sexta-feira, 25 de novembro de 2022

"Saco Cheio!"

 As vezes as coisas parecem tão bobas e sem sentido, mas eu acho que isto tem a ver com nosso estado de espírito, deve ser a mesma coisa que olhar para um dia de sol quando se está deprimido ou quando vemos as pessoas rirem quando sentimos dor, não faz sentido algum porque simplesmente não faz.

É horrível nos sentirmos assim.... penso...por que incluí mais gente neste meu pensamento será que é porque de alguma forma as pessoas são previsivelmente iguais?

Quem é que já não esteve com o saco cheio de tudo, entalado com algumas pessoas e com aquela vontade enorme de chutar o pau da barraca ?!

A gente só não pode deixar estes maus sentimentos nos contaminar (anjinho falando) mas vem cá, quem aí se candidata a "madre Tereza de Calcutá ?", eu hein ?! Sai fora ! (diabinho se revelando) Eu preciso me permitir estar de saco cheio com ódio encarnado de alguns...mas quer saber ? o pior de tudo é quando essa raiva é da gente mesmo, já sentiu vontade de se estapear por alguma coisa que você fez ou falou ou o contrário ? Eu já, várias vezes, por isso mesmo tenho raiva de mim ...

Fico sempre na dúvida se me mantenho "a lady" plácida, com cara de paisagem, do tipo nada me afeta ou "a ogra" desvairada que não tem papas na língua e fala as verdades na cara.

Peraí... de que adianta você se indispor com as pessoas, por mais erradas que elas estejam se é você que rasga, serão elas as coitadinhas e você a vilã da história.

Então quer saber ?! Foda-se ! Foda-se eu, Foda-se tu, Fodam-se eles...

As coisas ficam como estão, as pessoas como são, eu me faço de desentendida e mais tarde eu me estapeio, tá bom assim ?!

Tá bom uma ova ! Pode até ser assim mas nada vai esvaziar meu saco cheio !



sábado, 19 de novembro de 2022

"Continuando o nosso papo..."

 Olha eu aqui outra vez !

Sobre as coisas que ando fazendo.....

Academia pelo menos três vezes por semana, as vezes até mais, aula de canto toda segunda-feira, meu corpo agradece e minha ansiedade também, passei a me alimentar melhor sem aquela neura de engordar, fiz as pazes com meu corpo e me sinto menos "encanada" com essas bobagens.

"Mens sana in corpore sano"

*

Também ando costurando, desenterrei a máquina de costura e ando praticando...pra falar um pouco mais sobre isso vamos do começo....

Minha vó Felicidade, mãe do meu pai era costureira e desde muito pequena gostava de acompanhá-la em suas tarefas, depois de maiorzinha minha mãe percebeu minhas habilidades e me matriculou num curso de corte e costura, nesta época eu tinha por volta de uns 13 anos e nem sabia direito o que queria da vida, o tempo foi passando e não priorizei a costura o mais próximo que cheguei dela foi como modelista na rua São Caetano, conhecida como "Rua das Noivas" desenhava vestidos de noiva para mocinhas chatas e deslumbradas mas, este trabalho não deu muito certo não e acabei saindo de lá para fazer outras coisas na vida. Só bem mais tarde retomei a costura, depois de ter meus dois filhos e esta proximidade foi mais por precisão, visto que a situação financeira era difícil e fazer as roupas em casa era bem mais barato que comprá-las prontas, aí a situação financeira foi melhorando ao passo que a costura foi sendo esquecida. O tempo foi passando e nunca tive aperto para fazer uns consertos, fazer uma barra, pregar uns botões essas coisas bobas e corriqueiras, mas agora, depois dos sessenta, a vontade de costurar voltou com força total e passei a me dedicar um pouco mais, não por precisão e sim por satisfação, costurar exige muitas habilidades e mesmo sem saber muito da técnica ando correndo atrás. Esta semana aconteceu algo inesperado, aliás acho que era isto que eu queria contar... Estava me trocando no vestiário da academia e assim, do nada, uma senhora me perguntou se eu costurava, pasmei, com tanta mulher ali, por que pra mim ? *curioso isso não é ?! Respondi que sim, que adorava costurar mas que era amadora, já descartando qualquer interesse, foi aí que veio a surpresa, ela me perguntou : "você quer uma máquina de overloque ?" Perguntei : "a senhora está querendo vender uma máquina de overloque ?" e com naturalidade ela respondeu :" não, estou doando". Resumindo a história, esta senhora é costureira profissional e resolveu se desfazer de sua máquina para otimizar o espaço em sua casa, a máquina não é nova mas está funcionando perfeitamente e adivinha qual foi minha resposta ?! "Sim, claro !" Por isso estou indo buscá-la hoje.

