Nós havíamos conseguido juntar três mil não sei se cruzeiros, cruzado ou cruzado novo muito menos quanto este valor se equivaleria nos dias atuais.
Foi quando nos surgiu simultaneamente duas excelentes oportunidades, dar entrada num apartamento ou comprar um carro usado e, embora a aquisição da casa própria fosse muito mais importante e necessário que se ter um carro, hesitei, compramos o carro, um fusca branco 1975, dez anos de uso, pago nota por nota zerando mais uma vez a conta poupança.
Me vi a mais feliz das proprietárias após dez anos de carteira com o meu primeiro automóvel, agora só precisava treinar para sair rodando por aí.
Recorri ao meu pai que meio a contra gosto resolveu me dar as primeiras aulas práticas de volante, que roubada ! a sua falta de paciência me levaram as lágrimas em compensação aprendi a dirigir na marra, motivada pela raiva, pelo nervoso, pelo desafio, justamente para provar-lhe que eu era sim muito capaz de dominar aquela máquina, mas ficou o trauma, nunca mais dirigi o fusca com meu pai sentado ao meu lado, acho que se o fiz foi uma única vez, suando frio e morrendo de medo de errar as marchas e fazer tudo errado na presença dele, foi daí que concluí que volante e medo são duas coisas que não combinam e que te levam fatalmente ao erro.
Dirigir é muito simples, você senta enfrente ao volante, pega a chave liga o carro mas não sem antes verificar se está no ponto morto do contrário você vai assustar com o solavanco, pois bem, você tem três pedais, com a perna direita você acelera e freia e com a perna esquerda você pisa fundo na embreagem para que com a mão direita você posicione as marchas, daí você vai soltando o pé esquerdo muito lentamente, lembrando que primeira marcha é só para dar a partida ou seja, fazer o carro sair do lugar, em seguida, pisa novamente no desembreio e engata a segunda marcha até que de marcha em marcha o carro saia desembestado com você aflito tentando manter o auto controle, seu e do auto, fora isso mire-se à frente, e mantenha-se atento aos retrovisores que se somam três ao todo, dois nas laterais externas e um dentro do carro, ah ! e não podemos esquecer de um aviso muito importante, temos que dirigir pela gente e também pelos outros, viu como é simples ?! simples e fácil como se equilibrar numa bicicleta de uma única roda com pratos rodopiando no queixo e na testa enquanto as mãos balançam quatro ou cinco laranjas num malabarismo exato sem erros, caso contrário babau.
Mas como tudo na vida requer prática e um tanto de habilidade ir á feira ou á farmácia perto de casa era moleza, difícil foi quando num domingo resolvi visitar minha irmã há vinte quilômetros de distância tendo que enfrentar a tão temida avenida Radial Leste.
Ainda bastante inexperiente combinamos que meu pai iria com seu carro à minha frente me informando que horas deveria trocar as marchas gesticulando com os dedos, bem se o trajeto até a casa da minha irmã demorava cerca de quarenta minutos aquele dia levou pelo menos duas horas.
Sempre atenta ao carro da frente e indiferente aos xingamentos que passavam em alta velocidade eu já não raciocinava mais nada meu foco era os dedos de meu pai : um dedo - primeira marcha, dois dedos - segunda marcha, três dedos- terceira marcha e.... quarto dedo - nem pensar !!!
O que deveria fazer automaticamente meu cérebro não decodificava tamanho pavor, o nervosismo foi tomando conta, suava frio e o coração parecia saltar pela boca.
Fiquei com dó de meu pai se ver naquela situação justo ele um Ás do Volante, mas foi a primeira e última vez, depois disso tive que me virar sozinha.
Bem fato é que aos trancos e barrancos aprendi a dirigir, bem, eu "acho" que aprendi em compensação os palavrões que ouvi decorei-os todos.
Fiquei mais de dez anos só dirigindo o Fusca e na minha cabeça não sabia dirigir outro carro, então todos os dias de manhã eu vestia o Fusca Branco para ir trabalhar e com isto acumulei muitas aventuras compartilhadas com meus filhos e alguns amigos de carona, muito corajosos por sinal.
Como esta história já se estendeu, as aventuras eu deixo para contá-las outra hora, teve de tudo de atropelamento a briga de trânsito, mas isto ficará para a próxima.
Até lá!
