segunda-feira, 31 de agosto de 2020

"31 de Agosto - E o Pulso Ainda Pulsa"

 Há seis anos ela descansou de tanto que se exauriu, foram longos anos de luta contra um câncer de mama.

Fui visitá-la em junho quando seu estado de saúde se agravou.

Encontrei-a pálida quase sem cor, usava um gorrinho de lã, muito magra e com sorriso no rosto, tamanha a felicidade em nos ver.

Estava tão debilitada que não havia a necessidade de fazer o sacrifício em nos buscar no aeroporto da cidade de Dourados - MS visto que a casa onde moravam ficava distante e o carro velho toda vez que passava por um buraco na estrada de terra lhe causava visível incômodo, percebido nas suas feições que se contorciam de dor sem dizer um único "ai", só depois foi nos explicado que o fato dela estar ali não era apenas consideração por mim ou por minha mãe, sua irmã, o que ela sentia era muito medo de estar só.

Ficamos hospedados em sua casa durante uma semana e de tudo o que vi e presenciei o que me vem na cabeça é um trecho da música dos Titãs "...o pulso ainda pulsa..." Como pode um corpo sofrer tanto ? Como pode um corpo aguentar tanta dor ? ... e o pulso ainda pulsa...

Esta doença é perversa e desumana, nos reduz a nada, nos humilha, esfrega nossa cara no chão junto com nosso ego e todo o nosso orgulho... e o pulso ainda pulsa...

Eu não sei explicar em palavras o que aprendi aquela semana em Dourados, sei que foram inúmeras lições.

Com todo aquele sofrimento ela ria e nos contava histórias, mesmo sem conseguir comer nos acompanhava á mesa, foram longas conversas amenas e jamais conversamos sobre a gravidade daquele momento, porque o pulso ainda pulsava...

Houve um dia em que ela me contou que a angústia lhe batia ao entardecer, quando o sol lentamente se escondia nas planícies, angústia e medo de morrer, acho que era isto o que queria dizer, mas nunca confessou abertamente porque desviávamos todo e qualquer assunto ao que se referisse a morte.

Na hora de ir embora enquanto o Táxi nos aguardava pude me despedir dela com um longo e forte abraço, seus olhos marejaram, se encheram de lágrimas e ela me pediu que cuidasse de minha mãe porque sabia que sua morte lhe causaria grande sofrimento e eu só consegui lhe responder que não se preocupasse que minha mãe era uma pessoa muito forte, subtendendo que ela aguentaria o tranco.

Penso que fui tão inábil e tão insensível naquele momento, não era nada daquilo que eu queria dizer, quis sim me fazer de forte, mas na verdade estava desabando por dentro e não queria deixar transparecer.

Ela estava muito mal e eu presenciei aquela semana... e passou junho... e o pulso ainda pulsava... passou julho inteiro com seus intermináveis 31 dias... e o pulso ainda pulsava... e veio agosto inteiro, dia após dia e de tão cansada ela finalmente conseguiu morrer dia 31 de agosto de 2014.... o pulso por fim parou de pulsar...


*choro por sua dor...choro por sua ausência... pulso...






sábado, 29 de agosto de 2020

"As Pontes de Madison"

 Finalizei o livro "As Pontes de Madison" de Robert James Waller.... não sei nem por onde começar, há tanto o que dizer...

Óbvio que devo ressaltar, mais uma de tantas vezes, que não sou crítica literária e muito menos é meu objetivo fazer um resumo da história, aqui registro apenas as minhas impressões, então vamos a ela...

O livro realmente me pareceu roteiro de filme; consegui imaginar  a atuação dos atores Meryl Streep e Clint Eastwood em cada parágrafo do livro como se estivesse realmente assistindo a película.

Foi uma leitura rápida e fácil pela dinâmica da história, um tanto açucarada para o meu gosto, contudo foi bem envolvente e me fez lembrar dos meus dezoito anos quando pegava aqueles romances de banca de jornal com nome de mulher tipo "Sabrina" onde me deleitava com suas histórias melosas e picantes.

A história retrata um romance fugaz entre um homem e uma mulher na idade madura, e só não seguiu adiante pelo fato dela ser casada, ter filhos e viver numa cidade pequena onde todos seriam estigmatizados, ou seja, o preço da sua felicidade seria alto demais e nenhuma de suas escolhas a tornariam feliz de fato, então ela preferiu ser infeliz mantendo a fidelidade á sua família.... é ! difícil ! mas assim se desenrolou aquele caso de amor....