Todo mundo sabe que não sou muito "espiritualizada" e não acredito em muitas coisas mas este fato me fez parar pra pensar....não estava escrito na minha testa que gosto de costurar, algum sinal devo ter dado mesmo sem perceber, mesmo assim foi legal ela ter se dirigido à mim, fiquei feliz, não estava nos meus planos ter uma máquina overloque semi industrial,e acho de verdade que a senhora fez uma boa escolha pois além de usar a máquina com certeza cuidarei muito bem dela.

*alguma coisa conspirou ao meu favor (será ???)

Então bora lá, bora buscar a máquina, estou ansiosa para ver como é !!!!

Nunca costurei numa overloque mas, como dizia minha vó : "tudo na vida a gente aprende, ô se aprende !"



segunda-feira, 14 de novembro de 2022

"Olá ! Tem alguém aí ?!"

 Há dias tenho pensado em voltar a escrever....mas, ando sempre adiando...me pergunto : "Por que ?" e bem lá fundo eu sei a resposta....sei que talvez não me possas ler....não por não poder e também não por não querer...difícil me explicar não é ?! Mas é que bem lá no fundo o meu medo é de ter sido, por minha ausência, esquecida.... admito que estas coisas acontecem....é natural que aconteça...vago não é mesmo ?! É, eu ando assim meio vaga mesmo... cheia de reticências.... então eu posso falar das coisas que ando fazendo...são muitas sabia ?! Tenho acordado cedo todas as manhãs e me preparado para as atividades que de certa forma preenchem bem o meu dia, tudo planejado, porque é assim que eu quero que seja, planejado, previsto, sem surpresas, acho que chamam isto de rotina, eu procuro chamar de bons hábitos ou melhor, hábitos saudáveis, então me levanto às cinco e meia da manhã para começar os preparativos de como transcorrerá o meu dia...tem gente que vai dizer que sou doida, às cinco da manhã ?!?! faça-me o favor !!!! mas é cinco e meia da manhã mesmo !!! e não reclamo porque de verdade eu gosto, é o horário que me sinto bem. Em julho comecei as aulas de natação, fiquei cerca de um mês na piscina das crianças recebendo as instruções da professora, depois deste tempo fui promovida para a piscina dos adultos, quer saber como foi ? Primeiro nunca tive medo de água, e desde pequena aprendi a nadar "cachorrinho", sabe como é né?! aquele jeito de bater as pernas e os braços mas com a cabecinha pra fora, então isto já era por si só um bom começo. Nadar exige técnica, tem o jeito certo pra se movimentar e também para respirar, o difícil é sincronizar, mas com os treinos e a prática vamos tentando melhorar....Normalmente neste horário da manhã as cinco raias ficam ocupadas, algumas com até duas pessoas dividindo o mesmo espaço, raramente os novatos ficam acompanhados, com certeza pela falta de destreza. Houve um dia que éramos exatamente cinco pessoas naquela piscina, uma senhora com problema nos dois joelhos, um rapaz com um problema na perna devido a um acidente de moto, uma mocinha japonesa na casa dos trinta. Esta três pessoas que acabei de descrever praticam natação há um bom tempo e por sinal mesmo com suas limitações nadam muito bem, nas outras duas raias restantes eu e uma outra colega também iniciante, bem vamos destrinchar o que eu vejo.... as pessoas que sabem nadar são leves, os movimentos são compassados, a respiração parece fluir sem esforço, é tão bonito de ver, parece uma dança...quando olho pro lado e vejo minha colega novata nadando é engraçado, as braçadas são afoitas, a cabeça não se inclina naturalmente e a respiração é aflita, parece de verdade que a coitada está se afogando, daí eu me olho, sim, porque se tem uma coisa que eu sei fazer é ser crítica principalmente de mim, por isso tento me corrigir o tempo todo pra não parecer com a fulana que se afoga mas em compensação estou longe de atingir a desenvoltura dos outros nadadores, e assim vou dando as minhas braçadas e procurando melhorar minha performance, já pensei em pedir para a professora me filmar no celular, mas tenho vergonha de pedir e outra tenho medo de me ver pior que a parceira da raia ao lado...é, seria mesmo muito frustrante, melhor ficar quietinha e continuar treinando...Depois da natação vem a hidroginástica, é bem divertido e animado. Saio da piscina com os dedinhos enrugados, depois de um banho gostoso vou pro andar de cima, na musculação...aí você vai questionar : "ué ! primeiro nada e depois sua ?! sim, tem que ser assim, pra ser, se fosse o contrário eu não conseguiria...Bom, isto é uma parte das minhas atividades, há outras mas acho que vou deixar pra contar outra hora...se não da próxima vez é capaz de não ter assunto....pois é ?! Será que vai ter alguém pra ler ?! ou vou ficar com a cabeça virada pra dentro do poço gritando pra ouvir o eco : oláááá ! Tem alguém aíííí ?!?!?!

