Era madrugada e fomos recebidos com um café da manhã muito simples.
No local haviam pessoas com o mesmo objetivo: receber uma mensagem psicografada.
Fizemos uma triagem com o próprio médium, explicamos a tragédia resumidamente, saímos de sua sala e fomos aguardar no salão maior, onde centenas de pessoas também aguardavam.
O médium se posicionou ao lado de seus assistentes quando começou o processo da psicografia, sentado com uma das mãos apoiada nos olhos enquanto a outra escrevia incansavelmente.
Foram quase duas horas na mesma posição quando o processo finalizou.
Um solo de violão muito suave fazia fundo enquanto as mensagens eram lidas em voz alta.
De cabeça baixa, olhos fechados e de mãos dadas à minha mãe e ao meu irmão, ouvimos cada uma delas até que por fim a tão desejada mensagem acelerou nossos corações, as primeiras palavras proferidas que nos identificavam fez com que nossas mãos se apertassem e unidos pela dor e emoção choramos.
Eis a mensagem :
" Querida Ayda,
Querida esposa e filhos amados, o Senhor seja louvado.
Ayda, não se sinta culpada pelo que houve, insistindo para que eu descesse com a finalidade de guardar a caminhonete. Quem de fato poderia imaginar que aquela hora da tarde viéssemos a sofrer um assalto em nossa própria casa, com consequências inesperadas ?
Quando me vi diante daqueles dois meninos, que me apontavam uma arma, pensei que pudesse intimidá-los com palavras e cometi o equívoco de me identificar; mal, no entanto, declinava a minha condição de policial militar da reserva, senti o impacto do projétil a altura do peito e cai sem esboçar a menor reação. Em rápidos minutos a minha existência inteira desfilou diante dos meus olhos como, se uma introspecção profunda, nunca realizada por mim, me levasse a analisar os menores fatos da existência que estava chegando a termo.
Tudo, querida Ayda, me acontecia ao mesmo tempo em que espiritualmente eu tentava reagir com o propósito de não deixá-los, à você, ao Reinaldo, à Silvia, à Silvana, à Silmara e ao Ricardo, os filhos que tanto amei e continuo a amar deste outro lado da vida.
Não vamos agora, cogitar de mais nada, além de uma paz familiar, precisamos ter serenidade e tocar a vida adiante com a confiança que não nos deve faltar.
Esqueçamos, ou pelo menos tentemos esquecer o episódio infeliz em que certamente eu estarei quitando débitos de pregressas existências. Sei que nunca cogitei seriamente de reencarnação, me sinto agora compelido a fazê-lo, já que digo que de fato a morte não existe, e que não alcancei o céu a que tantos imaginamos fazer jus após a morte do corpo. Vejo diante de mim uma longa estrada e sei que por ela deverei caminhar, estrada que começo e fim não posso divisar com clareza... Não pensem pois que todos sejamos chamados a viver sobre a terra a mercê do acaso e que estejamos sujeitos em qualquer idade a acontecimentos sobre os quais não tenhamos o menor controle.
Não é assim, os nossos maiores estão falando comigo em leis de causa e efeito, me recomendando dizer a vocês que tudo é consequência de tudo, de tudo que fizemos e como também de tudo que deixamos de fazer...
...Mantenhamo-nos unidos e trabalhemos o quanto possível para minimizar a violência que se engendra a partir de nossa própria indiferença social.
Antes da construção de novas penitenciárias, os nossos governantes deveriam pensar na construção de novas escolas, é inútil que a atual geração não se preocupe com as gerações futuras crendo que lograrão escapar da catástrofe que se prepara para a humanidade. Nós de hoje, somos os de ontem e seremos os de amanhã, ou seja, herdaremos de nós próprios e voltaremos a terra para sofrermos as consequências do próprio descaso, organizem-se e não derramem lágrimas desnecessárias.
Foi um balaço no coração, mas a rigor não faria grande diferença se tivesse sido uma queda, seguida de uma forte pancada na cabeça.
Queridos Reinaldo e Silvia, queridos filhos, vocês me perdoem, se não consigo uma maior autenticidade com estas palavras, entendem que eu as estou grafando com o auxílio de um cérebro que infelizmente a submete a rigoroso processo de filtragem. Digo infelizmente por enquanto, aqui gostaria de ser muito mais eu mesmo do que tenho consciência de que estou conseguindo ser, com meu amor e a minha saudade Ayda, o meu imenso carinho à você querida esposa, que não deixarei, sou sempre o seu Virgílio.
Virgílio Coelho Neto"
.
Mensagem psicografada pelo médium Carlos Bacelli - Uberaba, 26 de maio de 2001.
(continua)
No local haviam pessoas com o mesmo objetivo: receber uma mensagem psicografada.
Fizemos uma triagem com o próprio médium, explicamos a tragédia resumidamente, saímos de sua sala e fomos aguardar no salão maior, onde centenas de pessoas também aguardavam.
O médium se posicionou ao lado de seus assistentes quando começou o processo da psicografia, sentado com uma das mãos apoiada nos olhos enquanto a outra escrevia incansavelmente.
Foram quase duas horas na mesma posição quando o processo finalizou.
Um solo de violão muito suave fazia fundo enquanto as mensagens eram lidas em voz alta.
De cabeça baixa, olhos fechados e de mãos dadas à minha mãe e ao meu irmão, ouvimos cada uma delas até que por fim a tão desejada mensagem acelerou nossos corações, as primeiras palavras proferidas que nos identificavam fez com que nossas mãos se apertassem e unidos pela dor e emoção choramos.
Eis a mensagem :
" Querida Ayda,
Querida esposa e filhos amados, o Senhor seja louvado.
Ayda, não se sinta culpada pelo que houve, insistindo para que eu descesse com a finalidade de guardar a caminhonete. Quem de fato poderia imaginar que aquela hora da tarde viéssemos a sofrer um assalto em nossa própria casa, com consequências inesperadas ?
Quando me vi diante daqueles dois meninos, que me apontavam uma arma, pensei que pudesse intimidá-los com palavras e cometi o equívoco de me identificar; mal, no entanto, declinava a minha condição de policial militar da reserva, senti o impacto do projétil a altura do peito e cai sem esboçar a menor reação. Em rápidos minutos a minha existência inteira desfilou diante dos meus olhos como, se uma introspecção profunda, nunca realizada por mim, me levasse a analisar os menores fatos da existência que estava chegando a termo.
Tudo, querida Ayda, me acontecia ao mesmo tempo em que espiritualmente eu tentava reagir com o propósito de não deixá-los, à você, ao Reinaldo, à Silvia, à Silvana, à Silmara e ao Ricardo, os filhos que tanto amei e continuo a amar deste outro lado da vida.
Não vamos agora, cogitar de mais nada, além de uma paz familiar, precisamos ter serenidade e tocar a vida adiante com a confiança que não nos deve faltar.
Esqueçamos, ou pelo menos tentemos esquecer o episódio infeliz em que certamente eu estarei quitando débitos de pregressas existências. Sei que nunca cogitei seriamente de reencarnação, me sinto agora compelido a fazê-lo, já que digo que de fato a morte não existe, e que não alcancei o céu a que tantos imaginamos fazer jus após a morte do corpo. Vejo diante de mim uma longa estrada e sei que por ela deverei caminhar, estrada que começo e fim não posso divisar com clareza... Não pensem pois que todos sejamos chamados a viver sobre a terra a mercê do acaso e que estejamos sujeitos em qualquer idade a acontecimentos sobre os quais não tenhamos o menor controle.
Não é assim, os nossos maiores estão falando comigo em leis de causa e efeito, me recomendando dizer a vocês que tudo é consequência de tudo, de tudo que fizemos e como também de tudo que deixamos de fazer...
...Mantenhamo-nos unidos e trabalhemos o quanto possível para minimizar a violência que se engendra a partir de nossa própria indiferença social.
Antes da construção de novas penitenciárias, os nossos governantes deveriam pensar na construção de novas escolas, é inútil que a atual geração não se preocupe com as gerações futuras crendo que lograrão escapar da catástrofe que se prepara para a humanidade. Nós de hoje, somos os de ontem e seremos os de amanhã, ou seja, herdaremos de nós próprios e voltaremos a terra para sofrermos as consequências do próprio descaso, organizem-se e não derramem lágrimas desnecessárias.
Foi um balaço no coração, mas a rigor não faria grande diferença se tivesse sido uma queda, seguida de uma forte pancada na cabeça.
Queridos Reinaldo e Silvia, queridos filhos, vocês me perdoem, se não consigo uma maior autenticidade com estas palavras, entendem que eu as estou grafando com o auxílio de um cérebro que infelizmente a submete a rigoroso processo de filtragem. Digo infelizmente por enquanto, aqui gostaria de ser muito mais eu mesmo do que tenho consciência de que estou conseguindo ser, com meu amor e a minha saudade Ayda, o meu imenso carinho à você querida esposa, que não deixarei, sou sempre o seu Virgílio.
Virgílio Coelho Neto"
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Mensagem psicografada pelo médium Carlos Bacelli - Uberaba, 26 de maio de 2001.
(continua)
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