*Só pra registrar olha eu aí com meu companheiro inseparável...
Foi quando nos surgiu simultaneamente duas excelentes oportunidades, dar entrada num apartamento ou comprar um carro usado e, embora a aquisição da casa própria fosse muito mais importante e necessário que se ter um carro, hesitei, compramos o carro, um fusca branco 1975, dez anos de uso, pago nota por nota zerando mais uma vez a conta poupança.
Me vi a mais feliz das proprietárias após dez anos de carteira com o meu primeiro automóvel, agora só precisava treinar para sair rodando por aí.
Recorri ao meu pai que meio a contra gosto resolveu me dar as primeiras aulas práticas de volante, que roubada ! a sua falta de paciência me levaram as lágrimas em compensação aprendi a dirigir na marra, motivada pela raiva, pelo nervoso, pelo desafio, justamente para provar-lhe que eu era sim muito capaz de dominar aquela máquina, mas ficou o trauma, nunca mais dirigi o fusca com meu pai sentado ao meu lado, acho que se o fiz foi uma única vez, suando frio e morrendo de medo de errar as marchas e fazer tudo errado na presença dele, foi daí que concluí que volante e medo são duas coisas que não combinam e que te levam fatalmente ao erro.
Dirigir é muito simples, você senta enfrente ao volante, pega a chave liga o carro mas não sem antes verificar se está no ponto morto do contrário você vai assustar com o solavanco, pois bem, você tem três pedais, com a perna direita você acelera e freia e com a perna esquerda você pisa fundo na embreagem para que com a mão direita você posicione as marchas, daí você vai soltando o pé esquerdo muito lentamente, lembrando que primeira marcha é só para dar a partida ou seja, fazer o carro sair do lugar, em seguida, pisa novamente no desembreio e engata a segunda marcha até que de marcha em marcha o carro saia desembestado com você aflito tentando manter o auto controle, seu e do auto, fora isso mire-se à frente, e mantenha-se atento aos retrovisores que se somam três ao todo, dois nas laterais externas e um dentro do carro, ah ! e não podemos esquecer de um aviso muito importante, temos que dirigir pela gente e também pelos outros, viu como é simples ?! simples e fácil como se equilibrar numa bicicleta de uma única roda com pratos rodopiando no queixo e na testa enquanto as mãos balançam quatro ou cinco laranjas num malabarismo exato sem erros, caso contrário babau.
Mas como tudo na vida requer prática e um tanto de habilidade ir á feira ou á farmácia perto de casa era moleza, difícil foi quando num domingo resolvi visitar minha irmã há vinte quilômetros de distância tendo que enfrentar a tão temida avenida Radial Leste.
Ainda bastante inexperiente combinamos que meu pai iria com seu carro à minha frente me informando que horas deveria trocar as marchas gesticulando com os dedos, bem se o trajeto até a casa da minha irmã demorava cerca de quarenta minutos aquele dia levou pelo menos duas horas.
Sempre atenta ao carro da frente e indiferente aos xingamentos que passavam em alta velocidade eu já não raciocinava mais nada meu foco era os dedos de meu pai : um dedo - primeira marcha, dois dedos - segunda marcha, três dedos- terceira marcha e.... quarto dedo - nem pensar !!!
O que deveria fazer automaticamente meu cérebro não decodificava tamanho pavor, o nervosismo foi tomando conta, suava frio e o coração parecia saltar pela boca.
Fiquei com dó de meu pai se ver naquela situação justo ele um Ás do Volante, mas foi a primeira e última vez, depois disso tive que me virar sozinha.
Bem fato é que aos trancos e barrancos aprendi a dirigir, bem, eu "acho" que aprendi em compensação os palavrões que ouvi decorei-os todos.
Fiquei mais de dez anos só dirigindo o Fusca e na minha cabeça não sabia dirigir outro carro, então todos os dias de manhã eu vestia o Fusca Branco para ir trabalhar e com isto acumulei muitas aventuras compartilhadas com meus filhos e alguns amigos de carona, muito corajosos por sinal.
Como esta história já se estendeu, as aventuras eu deixo para contá-las outra hora, teve de tudo de atropelamento a briga de trânsito, mas isto ficará para a próxima.
Até lá!
*Só pra registrar olha eu aí com meu companheiro inseparável...
E aí ?! Aceita uma carona ?!!! |
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