sábado, 1 de outubro de 2022

"Início do Tratamento 30 de Setembro 2022"

 Notícia Boa : Minha mãe não precisará fazer a radioterapia, não por questão de escolha e sim por questão da idade. Bom ?! Ruim ?! Não sei. Estou querendo acreditar ser esta uma notícia boa. Ao invés da radioterapia foi receitado um remédio chamado Arimidex princípio ativo Anastrozol que é específico para casos de câncer de mama, o problema são os efeitos colaterais, algumas pessoas chamam esta medicação de quimioterapia via oral e deverá ser ministrada ininterruptamente por cinco anos. O problema são os efeitos colaterais, será que vamos conseguir ameniza-los ? Sem resposta... quem lê bula não toma remédio mas este, infelizmente, não pode e não deve ser ignorado.

Difícil mas, é o que temos que encarar, estou tentando arrumar uma fortaleza que nem sei se tenho ou se anda escondida....ou se, aos poucos terei que construir.....

Preciso me agarrar a ideia que tudo vai dar certo e que se adaptando as coisas voltarão a um "novo normal".

Então é isso, cabeça erguida, bola pra frente.

sábado, 17 de setembro de 2022

"A Espada de São Jorge e Dona Clarice"

 As vezes as lembranças chegam da maneira mais estranha.

Saí para passear com os cães e no meio fio da calçada me deparei com uma folha chamada espada de São Jorge, se vê que algum vizinho deve ter feito uma poda no jardim e um pedaço da planta ficou pelo caminho (meu caminho), imediatamente lembrei de dona Clarice.

Dona Clarice era professora titular do "Grupo Escolar Prof. Theodoro de Moraes", onde concluí o curso Primário. Ao olhar de uma criança sua aparência era bem esquisita, dona Clarice era alta, bem alta, e sua magreza aflitiva, sua pele era escura mas não era negra, seus cabelos na altura do pescoço lhe cobriam as orelhas, eram escuros e encaracolados, mas o mais engraçado era a boca, não sei se devido a magreza era chupada e pra dentro e ela falava estranho, muito rápido, meio que atropelando as palavras, andava de salto saia e lenço no pescoço, exalava talco ou perfume, não sei, mas cheirava bem,  também não sei por quê sempre relacionei a aparência da dona Clarice a galinha de Angola, não por maldade mas por semelhança mesmo.

Além de professora da quarta série primária, dona Clarice era grande amiga de meu pai, o que não nos trazia nenhuma vantagem, ao contrário, segundo suas ordens podíamos ser castigadas se não cumpríssemos com nossa obrigação.

Naquela época o curso primário finalizava na quarta série e passar pelas mãos da temida dona Clarice era  certeza mais do que absoluta.

Minha irmã mais velha foi a primeira a passar pela temível experiência.

Tudo transcorria dentro das normalidades visto que minha irmã era muito mais inteligente do que eu, até que um dia dona Clarice solicitou que ela fosse ao quadro negro escrever um texto, muito obediente e com o giz em mãos começou a escrever o que a professora ditava, contudo pela falta de experiência, suas letrinhas que acompanhavam a altura dos olhos foram subindo desapercebidamente até que se viu na pontinha dos pés tentando terminar a frase que lhe fora ditada, foi quando sentiu, assustada, uma chicoteada nas pernas, era dona Clarice que a repreendia com uma folha de espada de São Jorge nas mãos. Não sei se minha irmã chorou mas acredito que deva ter se sentido muito envergonhada, também não me lembro se fiquei sabendo desta história por minha irmã ou se a própria dona Clarice contou para o meu pai, o que ficou dentro de mim foi uma mistura de revolta com um medo danado de chegar à quarta série e também ser humilhada.

Bem, passei pela dona Clarice sem incidentes, no meu diploma de quarta série a nota média foi razoável, nunca fui boa aluna como minha irmã e graças á Deus nunca me pediram para escrever na lousa, o vaso com água que acomodava as Espadas de São Jorge fazia parte da decoração da sala de aula, marca registrada da dona Clarice que frequentava o Centro de Umbanda com meu pai, adivinha de onde vinham as espadas de São Jorge ?!

Pois então, aquele ano foi seu último ano como professora no Grupo Escolar, logo em seguida se aposentou, dizem, e eu acredito, que, por ser seu último ano, ela afrouxou, que sorte a minha !

Espadas de São Jorge sempre me lembrarão de Dona Clarice.


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

"Temos uma Data"

 Temos uma data e esta data é amanhã, dia 8 de Setembro.

Na realidade a cirurgia da minha mãe aconteceria dia primeiro de setembro mas a pedido do médico foi adiada para uma semana depois, motivo ? Segundo ele, outro caso que exigia mais urgência teria prioridade.