Minhas particularidades...

Qual mulher não gostaria de ter vivido um amor assim ? Mas amor assim existe ? Digo, existe de verdade ou apenas na literatura ?

Eu acredito que o  platônico deixa tudo sublime e perfeito demais em qualquer circunstância e assim deve permanecer para que este "suposto amor" se mantenha no seu inviolável pedestal, caso contrário a realidade profanaria o que seria de mais sagrado, a perfeição daquilo que se imagina.

Nossa cabeça nos rege, acreditamos naquilo que queremos acreditar, e eu não acredito em alma gêmea, mas acredito que podemos fazer uma história de amor fantasiosa para podermos suportar as agruras do cotidiano do amor real, então imaginar que um dia existiu alguém especial e que houve entre um homem e uma mulher, independente da idade, uma conexão que vai além do nosso entendimento racional, não é fuga e sim um alento.

Entre os personagens houve esta conexão e ambos se mantiveram fiéis aos próprios sentimentos além de suas existências, utópicos e apaixonantemente irreais, eis a beleza deste romance e se há por ventura alguma similaridade com a minha história ela só existiu na minha santa imaginação.

*Leitura despretensiosa... vamos ao filme...






quarta-feira, 26 de agosto de 2020

"Chocha"

 Parece que estou ouvindo a voz da minha vó materna dizendo "estou chocha !" ela usava bastante este termo quando estava meio apagadinha e hoje quem está chocha, murcha, sem graça sou eu, aliás já tem um tempo que ando "meio" inteira chocha, me esforçando muito para reverter este quadro.

Posso dizer que esta semana estou bem melhor do que a semana passada, vislumbro aí uma sensível melhora.

Comecei a ler o livro que tanto queria, aquele que virou filme e foi um grande sucesso: "As Pontes de Madison".

Não quis assistir ao filme antes de ler o livro. Sei mais ou menos que se trata de uma história de amor, desencontros, escolhas, renúncias... enfim só lendo pra saber qual o tempero de tudo isto e se o enredo vai me agradar como agradou tanta gente. Desconfio. Não sou do contra mas sou difícil.

Assim, meio por cima, pensei que talvez pudesse me identificar com o livro...sorrio sem graça com tamanha bobagem.

Há bem pouco tempo tive a oportunidade de conhecer melhor meus personagens e descobri que eles eram pessoas incríveis apenas dentro desta minha cabeça fantasiosa, na realidade eles eram pessoas pra lá de normais com poucas virtudes e muitos defeitos, tão reais como eu ou você, sem nadica de nada de tão especial.

O que me fez sentir aliviada por saber que não perdi absolutamente nada e que inconscientemente minhas escolhas me protegeram do mal que poderia estar fazendo a mim mesma.

Será que nem bem comecei a ler o livro já misturo ficção com realidade ?

Quem é que tem tanta certeza de suas escolhas nesta vida ?

Os tolos, talvez....

Vamos deixar de bestagem... e vamos ao livro !



domingo, 23 de agosto de 2020

"Domingo Dia de Nada"

 Ficamos sabendo que os compadres de Águas de Lindóia pegaram Covid-19. O compadre, diabético, está assintomático, quanto a comadre o vírus lhe pegou de jeito. Pelo que relatou a situação ficou tensa mas graças a família repleta de médicos ambos foram muito bem orientados e assistidos e, diga-se de passagem, segundo consta nada de cloroquina. Fico feliz com as notícias de sua melhora, não demora muito irá se recuperar totalmente.

Quanto a mim ando me esforçando, tentando focar um dia por vez, fico repetindo pra mim mesma que o que vivemos é o agora, por exemplo, agora me deu vontade de escrever, estou por aqui, e escrever me distrai e.... é isso.

Na segunda-feira passei muito mal, não por conta da endoscopia, e sim pela pequena dose de anestesia... é, acho que foi isto....a anestesia.

Sexta-feira me ligaram para refazer a mamografia, foi lá que desmaiei após a endoscopia, se vê que as radiografias não foram suficientes ou não ficaram boas, então amanhã tenho que retornar ao hospital para refazê-las.... mas isto não é o meu agora, este agora se dará apenas amanhã....

