulho e Preconceito e o filme por si é tão chato que fico imaginando como seria morno, chocho e sem graça ler o livro.

Penso que o de melhor que há é o fato da escritora ser uma mulher privilégio concedido aos homens no século XIX, e que, poucas mulheres conseguiram adentrar, parabéns a Jane Austen por tê-lo feito.

Nada mais a declarar.

4º livro do Ano 2022


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XV

 Para darmos continuidade na história da família Coelho é necessário esclarecer sobre a família de minha mãe, os "Marques".

Como disse antes minha bisavó Emília teve três filhas, Izabel Maria, Maria do Céu e Antônia, seu sobrenome de solteiras era "Maçorano" mas as três, depois de casadas adotaram o sobrenome dos seus respectivos maridos.

Portanto minha vó Izabel, depois de casada com meu vô Silvano adotou o sobrenome do marido passando a se chamar Izabel Maria Marques.

Também já foi dito antes que praticamente toda família estabeleceu moradia vizinhos uns dos outros e o convívio entre eles era diário.

Algumas casas foram herdadas e outras foram adquiridas e construídas pelo próprio esforço de cada família o que, de todo o jeito, os tornava muito próximos.

Era um grande clã de uma grande família.

Soma-se a isso os pequenos cômodos de quarto e cozinha que alugavam para pessoas que ao longo da vida também passaram a fazer parte da família, neste caso me refiro especificamente a família de meu pai, os "Coelho".

Então dando continuidade a história da Família "Coelho" paramos no ano de 1.956, mais precisamente com a morte trágica de tio Reinaldo, marido de tia Céu, cuja casinha dos fundos era alugada para dona Felicidade, Zé Coelho, Zequinha e Virgílio.


.........continua........



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XIV

 Depois de alguns anos trabalhando no lanifício surgiu a oportunidade para que Virgílio mudasse de área, foi então trabalhar numa firma chamada B.Santana que terceirizava serviços de manutenção em eletricidade e hidráulica passando a receber um salário um pouco melhor.

Com a remuneração garantida e as crescentes encomendas de costura da dona Felicidade conseguiram, com sacrifício, sair do porão em que moravam e mudar-se para uma casinha de aluguel na rua Marechal Barbacena que pertencia a dona Anastácia, imigrante russa que tinha duas filhas, Pholha e Eugênia.

Então só para nos situarmos um pouco melhor foi nesta fase entre 1.953 a 1.955 que Zequinha e Virgílio passaram a frequentar a Igreja e foi por volta dos seus dezoito anos que Virgílio namorou e noivou a jovem Germana.

Em 1.956 a família Coelho sai da casinha da rua Marechal Barbacena e passam a morar nos fundos da casa de Maria do Céu na rua Ana Camacho.

O relacionamento entre as Famílias se mantinha cordial e estável.

Em junho de 1.956 Virgílio é aprovado e ingressa na Escola de soldados da até então Guarda Civil do Estado de São Paulo, se preparando, em seis meses de curso, para exercer a profissão de policial.

Naquele mesmo ano no dia 13 de Setembro de 1.956 veio a notícia do falecimento trágico de Reinaldo marido de Maria do Céu, vítima de descarga elétrica enquanto fazia a manutenção de um transformador na fábrica onde prestava serviços.

A morte inesperada de tio Reinaldo foi traumático para toda família, deixando inconsolável a esposa, Maria do Céu, que se tornou viúva aos 32 anos de idade passando a viver única e exclusivamente para os três filhos, Armando, Ivone e Roberto.

Virgílio a esquerda aos 20 anos na cidade de Santos.












Virgílio aspirante a soldado de uniforme cáqui 





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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

"Pachinko" - Min Jin Lee

Finalizei o livro ontem a noite, coisa rara de se acontecer pois a leitura no período noturno me provoca uma imensa vontade de dormir, mas a história me envolveu de tal maneira que acabei devorando o livro de aproximadamente 500 páginas em poucos dias.

O livro conta  a saga de uma família de imigrantes coreanos no Japão no início dos anos de 1900.