É, existem casos piores e mais urgentes por isso temos que ser "pacientes".

Não foi rápido e nem foi fácil esperar, quer saber como lidei com minha ansiedade ? Vou contar....

A academia me ajudou, tentei me dedicar ao máximo me mantendo focada em todas as atividades, eu já falei que estou aprendendo a nadar ? Sim, verdade, depois de madura resolvi aprender natação e estou amando, devo dizer que não é fácil, é preciso muita concentração e coordenação e, combinar isto é muito difícil, mas não desanimo, sou persistente e tenho convicção que a desenvoltura chegará com minha dedicação aos treinos.

Como sou iniciante faço as aulas na piscina das crianças contudo nestes dias mais frios éramos dois gatos pingados então fui desafiada pela professora a fazer alguns treinos na piscina olímpica. A princípio me senti extremamente insegura mas com a prática o meu corpo foi tomado por uma exaustão maravilhosa.

Estar ali me desliga do mundo.

Outra opção foi me dedicar a costura. Tenho costurado bastante, procuro me distrair com os desafios da modelagem, às vezes o que é aparentemente fácil, na prática é o contrário, vão surgindo as dificuldades e eu, todo mundo já sabe, sou aquele "ossinho duro de roer". Não, não desanimo, erro, desmancho, refaço, erro de novo, refaço mil vezes e bem ou mal concluo o meu trabalho. 

Depois de finalizado há uma recompensa, uma sensação boa de que fui capaz e consegui.

E são essas coisas que tem me ajudado.

Só não tenho me dedicado a leitura e nem sei o por quê, gosto tanto de ler.... precisaria me propor e me aplicar, a leitura é um hábito e fico triste comigo mesma por deixá-lo em outros planos. 

Até mesmo escrever aqui no diário ficou um tanto esquecido. Precisava voltar.... mas calma, tudo ao seu tempo... se eu me programar tenho certeza que vou conseguir, eu só preciso continuar acreditando em mim.

Entonces, bora lá, bora fazer, bora que dá !

Espero que amanhã tudo corra bem e que esta fase não tão boa não demore muito pra passar.

Há dois anos tínhamos a passagem marcada para primeiro de Setembro rumo á Lisboa, tenho fé que em primeiro de Setembro do ano que vem estejamos embarcando...

Eu quero muito acreditar.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

"Você tem que mudar esse seu jeito, se não..."

 Alguém já lhe disse; " Você tem que mudar esse seu jeito se não...."

Eu já ouvi mas, não consigo entender ou não sei entender porque talvez não saiba mudar mas, por que tenho que mudar o meu jeito ? Não é o meu jeito que diz quem eu sou ? E quem eu sou ? Alguém que tem que mudar para ser aceita por alguém que diz 'você tem que mudar esse seu jeito"?! e esse "se não ?!" Se não o quê ?! (Se não você vai sofrer). É uma previsão ? Uma afirmativa ? Uma Praga ?! Se não o quê ?!

Eu sempre relevo, eu sempre desculpo as pessoas que me magoam, penso que talvez elas tenham uma amargura dentro delas que justifique suas atitudes.

Eu não sei ser hipócrita, se alguém me magoa não sei revidar e nem quero mas, dá pra esquecer ? Dá pra perdoar ?

As pessoas pensam que sou ruim porque sou dura nas palavras, sim, sou mesmo dura com as palavras, não tenho trato, não tenho jeito, também magoo sem intenção de magoar.

Não sou emotiva. Emoção demais atrapalha. As vezes as pessoas fantasiam emoções que nem sentem daí  ficam vulneráveis e fracas para parecerem boazinhas, carentes, afetivas.....

Pra me comover precisa atingir os meus sentimentos mais profundos, mas eu tenho esta capa dura, quase que intransponível.

Será que eu tenho que ser diferente ?

Será esta a mudança que esperam de mim ?

Será mesmo que eu sou assim tão ruim ?!



 

domingo, 24 de julho de 2022

"Ponto de Vista"

 Poucas vezes me sinto grande.



Outras vezes me sinto insignificante.



Muitas vezes me sinto como se não existisse.



É doloroso este sentimento de invisibilidade, como se você não fizesse diferença aqui nem em lugar algum, mas vem cá, fazemos a diferença na vida do outro ? 



Penso.... 



È !



 Acho melhor não pensar....






sábado, 23 de julho de 2022

Resultado da Biópsia

 O resultado da biópsia saiu no dia 12 de julho mas não tive coragem de abrir, fiquei com ele até o dia da consulta, então no dia 19 de julho, a própria médica mastologista abriu e leu o resultado para nós.

Digo que não foi surpresa para mim, o temível 80% prevaleceu e o meu lado cético, aquele que não acredita em milagres me deixou com os pés fincados no chão ouvindo atentamente os próximos procedimentos.