Já deu pra perceber que estou reticente....

.....vou melhorar....

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

"A Quarta Morte - Walter Egéa"

 Terminei de ler o livro.

Demorei um pouco porque houve algumas interrupções mas, por fim terminei.

Gosto sempre de deixar meu parecer quando finalizo uma leitura e diga-se de passagem que o que faço não é um resumo da história e sim as impressões que a mesma me causou.

Este livro chegou em minhas mãos através do meu filho e minha nora.

Walter, o autor, é pessoa conhecida, de longe mas é, ele foi professor de sax e clarinete deste meu filho, sei que nos vimos apenas por duas vezes, o suficiente para aguçar-me a curiosidade em saber um pouco mais sobre o conteúdo de sua narrativa.

Penso que não são raras as pessoas que escrevem mas penso também que são poucas que se arriscam a publicar seus escritos, admiravelmente, Walter assim o fez.

Quando li a contracapa achei que se tratava de uma biografia e me identifiquei quando falou de seu primeiro amor e de um beijo que nunca aconteceu, mas ao ler o livro percebi que estava parcialmente enganada.

Então vamos as minhas impressões....

A narrativa é em primeira pessoa, propositalmente ele escreve com letras minúsculas o que me remeteu a outro escritor contemporâneo, Valter Hugo Mãe, que assim também o faz, a explicação deste é que cada palavra tem o seu relativo valor e nenhuma se sobrepõe a outra, já no livro do Walter há sim uma única referência com letra maiúscula, quando se fala dela, a Morte em questão.

A história não é linear, os personagens, cada qual dentro do seu contexto, transmutam constantemente, ele permeia algumas de suas experiências pessoais com as histórias de seus personagens e assim ele vai construindo o enredo até que por fim todos se encontram e se confrontam, autor-escritor-narrador-personagens.

Livro instigante e reflexivo.

...."estamos sempre á espera Dela e quanto mais esperamos, menos esperamos...."






quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Paradoxo : "A Imaterialidade é o que temos de Concreto"

 Vem cá, você acredita mesmo que esta Pandemia serviu para algo bom como muita gente, demagogicamente, propaga por aí ?!

Não acredito não, aliás acredito exatamente o contrário, que esta Pandemia serviu para desabrochar o lado mais obscuro das pessoas.

Pensa em como é fácil nos acostumarmos com tudo nesta vida, tanto com as coisas boas, claro, muito mais rápido mas, com as coisas supostamente ruins também.

Não chamo isto de "acomodação" e sim um processo natural de "sobrevivência", pois quem vive tem que arrumar um jeito de superar as adversidades impostas para continuar, enfim, sobrevivendo, seja lá de que jeito for.

Por isso as perdas e as ausências nos comove, nos dói por um certo tempo, mas não demora muito damos um jeito de superá-las, cicatrizamos nossas feridas, substituímos, readaptamos, nos adequamos a atual realidade para que, mesmo que involuntariamente, a vida siga seu novo curso, isto acontece para todos que indistintamente nela reside e independe da nossa vontade, tão natural e despercebido quanto piscar os olhos.

Pois é ! e assim a vida segue adiante.

Mas não desviando do assunto percebo que esta Pandemia isolou as pessoas de tal modo que nos acostumamos a viver isolados, cada pessoa dentro do seu mundo e só compartilhando com os seus virtualmente acabamos por viver uma realidade paralela.

Então simplesmente nos acostumamos as ausências, sem mais beijos, sem mais abraços, sem contato físico, sem contato emocional.

Será que um dia voltaremos ao normal ?

Não. Não pra mim, acredito que viveremos um novo "Normal", este atual que nos distanciou.

Mas será que houve um tempo em que realmente nos preocupamos com o outro ou por obra da Pandemia estamos dando de ombros como sempre estivemos e nunca tivemos a coragem de assumir ? 

Há vestígios que sim.

A hipocrisia é tão escancarada, discursos que não condizem com as ações, um egoísmo tão evidente.

Quem já era de se isolar só arrumou uma desculpa "boa" e "justa" para fazê-lo.

Estamos sós. Esterilizados. Calafetamos o nosso metro quadrado diariamente. Fingimos que nos importamos. A realidade é oposto. A humanidade está se perdendo dentro deste mundo virtual.