A figura central é Sunja uma jovem coreana que em sua terra natal engravida de um forasteiro rico e é salva da desonra pela bondade de um jovem pastor que está de passagem pelo seu vilarejo. Os dois se casam e se mudam para o Japão, país próspero mas que trata os imigrantes coreanos com muita hostilidade.

A história então se desenrola por quatro gerações através de seus descendentes, familiares e amigos, que, juntos, apresentam vários aspectos da cultura, dos costumes, das religiões e das guerras. Os personagens são complexos e passionais, o romance percorre desde as paisagens das ilhas sul coreanas às ruas dos mercados e as prestigiadas Universidades no Japão, percorrendo o submundo do crime nos salões de apostas japoneses, "Pachinko". 

Meu parecer....

Não é o primeiro livro de autor asiático que leio e mesmo assim pouco me familiarizo com seus costumes, tão diferente dos nossos, por vezes, nós ocidentais, carregamos o pré conceito de que os orientais são todos iguais devido as peculiaridades de suas características físicas mas quando nos aprofundamos numa leitura como esta percebemos o quanto estamos enganados. São povos diferentes com usos e costumes que diferem entre si, mas olhando de fora com uma visão voltada para o ocidente, digo, o que os aproxima é a mesma conduta de orgulho e honra exercida com tanta obstinação à ponto de uma única escolha interferir no destino de seus descendentes.

Daí eu penso...... a nossa vida, essa que levamos hoje, é reflexo ou consequência das nossas escolhas, fato.

Bem, é um livro cuja história nos envolve desmistificando nossos conceitos ou pré conceitos dentro de um assunto tão atual, a Xenofobia, levantando questões sobre "Identidade", "Pátria" e "Pertencimento".

Além de ser uma grande história de amor, Pachinco" é um tributo aos sacrifícios, à ambição, à lealdade de milhares de estrangeiros desterrados.

Leiam o livro ! É uma excelente leitura !




quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XIII

Depois dos "Massorano" alugar o pequeno cômodo para os "Coelho" as famílias passaram a se ver com maior frequência e esta proximidade fez com que os laços de amizade se estreitassem entre eles.

Zé Coelho, por afinidade, tornou-se amigo mais próximo do casal Amerino e Antônia enquanto dona Felicidade tornava-se mais conhecida na vizinhança através do seu ofício de costureira. 

Ocasionalmente, nas tardes de domingo, as duas famílias se reuniam para jogar cartas e não raro Aydinha  aparecia para visitar sua vó Emília que até então morava com sua filha mais nova Antônia. A presença da menina causava grande empolgação por parte dos meninos.Virgílio, o mais ousado,  quando a via dizia que sua sorte havia chegado, Aydinha por sua vez muito tímida, apenas observava as cartas às costas do rapaz mas não por muito tempo pois preferia juntar-se aos primos com brincadeiras de criança que pra ela eram bem mais divertidas.

De segunda a sábado os meninos trabalhavam na Fábrica de Fiação carregando pesados fardos de lãs e cobertores, e foi nesta ocasião que surgiu a oportunidade de Zequinha voltar a estudar, matriculando-se na Escola Senai num curso profissionalizante que ninguém soube precisar. Virgílio manteve-se trabalhando duro na fábrica em prol dos estudos do irmão, este por sua vez conseguia se manter com uma pequena ajuda de custos que a escola oferecia aos estudantes.

Foi também nesta época que ambos passaram a frequentar a Igreja N.Sra de Lourdes, localizada no bairro da Água Rasa, ingressando na "Congregação Mariana" instituição que acolhia jovens católicos dispostos a servir o Cristianismo, foram então intitulados "Congregados Mariano" já as mulheres recebiam o título de "Filhas de Maria" e foi assim neste ambiente de reuniões e encontro de jovens que Virgílio conheceu Germana, uma moça "Filha de Maria"com quem namorou e noivou mas, o compromisso entre eles não durou muito tempo, por algum motivo que desconhecemos os jovens resolveram pôr um fim no relacionamento.

Fachada da Igreja N.Sra de Lourdes

Manual da "Congregação de Maria" aos "Marianos"

Interior da Igreja N.Sra de Lourdes

Gruta anexada a Igreja N.Sra de Lourdes


Alunos da Escola Senai anos 50


.....continua.......