Será preciso retirar um quadrante da mama e um fragmento da axila para uma nova biópsia, este é o primeiro passo, depois, segundo a médica, radioterapia e um remédio que deverá ser ministrado por cinco anos.

Os exames pré-operatório já estão todos prontos, então precisamos da avaliação do anestesista e posteriormente, com o laudo em mãos, o cirurgião nos dirá como e quando será feita a cirurgia.

Ando tensa e apreensiva, repetindo dez milhões de vezes para a minha ansiedade que tudo acontecerá no seu tempo e que é preciso ter calma e ser confiante.

Creia e confie, tudo dará certo.

Mas no meio disso tudo os meus medos tentam se esconder na minha frieza de encarar a realidade .... penso : um passo por vez, amo minha mãe e por ela farei o meu melhor.


terça-feira, 5 de julho de 2022

"5 de Julho - Biópsia"

 Ok.

Eu deveria sim ser uma pessoa mais racional, deveria mas não sou.

Não está sendo fácil pra mim descrever este dia, e ele mal começou.

Acordei às quatro e meia da manhã e não consegui voltar a dormir, perambulei e aqui estou.

Meu desejo era ter um dia normal, ir para hidroginástica e emendar com a musculação, queria fazer algo que exigisse o máximo do meu corpo que me fizesse suar até me prostrar de exaustão.

Ficarei apenas com a musculação.

Mais tarde tenho compromisso, levarei minha mãe ao hospital para fazer uma biópsia, aparentemente um procedimento simples, pelo que me explicaram apenas uma anestesia local e a introdução de uma agulha para capturar um minúsculo fragmento altamente suspeito localizado no seio esquerdo.

Nada será feito sem diagnóstico.

Tudo me aflige, o procedimento, a espera angustiante, o diagnóstico e o que virá depois.

As coisas são aparentemente confortáveis até que seu mundo vire de cabeça para baixo.

Onde está a minha fortaleza ?

Na minha aparência, somente na minha aparência, por mais que eu esteja desmoronando não posso, não devo e não vou deixar transparecer porque é assim que tem que ser.

O meu consolo é este diário, aqui vou poder despir a minha alma, chorar, gritar, esbravejar, maldizer, me arrepender, me redimir, desfalecer.

Tenho 20% de chance para respirar aliviada e 80% para cair no desespero, estatística cruel e injusta, talvez se eu fosse mais espiritualizada mas, sou horrivelmente realista, eis a minha desgraça !

sábado, 11 de junho de 2022

"Até um Dia, Até Talvez, Até Quem Sabe !"

 Hoje é sábado.

São 7:27 da manhã.

A temperatura está baixa mas, não ando sentindo tanto frio.

As 16:00 hrs meu irmão estará partindo para Portugal, ele e a esposa irão morar lá.

Já me despedi dele na quinta-feira.

Desejo o melhor para o meu irmão.

Penso na minha mãe e me coloco em seu lugar.

As pessoas dizem que a tecnologia nos aproxima e que vamos poder vê-lo em chamadas de vídeo mas, de verdade, não é a mesma coisa.

Ela sentirá saudades mais do que todos nós.

Ela é mãe.

A ausência pela distância também é sentida, aliás toda ruptura é.

Isso me fez lembrar quando meu filho mais velho saiu de casa.

Naquela manhã fui levá-lo ao metrô e o vi se distanciar com o coração apertado pois sabia que naquela noite ele não voltaria mais para casa.

Nem sei como consegui voltar pra casa dirigindo, os olhos embaçados pelas lágrimas não me deixava enxergar nada.

Quando voltei abri a porta do seu quarto e vi a sua cama vazia.

Não dá pra descrever o tamanho da tristeza e da dor.

Me atirei em sua cama e chorei de soluçar.

Chorei o tanto que não houvesse mais lágrimas para chorar.

Fui me acalmando e tentando me consolar.

Era uma partida, doía meu coração mas, eu poderia vê-lo em outras ocasiões.

Penso na dor das mães que perderam seus filhos e que nunca mais os verão.

Não consigo imaginar a dor....

Volto a pensar na minha mãezinha, com sua sabedoria ela vai superar essa ausência e vai poder vê-lo através das chamadas de vídeo, talvez não seja o desejado mas será um conforto saber que ele estará bem.

Vá confiante meu irmão, siga o caminho que escolheste com alegria, não tema, estaremos aqui torcendo muito por ti.

Te amamos muito !

Até um dia ! 

Despedida 09 de Junho 2022


sábado, 4 de junho de 2022

" Sabe "

                      

 Sabe quando você não sabe e nem quer saber

E finge que não sabe, mas sabe que deveria saber

Sabe quando você sente falta e nem sabe do quê

E quer fugir pra algum lugar bem longe

Sem onde e nem por quê

Pode ser aqui no planeta, ou quem sabe no espaço

Algum lugar sem regras, sem muros, sem régua e compasso

Sabe quando o "quando" decide saber que não sabe

E o "como" se pergunta como... Ainda não sabe ? Sabe ?!