Paradoxo :

Por hora, "A imaterialidade é o que temos de Concreto".

Triste e Virtual Realidade.

Lembrei do Ariano Suassuna para dizer que hoje acordei chata pra caramba, pois segundo ele :

"O Otimista é um tolo,

O Pessimista um chato e

O Realista um esperançoso"


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

"Uma Vastidão do Nada"

 Para escrever é preciso de motivação, aliás pra tudo na vida precisamos estar motivados, esses dois dias que se seguiram me vi sem a tal da motivação e hoje sem estar muito crente apenas um tanto carente me ponho aqui á escrever.

Segunda-feira foi barra, fiz o tal do exame que necessitava de um longo jejum e sedação e só porque preciso otimizar o meu tempo, sem comer, emendei um exame seguido do outro, ah, não deu outra, passei mal e fui parar no Pronto Socorro. Um dia inteiro perdido por conta do mal estar, só fui me recuperar ontem quando voltei a me alimentar, mas a cabeça e os maus pensamentos não me largam ou eu não os largo, esta noite tive pesadelos.... 

Preciso me centrar e me aprumar, é só uma fase ruim e vai passar, é nisso que preciso acreditar.

Há dias ando pensando no Couto por conta de uma postagem que fez na sua rede social agradecendo aos amigos, um tom meio que despedida, aquilo me deixou triste. Eu o conheci por intermédio de meu marido, ambos trabalharam juntos, certa ocasião ele veio aqui em casa pegar alguns livros que havíamos doado para uma escola carente em que faz trabalho voluntário. Grande homem ! Sempre preocupado com o saber e semear conhecimento. Há bem pouco tempo comecei a segui-lo na rede social, adorava ler o seus textos, sempre bem humorados e recheados de lembranças e boas histórias, mas de um tempo pra cá os textos foram rareando, alguns se tornaram melancólicos, tudo por conta de uma doença grave que lhe acomete, é tudo tão triste ! Ontem, através de um texto, ele se despediu pra valer dizendo que excluiria sua conta na rede social, agradeceu aos amigos e nos desejou coisas boas como sempre faz.... é tão difícil.... eu só consegui lhe agradecer pela companhia dos seus textos que tantas vezes me fez rir e outras tantas me inspiraram ... houve muitos amigos lhe pedindo pra não se afastar, mas só quem passa por certas situações é que sabe como é difícil superar.... entendo o Couto, entendo e também me entristeço... porque se não há motivação o que é que nos sobra ?!

Uma vastidão do "Nada". 

domingo, 16 de agosto de 2020

"Mais um Domingo"

 Mais um Domingo - não é um pesar é uma constatação.

Acordei ás quatro me virei de um lado me virei do outro, tentei não perder o embalo do sono, não consegui. Meus pensamentos se preenche de preocupações, me viro novamente, olho para o relógio digital, são cinco da manhã, ouço um barulho de chuva, fraco a princípio mas depois a chuva aperta, choveu pra valer, daquelas chuvas que lava asfaltos, calçadas, paredes e janelas, queria aproveitar a cadência do barulho da chuva pra poder me ninar, inútil, não consigo, os maus pensamentos e as preocupações exageradas com a saúde do meu corpo não permite, me rendo a elas e tento pelo menos desfocar, pensar na dor do outro as vezes me conforta, não sou apenas eu que sofro, tanta gente sofre dores mais fortes que as minhas, será que é possível medir dor?  será que é possível medir o amor? ouvi certa vez que é impossível medir ou comparar qualquer sentimento, cada pessoa sabe o que sente e como sente, aí me vem a lembrança do médico que me atendeu no parto do meu primeiro filho, respondeu-me ele que a dor é igual para todo ser humano o que difere é como cada pessoa reage a sua própria dor, se eu havia sido forte até aquele momento com certeza me manteria forte após, aquelas palavras me bastaram para me encorajar, não por acreditar nelas e sim por vergonha de dar vexame. Fato é que aqui estou, já passa das seis, não consegui pregar o olho de jeito algum, já fiz e tomei o meu café e é tão bom sentir o gosto do café, penso no Couto que já não pode sentir gosto de nada....penso em quem pode e se recusa a comer, penso e me entristeço....amanhã farei mais dois exames, tenho que acordar cedo e não posso ir sozinha, caso contrário não faço exame, fiquei pensando em quem chamar para ir comigo, disponível deliberadamente ninguém, nem minha mãe por ser do grupo de risco, meus filhos com seus afazeres, parentes ? amigos ? não, ninguém, mas meu companheiro se dispôs a ir, não me agrada porque sei que é muito difícil para ele, quase um sacrifício e eu me sinto péssima em precisar, quando posso me viro sozinha mas, quando não, sou obrigada a me resignar, então vamos os dois. O domingo parece que vai ser assim.... nublado, melancólico, triste.... mais um domingo... na noite de sexta-feira assistimos um filme espanhol chamado "El Olivo" - (2016) primoroso o filme, história comovente de uma família e sua oliveira milenar....fala sobre perdas de uma maneira sutil e poética.... durante a noite por um momento seguramos nossas mãos....

