quarta-feira, 6 de maio de 2020

"Fogão de Lenha"

Se eu me espichar mais um pouquinho consigo pegar este restinho de sol que nesta época do ano nos foge tão rapidamente.

Estiquei o casaco no chão feito uma toalha e em cima dele me deitei, aproveitei a sombra do banco para proteger o rosto do sol quente.

Fiquei ali olhando pro céu azul e para as nuvens que passavam com velocidade.

Fechei os olhos e fiquei ouvindo o uivar do vento. Percebi que o tempo iria mudar porque o assobio do vento era mesmo muito forte, tinha que aproveitar o sol de qualquer jeito.

É uma sensação tão boa... a quentura do sol no corpo, a sombra no rosto, o barulho do vento, o silêncio da manhã, abri o olho de leve e vi o passarinho em cima do banco me observando com os olhinhos bem atentos, ele sabe que não sou um predador, por isso ele não tem medo, curiosidade, talvez, esgueirando o olho mais pra baixo vejo o Little Boy que se aboletou ao meu lado e também aproveita o sol com a barriguinha pra cima, esta tão relaxado que chega a roncar.

Penso... porque é da minha natureza pensar, o livro da Ruth Oseki esta do meu lado, pego-o para ler, com os braços esticados mantenho o livro a uma certa distância e leio alguns capítulos, até o braço cansar, paro um pouco e continuo a pensar e a sentir o sol, o vento, o Little Boy que continua feito estátua encostado em mim, parece morto mas seu ronco prova que está bem vivo.

No dia anterior estive no computador passando tempo foi quando me veio a ideia de cantar uma canção em homenagem ao dia das mães que será a semana que vem. Achei o Karaokê da música "Fogão de Lenha" do Chitãozinho e Xororó e treinei umas duas vezes antes de me preparar para grava-la. A música é sertaneja, tem uma melodia bonita e uma letra simples pra ser cantada, mas sabe como é, as vezes me emociono facilmente, há meses não vejo minha mãe de perto, apenas de longe, da sacada de seu apartamento conseguimos nos ver, ela lá e eu cá, no jardim de casa, mas não é a mesma coisa quando se pode tocar, abraçar, beijar.... me deu um nó na garganta, acho que os nossos melhores feitos se dão neste grau de sensibilidade e mesmo com a voz embargada e os olhos marejados apertei o play no celular e comecei a gravar a mensagem seguida da música, e deu tão certo, a imperfeição deixou tudo tão sincero e autêntico que depois ao ouvir-me a autocrítica deu vasão pra emoção, não quero arrumar muito menos refazer .... pode ?! Pode. Semana que vem farei a mensagem chegar até ela.

É tão bom ter mãe. Penso que são pouquíssimas pessoas que tem este privilégio.
Fiquei me perguntando : Quantas pessoas da minha idade ainda tem mãe ? Quantas pessoas da minha idade tem uma mãe saudável ? Quantas pessoas da minha idade tem uma mãe que mora sozinha e se cuida sozinha e sabe se virar tão bem ?

Minha mãe é uma mulher sábia e de uma bondade infinita. A sua sapiência não vem das grandes faculdades, minha mãe estudou até a quarta série primária e mesmo assim é sábia e inteligente, gosta de ler de conversar interagir, ela tem sempre algo bom para dizer. Penso que não puxei a minha mãe, a faculdade pode ter me ajudado um pouco mas no quesito bondade estou á quilômetros de distância.
Minha mãe é um exemplo de mulher linda e forte, não é á toa que gostaria muito de ser como ela, mas cada um é cada um não é mesmo ? O importante é a gente se aceitar.

O sol sai do chão e caminha para a parede, já não há mais sol onde me encontro, Little boy também já se mandou, devo me levantar e procurar o que fazer, e há muito o que fazer, só preciso achar a vontade. Vontade cadê você ?!

Fogão de Lenha

Espera minha mãe estou voltando
Que falta faz pra mim um beijo seu
O orvalho das manhãs cobrindo as flores
Um raio de luar que era tão meu

O sonho de grandeza, ó mãe querida
Um dia separou vocês e eu
Queria tanto ser alguém na vida
E apenas sou mais um que se perdeu

Pegue a viola e a sanfona que eu tocava
Deixe um bule de café em cima do fogão
Fogão de lenha e uma rede na varanda
Arrume tudo mãe querida o seu filho vai voltar

Mãe eu lembro tanto a nossa casa
As coisas que falou quando eu saí
Lembro do meu pai que ficou triste
E nunca mais cantou depois que eu parti

* Pegue a viola.....

Espera minha mãe estou voltando.

Compositores : Durval de Lima / N Carlos Colla / Maurício Barroso Netto Duboc


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