Sabe, e se sabe, não diga, não quero saber

Todo mundo sabe tudo, mas não sabe, como deve fazer

Pode ser aqui no planeta, ou quem sabe no espaço

Algum lugar sem regras, sem muros, sem régua e compasso

Sabe quando a gente sabe...

Que nada sabe...


*Composição de Tom Corte


Sabe aquela letra que fala um pouquinho do que sentimos ? Sabe ?!

Coloco ela entre as minhas preferidas. O vídeo é uma graça, procura ele no Youtube.

Tom "Sabe" mesmo fazer boas composições !!!



quinta-feira, 2 de junho de 2022

"Aleatório"

 Tudo bem não estar nada bem, tudo bem se achar diferente, tudo bem se autoestima anda baixa, tudo bem se não cumpri a tarefa, se não me expressei direito, se entenderam tudo errado, tudo bem me sentir chateada, tudo bem me sentir ignorada, tudo bem ser patética, infantil, deslocada, tudo bem.... desfoca, você não é o centro do universo, não olhe só pra dentro, olhe pra fora, foca em qualquer coisa, aguce os teus  sentidos....entenda que está tudo bem não estar nada bem, acontece, de vez em quando acontece, o bom é que passa, não sei o dia, não sei a hora mas passa, então de verdade, tá tudo tudo tudo bem, será ?!

quinta-feira, 19 de maio de 2022

"O Lugar" - Annie Ernaux

 Sexto livro do ano mas, de verdade, não era pra ser e, vou explicar o porquê.

Estou as voltas com um livro de um pouco mais de 700 páginas, novamente um autor oriental, mas me perdi logo no começo da leitura, não que o livro não seja bom, ao contrário, a história é bem instigante, quase um suspense mas, talvez o fato dele ser tão volumoso tenha me desanimado foi quando me chegou este livro da autora francesa Annie Ernaux de um pouco mais de 60 páginas, daí pensei, talvez uma leitura rápida me ajude a retomar a leitura anterior e foi exatamente o que fiz, então vamos falar sobre o livro que acabei de ler.

"O Lugar" pelo título você imagina que possa ser uma região ou um ponto qualquer do planeta, mas a referência não é esta que eu ou você imaginamos, este, "O Lugar", diz respeito ao papel social que o pai da autora ocupou neste mundo quando vivo.

Então vamos lá... É difícil falar de um livro que não me agradou. Agora há pouco ouvi do filósofo Leandro Karnal que é bom quando a leitura do livro não te agrada pelo fato que isto te ajuda a fazer vários questionamentos....bem, mas também não quero filosofar sobre isto, vou dar apenas o meu parecer e ponto.

Não gostei do livro, fato, o livro me incomodou e vou tentar expôr meus motivos, reforçando que sou apenas uma leitora sem parâmetros para críticas literárias.

Achei frio, e a autora quis ser fria, ela mesma, a princípio fica em dúvida como biografar o relacionamento dela com o pai e opta por esta frieza total de narrar os fatos de uma maneira quase que jornalística de tão imparcial.

Eu sou uma pessoa que gosta de sentimento, de emoção, de verdade, com certeza haveriam passagens nas quais me identificaria e talvez até me fizesse chorar mas a frieza dela me abalou me fez sentir fria também.

A própria autora afirma que sua escrita é política, o que justifica sua narrativa sociológica sobre suas relações familiares com o pai principalmente no que diz respeito a sua classe social, muitos denominam sua obra como autossociobiografia, não sei se gosto deste termo também.

Enfim, não vou me estender, leiam o livro, o que pra mim não foi bom pode ser o oposto pra você.




terça-feira, 17 de maio de 2022

"Pit Stop"

Olá !

Eu vou fingir  que acredito piamente que você estava ansioso por notícias minha, vou fingir também que acredito que você é real.

Estou no grau máximo da minha ansiedade... a tristeza tomou conta de um jeito que se transformou em dor física, os maus pensamentos não querem me deixar e eu nem sei por que estou me deixando levar.... me vejo como se fosse um barco à deriva em alto mar, 360 graus de horizonte mas sem nenhuma perspectiva de alcançar a margem... nada.

Não me sinto vazia ao contrário me sinto lotada de maus presságios, maus pensamentos...alguma coisa que me sufoca...Talvez o nome disso seja medo... talvez seja outro nome... não sei.... aliás o que é que eu sei ? Nada, absolutamente nada.

A minha fuga é me obrigar a fazer as coisas como se o meu cotidiano fosse sempre o mesmo, sem surpresa ou alteração, faço o que é preciso ser feito e acredito que se não o fizer as coisa irão piorar ainda mais....não é uma obrigação é uma necessidade...