sábado, 15 de agosto de 2020

"Hoje"

 Ontem eu não vivi. Ontem estive meio morta, meio viva. Não por vontade ou querência, simplesmente não consegui acordar e eu só fiz dormir, as vezes tentei abrir o olho e acordar de fato mas, um cansaço e uma sonolência tomou conta do meu corpo e da minha mente, algumas pessoas dizem que isto é sintoma de depressão... talvez sim, talvez não.... o importante é que hoje estou um tanto melhor, direcionando minha mente para os meus afazeres diários, vou tentar me ocupar....

As vezes penso que estou começando a entender este processo de vida e morte... mas não quero falar sobre isso, não agora com a minha sensível e frágil melhora....

O engraçado que não é engraçado....engraçado que não estou chateada nem triste, nem quero fazer julgamentos sobre certo ou errado, sei que cada pessoa tem sua própria moral e cada um age de acordo com suas crenças, o que é certo pra mim pode não ser certo pra você, o importante é ter consciência que tentei sim acertar, não me eximo das minhas responsabilidades mas não posso carregá-las de culpa.

Passei por momentos difíceis e delicados durante a minha vida, coisas da vida, que não é exclusividade minha, todos nós passamos por momentos carregados de tensões, frustrações, desavenças, mas sempre tive o entendimento que ninguém resolve nossos problemas a não ser a gente mesmo. Aprendi isto com minha mãe que nos contou tantas vezes que seu pai parado no portão da casa onde morávamos lhe disse : "tu sofres filha e não me dizes nada" e ela retrucava "está tudo bem pai" mesmo sabendo que não estava, isto é o que eu chamo de "aguentar o tranco", é isto que aprendi com minha mãe que sempre "acreditou" no meu "tá tudo bem mãe". Só não soube ou não quis repassar este ensinamento. Se o meu filho sofre eu preciso saber pra tentar ajudar e se ele me pede ajuda estará sempre em prioridade mas nem sempre sei como fazê-lo, sou dotada de incompetência para assuntos tão delicados. Não me poupo porque assim o quis. Não há fingimento, há confiança e certeza em ter alguém em quem contar, mesmo que este alguém seja um alguém como eu tão despreparado pra ajudar. Me faço de forte mas é só fachada e se não quero acordar é porque talvez eu queira simplesmente esquecer.



sexta-feira, 14 de agosto de 2020

"Página Virada"

 Todo dia é uma página virada, o que hoje faz todo sentido do mundo amanhã pode não fazer sentido algum.... Não tenho vontade de reler postagens antigas afinal elas já se passaram são realmente páginas viradas...mas não estas, não agora enquanto escrevo... eu sou real ou ainda sou... minha dor existe ela é física e emocional...a nuvem negra sobre minha cabeça não se dissipou ao contrário aumentou no tamanho e no volume...um turbilhão de maus pensamentos tomam conta de mim neste momento...eu sei que há uma saída mas não estou conseguindo encontrá-la.... se eu achasse que chorar em desespero resolvesse eu viraria um rio insano de lágrimas, me rasgaria inteira mas sei que não resolve, eu tenho sim é que tentar manter os pés no chão e tentar ser forte e tentar superar e tentar tentar....Há algo no ar que conspira... é um conjunto de coisas....o livro do Walter, as postagens da Ana, a ausência de três dias do Couto, a minha dor física, o pedido de socorro de meu filho ontem de madrugada... quem dorme ? quem ri ? quem festeja ? quem acha graça ? quem vê esperança ? quem ?!

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

"O Primeiro e Último Beijo"

 Quem acredita em sonhos ?!

