Não conseguia pensar em mais nada, na minha cabeça o filme se repetia : a cena que levou a morte trágica de meu pai.
Pensei com carinho na minha infância nos momentos que passamos juntos, nas nossas diferenças nas suas crenças.
Meu pai acreditava.
Sim, ele acreditava no espírito, na vida após a morte.
E se ele acreditava por que não acreditar ?
E se realmente existisse ? Com certeza meu pai estaria desesperado querendo falar, se comunicar.
Pensei que podia... Acreditei que podia, se tinha alguém a quem meu pai recorreria seria a mim, afinal havia sido sentenciada desde pequena como sendo aquele "ser especial".
Naquele momento o que mais queria era "acreditar".
Olhei ao redor, a agenda que transformara em diário estava próxima, peguei a caneta e abri uma página em branco.
Pousei a caneta sobre o papel, fechei os olhos, rezei, repetidas vezes, rezei, junto com a reza me dispus a estar ali para o que viesse...
Narrarei agora o que de fato ocorreu :
Muito lentamente e involuntariamente a mão que segurava a caneta começou a escrever, um formigamento tomou conta do meu braço, naquele instante parei de rezar e me entreguei totalmente, não abri os olhos, também não pensei e nem desejei abri-los, estava totalmente consciente, não perdi o sentido nem perdi a razão, apenas deixei que a caneta corresse, e ela correu cada vez mais rápido, enquanto minha respiração acelerava ofegante, a mão que formigava escrevia enquanto a outra virava rapidamente as páginas, tinha consciência plena que algo muito forte estava acontecendo ali, e acreditei que fosse realmente meu pai que estivesse escrevendo querendo falar, meus olhos permaneceram fechados, a respiração foi lentamente voltando ao normal, a velocidade da caneta sobre o papel foi desacelerando brandamente até que meu coração se acalmou por completo e pousou a caneta sobre a última frase escrita naquela agenda.
Demorei para abrir os olhos, tinha plena consciência que algo muito forte acontecera, foram várias páginas escritas e o processo foi longo, culminou naquela respiração ofegante depois aquele sentimento de paz que havia tomado conta de mim, precisava abrir os olhos e ler aquelas palavras.
Decepção.
Voltei uma a uma cada página escrita, no começo, rabiscos pequenos que foram aumentando de intensidade, tamanho e forma, rabiscos enérgicos até se reverterem lentamente em pequenos rabiscos novamente enquanto a respiração voltava ao normal, meus olhos percorreram minuciosamente cada suposta frase tentando de todas as maneiras e posições identificar uma palavrinha qualquer, pequena que fosse, mas nada, nada além de rabiscos.
Fechei o diário e chorei, chorei muito.
Chorei porque senti a presença de meu pai ali.
Chorei porque havia fracassado.....
(continua)
Pensei com carinho na minha infância nos momentos que passamos juntos, nas nossas diferenças nas suas crenças.
Meu pai acreditava.
Sim, ele acreditava no espírito, na vida após a morte.
E se ele acreditava por que não acreditar ?
E se realmente existisse ? Com certeza meu pai estaria desesperado querendo falar, se comunicar.
Pensei que podia... Acreditei que podia, se tinha alguém a quem meu pai recorreria seria a mim, afinal havia sido sentenciada desde pequena como sendo aquele "ser especial".
Naquele momento o que mais queria era "acreditar".
Olhei ao redor, a agenda que transformara em diário estava próxima, peguei a caneta e abri uma página em branco.
Pousei a caneta sobre o papel, fechei os olhos, rezei, repetidas vezes, rezei, junto com a reza me dispus a estar ali para o que viesse...
Narrarei agora o que de fato ocorreu :
Muito lentamente e involuntariamente a mão que segurava a caneta começou a escrever, um formigamento tomou conta do meu braço, naquele instante parei de rezar e me entreguei totalmente, não abri os olhos, também não pensei e nem desejei abri-los, estava totalmente consciente, não perdi o sentido nem perdi a razão, apenas deixei que a caneta corresse, e ela correu cada vez mais rápido, enquanto minha respiração acelerava ofegante, a mão que formigava escrevia enquanto a outra virava rapidamente as páginas, tinha consciência plena que algo muito forte estava acontecendo ali, e acreditei que fosse realmente meu pai que estivesse escrevendo querendo falar, meus olhos permaneceram fechados, a respiração foi lentamente voltando ao normal, a velocidade da caneta sobre o papel foi desacelerando brandamente até que meu coração se acalmou por completo e pousou a caneta sobre a última frase escrita naquela agenda.
Demorei para abrir os olhos, tinha plena consciência que algo muito forte acontecera, foram várias páginas escritas e o processo foi longo, culminou naquela respiração ofegante depois aquele sentimento de paz que havia tomado conta de mim, precisava abrir os olhos e ler aquelas palavras.
Decepção.
Voltei uma a uma cada página escrita, no começo, rabiscos pequenos que foram aumentando de intensidade, tamanho e forma, rabiscos enérgicos até se reverterem lentamente em pequenos rabiscos novamente enquanto a respiração voltava ao normal, meus olhos percorreram minuciosamente cada suposta frase tentando de todas as maneiras e posições identificar uma palavrinha qualquer, pequena que fosse, mas nada, nada além de rabiscos.
Fechei o diário e chorei, chorei muito.
Chorei porque senti a presença de meu pai ali.
Chorei porque havia fracassado.....
(continua)
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