Desculpa ! Talvez outra hora eu consiga me explicar melhor.... por aqui eu fico....que pena que você não é real, poderia me dizer coisas boas.... não, não poderia, não há o que dizer.....


quinta-feira, 14 de abril de 2022

"Descobertas"

 Olá !


Faz tempo não faz ?!


Sim, já tem um bom tempo que não escrevo....poderia citar inúmeras desculpas, falta de tempo, falta de vontade, falta de propósito... enfim, acabei descobrindo que os meus horários mudaram e por conta disso, forçosamente terei que me readequar. Sempre gostei de escrever pela manhã, acho que os pensamentos estão mais frescos dentro da minha cabeça, me sinto mais lúcida mas, de acordo com minha nova rotina esta sendo impossível escrever no horário matutino, por isso estou aqui agora.... nem sei se darei conta mas me proponho a tentar.

...eu te proponho na madrugada você cansada..... música do Roberto Carlos... letra primorosa...me lembra alguém... bem ! deixa pra lá !

Tenho acordado cedo todos os dias, levantar as seis da manhã já faz parte da minha rotina, não reclamo, até gosto, sou tão produtiva neste período, faço tudo com calma... meu café, o passeio com os meus Pets, às oito horas da manhã estou dentro da piscina, faço hidroginástica e também estou aprendendo a nadar, verdade ! porque até então só sabia bater os braços e agora estou aprendendo a controlar a respiração, sim, a parte respiratória é muito importante, estou no começo e aprender mesmo que tarde sempre é bom, ah ! também tenho feito musculação e por incrível que pareça para alguém tão preguiçosa como eu estou surpreendentemente adorando, as séries são bem puxadas, estou dando o melhor de mim, desafiando os meus limites e assim vou preenchendo minhas manhãs, por isso meu horário de escrever mudou.

Ultimamente também tenho costurado, gosto de modelar cortar e costurar roupas para mim, deveria ter sido estilista rsrsrsss....ah ! e a leitura que não deixo passar, estou sempre as voltas com algum livro de meu interesse... cuido da casa, enfim.....

Há alguns dias meus pensamentos não são bons, penso um monte de coisas ruins, nem sei explicar o que desencadeia estes sentimentos que me põe pra baixo, o que eu sei é que estou me agarrando a esta nova rotina justamente pra não pensar muito, mesmo assim é difícil.... bem ! deixa pra lá ! falei demais e coisas tão sem importância, tão inconsistentes....mas é um começo e o importante é começar, seja bem ou seja mal.

Bom, se eu disse "Olá" devo também me despedir "Boa Noite ! e Até !"

domingo, 20 de março de 2022

"Moby Dick" - Herman Melville

 Olá ! Hoje estou aqui para falar de um livro que acabei de ler, Moby Dick de Herman Melville, um livro extenso que merece uma resenha na mesma proporção.

O livro é narrado em primeira pessoa e o personagem que lhe dá vida é Ishmael um jovem em busca de novas aventuras e, desta feita, escolhe o mar como destino onde acaba embarcando num navio baleeiro, o Pequod, cujo comando pertence ao capitão Ahab um homem amargurado, que anos antes fora mutilado de um de seus membros num confronto quase fatal entre ele e Moby Dick, um cachalote de proporções gigantescas.

A princípio todos os tripulantes do navio acreditam estar numa missão meramente comercial buscando capturar o maior número de baleias com o único propósito de lhes extrair o espermacete, substância cerosa muito valiosa, mais conhecida como óleo de baleia mas, é apenas no meio da viagem que todos são surpreendidos com as declarações do próprio capitão Ahab que, possuído pelo ódio, convence sua tripulação a deferir pra si o seu desejo cego de vingança, sentenciando a todos ao mesmo fatal destino.

Bem ! O livro é permeado pelas descrições do cotidiano do navio, sobre tudo as coisas que dele pertence, contudo sua narrativa é instigante, nada tediosa, nos traz a curiosidade daquele pequeno universo até então desconhecido, o que nos proporciona as informações necessárias para as cenas mais impactantes.

Outro ponto de vista diz respeito ao período em que a obra foi escrita, 1851, época que não havia recursos suficientes para tamanha precisão em detalhes, só mesmo através de muito esforço e pesquisa para descrever e relatar a anatomia e os hábitos destes imensos cetáceos, além do seu abate e a descrição precisa na extração do espermacete e tudo quanto dele pudesse ser utilizado. É realmente algo que me impressionou muito !

A leitura foi extensa e tive o prazer de desfrutá-la com calma. Um pouco mais da metade do livro, ainda movida pela instigante história, senti vontade de procurar o Filme para assisti-lo mas, prevendo minha decepção consegui me conter e, resolvi fazê-lo apenas ao término da leitura.