Freud, será ?

Todo sonho é a realização de um desejo recalcado.

As vezes um sonho é mais real que a própria realidade.

É assim quando muito o desejamos.

Demorou quarenta e oito anos para acontecer e enfim aconteceu, tão real quanto eu ou você que ainda respira e vive.

Haviam pessoas, não muitas, um grupo de velhos amigos do JB em uma caravana, e lá estava ele totalmente fora daquele contexto, se aproximou, tive dúvidas que fosse me beijar, nunca o fez, não por falta de vontade mas por falta de iniciativa, desacreditei que pudesse acontecer e ignorando a todos e sem pedir licença encorajou-se me tomou nos braços e me beijou, um beijo calmo, longo, profundo, senti o gosto da sua saliva como se real fosse, meu corpo esquentou e ascendeu meu desejo, umedeci, desfrutei daquele momento como quem bebe seu último gole antes de se despedir, não soube precisar o tempo, a eternidade também é finita, o hálito quente foi tomando distância, emudeci.... acordei com o gosto doce e refrescante do chiclete recém desembalado e com a sensação de que enfim aconteceu com quarenta e oito anos de atraso o nosso primeiro e último beijo, tão real quanto eu e você.



terça-feira, 11 de agosto de 2020

"Tudo a seu Tempo, Tudo a Contento..."

 Tudo ao seu tempo, tudo a contento...

Um pouco melhor que ontem, talvez, o pouco que seja já é um tanto melhor.

Sabe aquele dia que parece que você não viveu ?

Não fiz nada que fosse útil, nada que prestasse, é horrível esta sensação de inutilidade.

Consegui ler mais um trecho do livro do Walter, já tem uns dias que comecei a ler, depois parei e agora retomo. A princípio imaginei uma coisa e fiquei meio sem entender mas agora as coisas estão fazendo mais sentido, é uma maneira diferente de se expressar, nem sei se expressar é a palavra correta, acho que não, mas a história em si é provocante, não é uma biografia como pensei a princípio, sei que tem muitas referências da sua vida mas acho que ele aproveitou sua vivência para contar uma história que não é propriamente a sua ... quero terminar de ler para depois sim dar o meu parecer, não vou fazer uma crítica, vou sim escrever sobre as impressões que o livro me causou, então é isso...comecei achando que era uma coisa agora no meio percebo que é outra e vamos ver ao final o que fica.

Bem ! nem sei mais o que dizer... a não ser que preciso do meu humor e do meu otimismo de volta.

Não vou culpar o tempo seco que resseca tudo por dentro, quando chove é porque chove, quando faz frio é porque faz frio, se há sol vamos aproveitar, o sol é bom só preciso tomar mais água, me hidratar, desfocar dos excessos de preocupação, olhar mais para fora e menos para dentro de mim... cara eu vou melhorar, eu preciso melhorar....

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

"Um pouco sobre Ontem"

 Ontem foi o segundo domingo de agosto, dia dos pais.

O nosso domingo foi de paz, harmonioso e feliz.

Pude estar junto de minha família, sei que é com eles que posso contar para tudo que eu precisar nesta vida.

Dentro de mim, o sentimento maior é de gratidão.

Sou grata por tudo e por todos.

Agora, um pouco sobre hoje.....

Embora o domingo tenha sido bom, não tive uma boa noite de sono, os pensamentos e os sonhos ruins continuam me assombrando, acordei com pouca disposição e energia, desmarquei a aula de canto, pra falar a verdade adiei para o mês que vem, não sei explicar o por quê, não é medo de me contaminar, não é isso, é outro tipo de medo que não sei definir, eu só sei que preciso sim melhorar os meus pensamentos para que a minha disposição volte, talvez isto que ando sentindo seja apenas o reflexo dos excessos da semana passada, acho que exagerei na dose, preciso me centrar, acalmar a minha mente, respirar fundo e ....sei lá qual a receita... acho que preciso de um tempo... é isso, um tempo....

*ontem vesti azul.... ???

sábado, 8 de agosto de 2020

"Diário de À Gosto"

 Pensa que eu melhorei ?

Não, não melhorei mas também não vou me entregar.

Sou dura na queda.

Ontem sabe o que fiz antes de dormir ?

Tomei uma taça de vinho. Verdade. Nunca havia feito isto mas, ontem eu fiz.

