Primeiro domingo depois de quatro dias apenas da tragédia que abateu nossa família.
Acordei muito cedo após mais uma noite mal dormida, abri a porta que dava pra sacada, sentei no sofá em frente a estante, e meu olhar ficou perdido entre os livros e a paisagem silenciosa daquele domingo.
A sensação do tiro à queima roupa percorria minha espinha, era um arrepio inexplicável, sentia uma desilusão misturada com um desespero amordaçado, preso, imóvel, encolhido.
Minha cabeça estava oca, um vazio de imensidão, parecia que estava em queda livre, caindo, caindo, caindo sem jamais chegar ao chão.
Me sentia pisando em nuvens, nada era concreto, nada fazia sentido.
Não havia espaço para nenhum outro sentimento, não conseguia sentir ódio, era tão somente tristeza profunda.
Era difícil acreditar e mais difícil ainda me conformar.
Pensei no meu pai, em como tudo havia acontecido.
O que se passara na sua cabeça no exato momento quando ele percebeu que não haveria mais volta ?
O que ele pensou ? O que ele sentiu ?
Lembrei do rosto de meu pai no caixão, seu semblante não era sereno e muito menos contraído de dor, não, não era, seu semblante era de surpresa, aquela cara que fazia quando não acreditava em alguma coisa, parecia que ele estava dizendo "puta merda levei a pior".
A imagem de meu pai no caixão, a cena que levou a tragédia, as perguntas sem respostas, tudo me angustiava e deixava o frio na espinha mais forte e congelante, meu estômago vazio me causava náuseas, não era ódio daquele infeliz que atirou, era angústia profunda como jamais havia sentido em toda minha vida.
(continua)
Acordei muito cedo após mais uma noite mal dormida, abri a porta que dava pra sacada, sentei no sofá em frente a estante, e meu olhar ficou perdido entre os livros e a paisagem silenciosa daquele domingo.
A sensação do tiro à queima roupa percorria minha espinha, era um arrepio inexplicável, sentia uma desilusão misturada com um desespero amordaçado, preso, imóvel, encolhido.
Minha cabeça estava oca, um vazio de imensidão, parecia que estava em queda livre, caindo, caindo, caindo sem jamais chegar ao chão.
Me sentia pisando em nuvens, nada era concreto, nada fazia sentido.
Não havia espaço para nenhum outro sentimento, não conseguia sentir ódio, era tão somente tristeza profunda.
Era difícil acreditar e mais difícil ainda me conformar.
Pensei no meu pai, em como tudo havia acontecido.
O que se passara na sua cabeça no exato momento quando ele percebeu que não haveria mais volta ?
O que ele pensou ? O que ele sentiu ?
Lembrei do rosto de meu pai no caixão, seu semblante não era sereno e muito menos contraído de dor, não, não era, seu semblante era de surpresa, aquela cara que fazia quando não acreditava em alguma coisa, parecia que ele estava dizendo "puta merda levei a pior".
A imagem de meu pai no caixão, a cena que levou a tragédia, as perguntas sem respostas, tudo me angustiava e deixava o frio na espinha mais forte e congelante, meu estômago vazio me causava náuseas, não era ódio daquele infeliz que atirou, era angústia profunda como jamais havia sentido em toda minha vida.
(continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário