Aydinha, como era chamada pelos irmãos e primos, se equiparava na idade com os meninos e, era com eles Justi, Armando e Henrique a maior parte das brincadeiras.
Os meninos eram muito levados e certa vez foram todos ajudar a amassar barro no terreno da casa vizinha da dona Constância, era um barro colorido nas cores branca, vermelho e café, espécie de argila natural, gostavam da brincadeira pois o barro mole dava uma sensação boa nos pés, além de lhes fazer uso em outras brincadeiras como esculturas de bichinhos e comidinhas variadas. Mas nem sempre as brincadeiras eram autorizadas pela vó Emília e neste caso Aydinha havia sido advertida para não acompanhar os meninos, o que de fato não ocorreu, as escondidas acompanhou os primos na divertida tarefa, o que ninguém esperava era que ela, acidentalmente, se ferisse com um caco de vidro.
Com o pé sangrando muito e rodeada pelos olhares aflitos dos meninos a maior preocupação de todos era como esconder da vó Emília sua desobediência, foi quando Virgílio, a caminho de casa, parou para ajudar. Analisou o ferimento e aconselhou : "estanca o sangue com o barro que vai sarar" e foi assim que fizeram.
Tive notícias que o sangue estancou, a ferida sarou e o que ficou foi uma cicatriz como lembrança mas, não sei dizer se Aydinha tomou a bronca pela travessura, o que me alegrou saber é que talvez este fato tenha sido a primeira aproximação entre meu pai e minha mãe, ela uma menina com nove anos de idade e ele também, ainda um menino, com os seus treze.
Fico me perguntando se naquele despretensioso gesto de carinho e atenção não lhes tenham ascendido uma pequena chama no coração ?
Pode ser que sim, pode ser que não, talvez fossem jovens demais para perceber e sentir tais emoções.
.........continua........
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