Será que vou virar alcoólatra ? rsrsrsss Só faltava !

Penso que tomar vinho é menos ruim que tomar remédio....dormi a noite toda.

Esta semana fiquei por conta da limpeza, há dias que não leio absolutamente nada, nem panfleto, também não consegui estudar para as aulas de canto, precisava levar um puxão de orelha....talvez hoje se me esforçar um pouquinho eu consiga rever algumas coisas.

Ontem a noite (antes da taça de vinho) fiz uma postagem no Instagram sobre meu desejo tardio em fazer uma tatuagem, fiz alguns questionamentos e algumas pessoas me incentivaram. Já escolhi o desenho e onde tatuá-lo (na testa) rsrsrsrss mentira, na cervical mesmo, só estou tomando coragem para fazê-la, mas antes preciso deixar de lado o medo da dor e desligar o desconfiômetro...quem diria, estou virando uma velha bêbada sem noção, daquelas que vão pra Las Vegas afim de enfiar o pé na jaca, doida varrida !!

E por falar em velha lembrei de uma propaganda, de chocolate talvez, que era mais ou menos assim:

No elevador um homem maduro de seus 40 ou 50 anos, todo aprumadinho, suéter de lã pendurado no pescoço à lá Dória segurando com as duas mãos um saco de compras e eis que entra uma jovenzinha toda descolada se deliciando com um chocolate, aí o coitado, espichando o olho, todo animadinho começa a puxar assunto e as respostas são monossilábicas, crente que está abafando ao final a garota se despede com um "valeu Tio !"

Gente, o "Tio" é de matar ! e a gente só descobre que é de morrer quando assim nos chamam, é como levar um choque de realidade, dia desses levei um choque parecido, um amigo de meu filho, que não é um garotinho, me chamou de "Tia", talvez sua intenção fosse manter o respeito mas o tiro foi certeiro...morri !!!! Quando o cara tem mais de trinta e te chama de "tia", se olha no espelho e chora !

Nossa ! Quanta bobagem já escrevi ! Liga não, tô arriscando qualquer babaquice pra me livrar dos maus pensamentos.... à propósito meu nome não é Cristina, não sou nova, não sou loira e nem tenho os olhos azuis, é ruim hein ?! Me chame pelo meu nome rsrsrsrsss * o vinho já destilou, juro estou sóbria !

Ah, Tia ! O que a gente faz com você ?!!!


*Não era chocolate era suquita. hahahahaha

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

"Que será será"

"Que será será

Whatever will be, will be

The Future is not ours to see

Que será será

What will be, will be"


* Quem cantava esta canção era a Doris Day, uma atriz norte americana com uma voz que me encantava, me veio esta música hoje assim do nada, me lembrei que vivia pedindo para o seu Francisco assobiá-la para mim, ele assobiava tão bem e ficava feliz em assobiar, as vezes assobiava até sem que eu pedisse... me deu um aperto agora, por onde andará o seu Francisco ? Ouvi dizer que ainda está vivo, procurei-o nas redes sociais até mandei mensagem mas ele não me respondeu, espero que ele esteja bem, tenho muito boas lembranças do tempo que trabalhei no laboratório, e a memória auditiva do assobio do seu Francisco é uma delas....

*O que será será

O futuro não é só nosso....

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

"Cansaço Físico"

Ontem fui dormir com as galinhas de tão cansada, cansaço físico por conta da limpeza profunda que ando fazendo nesta casa, daí não deu outra, acordei ainda de madrugada pensando um monte de besteiras, juro que tento desviar meus pensamentos mas as preocupações se aceleram dentro desta minha cachola, bem ! mas não vou ficar lembrando de coisas ruins, tenho planejamento de continuar a labuta até sábado, só estou receosa de ficar sem impressão digital na hora de sacar dinheiro no caixa eletrônico, hoje usarei luvas para que isto não aconteça.
Daqui á pouco começo meu serviço, um cômodo por vez, e vamos que vamos....ontem revi algumas fotos de álbuns antigos, pensei em fotografá-las com o celular mas deixei pra lá, outra hora  quem sabe, quando tiver tempo ocioso disponível, ontem também organizando as gavetas encontrei uma calça branca de uns seis anos atrás, olhei pra ela e achei pequena mesmo assim resolvi experimentar e não é que serviu, tudo bem que eu a preenchi completamente e não teve nenhuma sobra, (a bunda continua grande, acho que antes de vir ao mundo entrei na fila da bunda umas três vezes rsrsrss) mas só o fato do zíper fechar me deixou contente, aproveitei para encurtar a barra e vou usá-la no domingo, bobo isso não é ?! mas pensa, são poucas pessoas que conseguem depois de seis anos vestir a mesma calça, é ou não é ?! Vou ficar com as minhas bobices e os meus supérfluos e falando em supérfluo preciso marcar com a dermato pra dar um jeito na minha pele. Vaidosa eu ??? Imagina !!!! Não me condene, depois dos sessenta a escada só desce e é muito ruim descer, acredite, melhorar é preciso ! rsrsrsrssss Sou este ser imperfeito cheinha de defeitos ! Meus sais !!!

