terça-feira, 29 de agosto de 2017

"Releitura Urbana"

Vamos as histórias engraçadas:

Professor nunca leciona num lugar só, vivemos pulando de galho em galho até ter a sorte de se efetivar numa boa escola.
Era começo da década de 90 e havia sido remanejada para a minha escola dos sonhos: E.E. Profª "Blanca Zwicker Simões", escola onde estudei na minha adolescência.

Nossa escola por ser "Escola Padrão", tinha algumas regalias, além do nosso salário ser um pouco melhor, éramos privilegiados com uma grande quantidade de projetos educacionais oferecidos pela FDE - Fundação de Desenvolvimento Escolar.

Fiz a inscrição dos alunos no projeto de Artes, iríamos de ônibus fretado até a Av. Paulista para fazer uma Releitura Urbana da nossa cidade.
Estava toda empolgada, acompanhando os alunos com suas pranchetas, dando dicas e fazendo observações para que o trabalho se desenvolvesse da melhor forma possível, estava me sentindo o máximo.

Só não contava com aquela coceirinha insistente na cabeça, que coisa chata !!!
Temi pensando ser piolho, mas era impossível, há poucos dias havia feito permanente no meu cabelo e pra quem não sabe permanente era deixar o cabelo todo enroladinho, naquela época estava na moda, ficava com jeito "hippie", e segundo consta, nenhum piolho resistiria aquele cheiro da química, decididamente não era piolho, mas a coceira não passava de jeito nenhum.

O trabalho dos alunos foi um sucesso, no final, fizemos um grande painel para expor os desenhos da criançada.
Mas... a dita cuja coceira não passava, lavava a cabeça todos os dias, isso porque cabelo com permanente você só consegue penteá-lo molhado, depois que seca, não há pente que penteie, arma e fica horrível.

Já me encontrava em desespero, quando em casa, abri uma toalha branca no meu colo e comecei a pentear aquele cabelo "difícil". Foi quando levei um susto, os piolhos eram enormes, acho que estavam na quinta geração de tão grandes, precisava resolver aquela situação com urgência, mas como ? Comprar remédio e passar pente fino não iria resolver, tinha que tomar uma atitude mais drástica, cortar o cabelo.
Mas aí tinha outro problema, qual cabeleireiro em sã consciência iria cortar um cabelo naquele estado?

Não tive dúvidas, peguei a tesoura dei na mão do meu marido e pedi: "corta".
E assim, aquele cabelo comprido todo encaracolado lindo, mas cheio de piolhos, foi sumindo da minha cabeça até virar um nada. Sim, o cabelo ficou "joãozinho", cabelo de menino (sem piolhos).

Claro que na escola todo mundo estranhou, mas não iria passar atestado de piolhenta pra ninguém, quando me perguntavam o porque havia cortado os cabelos eu dizia : "Enjoei, cabelo curto tá na moda".... Quanta mentira !!! E pensar que levei os piolhos pra passear em plena Av. Paulista e ainda por cima me achando o máximo. Pode ?!!!




domingo, 27 de agosto de 2017

"Na nuvem"

Tem gente que acha chique andar de avião, eu particularmente acho deveras perigoso, mas entre fazer aquela viagem de ônibus que duraria no mínimo doze horas e outra de avião que não passariam de três, fiquei mesmo com a segunda opção.
Era a minha primeira experiência, mas não me vi ansiosa, estava determinada a embarcar, mesmo porque a situação era de urgência, eu e minha mãe precisávamos vê-la antes que fosse tarde.
Não entendo até hoje o que a motivou sair de São Paulo e parar num lugar daqueles, e olha que no momento, morando em Dourados MS, não se via de todo mal, pois já havia passado por lugares bem piores, acompanhando os devaneios do marido matuto, um autêntico "homem da roça".
Desembarcamos no aeroporto de Dourados, fomos recebidos pelo tio Clóvis, que nos ajudou com as malas, perguntamos por ela, disse que estava no carro a nossa espera.
Sua aparência dava dó, jamais poderia estar ali, ainda mais na situação que se encontrava.
Minha tia Elza era irmã de minha mãe, dez anos mais nova que ela e somente dez anos mais velha que eu.
Seu estado era gravíssimo, e mesmo com todos os sintomas e desconforto de uma doença terminal como o câncer, nos proporcionou uma boa estadia com muitas conversas e particularmente com uma noite pra lá de especial, uma noite que vai ficar pra sempre na minha memória, pois é assim que quero lembrar da minha tia, uma mulher destemida, guerreira, que mesmo numa situação tão adversa e tenebrosa, nos transmitia tanta energia positiva, mesmo sabendo que aqueles seriam seus últimos dias, pra mim uma lição de vida, tamanha lucidez.
Havíamos feito umas pizzas e tomávamos vinho, ela, coitadinha, mal digeria a pizza e com muita dificuldade bebericava uns goles do vinho, e a conversa corria solta, foi quando ela começou sua narrativa contando uma passagem de sua adolescência.
Ouvíamos a história descontraidamente, quando percebi que aquele momento tinha que ser registrado, liguei a câmera e sem que soubessem  comecei a filmar...
Lembrando agora de como tudo sucedeu, me bate uma alegria em relembrar que houve de fato esse momento especial e ao mesmo tempo a tristeza em saber que nunca mais a verei.
Ficaram as lembranças a saudade e o vídeo.
Não vou tentar contar a história da tia Elza adolescente com o vô Maçorano porque não saberia e também porque não teria a menor graça.
Queria mesmo era postar o vídeo, mas advinha ? Assim como o avião ele está na "nuvem".
Não me perguntem o que é nuvem no computador ou como o vídeo foi parar lá, não sei ao menos como tirá-lo da tal nuvem, com toda certeza vou precisar de ajuda, mas não desisto, breve vocês saberão dessa história contada com a graciosidade da saudosa tia Elza.
Só aguardar, tá ?!








quinta-feira, 17 de agosto de 2017

"A fé e o Acaso"

Era costume deixar as janelas abertas para o ar entrar, em casa de fumante é assim, o ar obrigatoriamente tem que circular.Quando chegava a noite as janelas eram fechadas para que pudéssemos  dormir.

Já havia escovado os dentes e pronta para fechar as janelas quando entro no quarto e levo um susto, um passarinho entrou pela janela e pousou em meu travesseiro e ali permaneceu, quietinho, até ser resgatado por nós, mesmo assustado era tão bonzinho, creio que era filhote. Foi uma alegria para os meninos cuidar do passarinho, o pai havia arranjado uma caixa de papelão e também água e comida.

Enquanto cuidavam do bichinho fiquei pensando... e analisando o acontecimento...
Fiquei questionando a relação entre a fé e o acaso, melhor dizendo, em como o acaso pode se transformar em algo sobrenatural  se você tiver fé ou simplesmente acreditar.

Imaginei a mesma circunstância em outra situação :
Era uma data especial, que fazia uma relação direta com minha pessoa, era meu aniversário, já havíamos comemorado durante o dia e a noite pouco antes de me recolher surge o passarinho e ainda por cima no meu travesseiro.

Imaginei naquele momento se estivesse morta, o que pensariam ?
Dependendo da fé, pensariam que o passarinho era o espírito da mãe, pousado no travesseiro.....
Essa reflexão parece bobagem mas naquela hora foi um questionamento profundo.

A fé é você acreditar que um simples acaso é algo especial ou divino, e Não É.
 O fato que eu não estava morta, ainda bem né ? mas convenhamos o passarinho entrou simplesmente porque a janela estava aberta.

Preciso desenhar ?!!!
Acho que não né ?!!!
Me desculpa se você tem fé.