*Bora bora trabalhar que a gente ganha mais né ?

terça-feira, 4 de agosto de 2020

"Tá tudo Diferente"

Eu não sei o que eles fizeram mas está tudo diferente no formato do Blog.
Esquisito isso !
Acostumamos de um jeito e quando algo muda, pronto, fico meio perdida, até acostumar demora um pouco. Acho que isto acontece com qualquer mudança na vida, mudar e acostumar com as mudanças é difícil e demorado.
Eu ando por aqui me ocupando o máximo que consigo, muitas vezes me canso mas nada como uma boa noite de sono para me recuperar e começar a labuta no dia seguinte.
Ainda estou na lida, passando pente fino, limpando a fundo esta casa, organizando armários, gavetas, louças, azulejos, sabe como é, serviço demorado mas que estava precisando. Não sou fanática por limpeza, na maioria das vezes faço vista grossa, sei que é necessário mas a pouca vontade e disposição pra pegar no pesado me faz protelar, aí vou adiando adiando adiando até que chega uma hora que é tão visível e irritante que não dá mais para protelar. É aí que viro perfeccionista e chata, ninguém faz o milagre pela metade, se for pra fazer tem que ser por inteiro, me atenho as minúcias por isso demoro dias pra concluir uma boa limpeza.
Reparei numa coisa, antigamente quando me propunha a organizar eu separava um monte de coisas que não usava e fazia questão em doar, e ultimamente não estou conseguindo fazer este exercício do desapego, fico pensando o que isto quer dizer e o que pode sinalizar de errado na minha vida, penso e não sei responder, sei que está errado mas não sei como resolver, não quero desapegar de nada e pronto.
Esquisito isso !
Queria falar sobre outro assunto (##) mas não vou conseguir, não por hora, não por agora, não por enquanto.... Tô assim... começando a ficar triste, mas não devo, por isso vou me ocupar, distrair a cabeça...
Domingo é Dia dos Pais e há o que planejar.... como diz a letra da música "...calma, o mundo precisa de pausa..." Também estou precisando !


Esclarecendo : Estas mudanças as quais me referi estão dentro das configurações de postagem, quanto a página do Blog aberta ao público este sim continua igual. Ufa, menos mal !

domingo, 2 de agosto de 2020

"Ausência" (20/06/2020)

Ontem o outono partiu
E me vi só
A brisa leve
Levou consigo as folhas secas
Desertando minha alma vazia

Ontem o outono partiu
E a vastidão tomou conta
Da tua ausência
Sombreando meus olhos
Manchas de um inverno
Intenso com  hora
Marcada pra chegar
Forjando à ferro
A minha pele na tua pele
Já sem vida
Por que ?
Por que não vistes o inverno chegar
Aqui comigo ?
Lograste-me esperanças tardia

Ontem o outono partiu
roubando-me a alegria
No peito lágrimas vazias
Ah ! se tudo coubesse dentro de uma única estação
O inverno jamais se atreveria !

Ontem o outono partiu
levando consigo
a melhor parte de mim
sigo em frente
mais uma vez
E de novo e tão só
quanto sozinho foi
Tua partida.



*Fiz esta poesia em 20/06/2020 pensando na dor de um amigo que perdeu o seu amor enquanto o outono se despedia.
Só tive coragem de postá-la hoje, achei que pudesse ser melhorada, ou não, talvez ela devesse ficar assim do jeitinho que foi escrita por isso publiquei ... Amigo(##), desculpa se me atrevo.