Como é de se esperar todos grandes best-sellers acabam se transformando em filmes e, Moby Dick não fugiu a regra, procurei na Internet e encontrei algumas adaptações, escolhi a que melhor se adequou para o meu gosto e minhas expectativas, a versão de 1998 com direção de Francis Ford Coppola. Confesso que o filme não me decepcionou, até achei bom, os atores personificaram fielmente os personagens do livro, os diálogos foram reproduzidos com qualidade e sensatez mas, duas horas e vinte minutos de filme não foram suficientes para explicar uma obra tão extensa portanto, se você quiser emoção pra valer, aquela de tira o fôlego, tem que ler o livro ! Então o conselho que dou é o seguinte :  Leiam o livro Moby Dick de Herman Melville ! Pode demandar tempo mas creia, o enriquecimento cultural proporcionado por ele valerá cada segundo dessa maravilhosa viagem.

Proponho : "Venham embarcar com Ishmael no Pequod !"




 



sexta-feira, 18 de março de 2022

Olá !

 Olha eu aqui !


De volta !


Enfim !


Não, não fui eu que me ausentei, aliás estou sempre por aqui.


Quem se ausentou foi a CPU, a danadinha foi pro conserto, agora tá tudo bem.


Quando fico um tempo sem escrever a impressão que tenho é que perco a mão, melhor dizendo o jeito mas, aos poucos vou me adaptando.... será que a palavra é essa ?! Acho que não.... bem ! deixa pra lá ! Bem vinda de volta dona Silvia ! Bom recomeço pra senhora !


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terça-feira, 1 de março de 2022

A História da Família "Coelho"- Parte XVIII


"O Casamento"



O casamento de Ayda e Virgílio aconteceu no dia 21 de Dezembro de 1957 na igreja N.Sra de Lourdes.

Foram padrinhos de casamento, Justiniano, irmão da noiva e Maria do Céu, a tia que tanto os ajudou no começo de namoro, Elza, a irmã caçula, foi sua "daminha de honra".

Para comemorar o evento fizeram uma grande reunião familiar na casa dos pais da noiva, festa que atravessou madrugada adentro.

Não houve viagem de Lua de Mel pois a situação financeira não propiciava tal luxo.

Após o casamento foram direto para casa que haviam alugado, um cômodo e cozinha entre a casinha dos pais de Virgílio e a casa da proprietária Maria do Céu, as três casas no mesmo quintal.

Quando chegaram os noivos se separaram; enquanto Virgílio foi para o quarto fazer sua toalete a noiva foi se preparar para a noite de núpcias na casa de sua tia Céu, visto que o banheiro da casa da frente era bem mais espaçoso o que lhe facilitava despir-se do volumoso vestido de noiva e vestir-se com a tão sonhada "camisola do dia" confeccionada em cetim branco e trabalhada em delicada renda.

Quando chegou ao quarto encontrou o noivo dormindo, o cansaço, a bebida e as recomendações da sogra que lhe apontava o dedo o proibindo de tocar na filha dada as condições físicas desfavoráveis da noiva fez com que o mesmo, desanimado, caísse num sono profundo.

Aydinha ajeitou-se ao seu lado sem muitas expectativas dividindo, pela primeira vez, o seu leito com o marido e acabou adormecendo.

Acordou enevoada, abriu os olhos e se viu entre as nuvens, não sabia se estava sonhando até perceber do que de fato se tratava, a fumaça branca que tomava o quarto havia sido provocada pelo cigarro aceso que Virgílio, embriagado, deixou cair sem querer sobre o colchão.

Ambos ficaram assustados mas não houve pânico, apagaram rapidamente o fogo controlando a situação.

Aliviados por terem saído ilesos coube-lhes, posteriormente, fazer os reparos causado por tamanho descuido. 

O remendo do pequeno rombo ficou como lembrança por longos anos até se desfazerem do colchão.

Esta história nos foi contada e recontada inúmeras vezes e até hoje é lembrada com carinho como o primeiro grande evento na tão sonhada noite de núpcias dos meus pais.

Fotos do casamento :









......continua......





 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A história da Família "Coelho" - Parte XVII

 " O Namoro"

Depois de firmado o compromisso foi estabelecido as regras para o namoro e, estas mesmo que a contragosto, deveriam se cumpridas à risca sem objeção ou protestos.

A primeira delas dizia respeito aos dias e horários para o rapaz lhe fazer "a corte". Eram três dias da semana com o horário restringido das 19:00 hrs até às 21:00 hrs.

A segunda era que não podiam estar sozinhos em momento algum, por isso as visitas se davam na sala e eram acompanhadas de perto por um ou outro membro da família.

A terceira dizia respeito aos passeios fora de casa, muito raros de se acontecer mas, quando havia a oportunidade deveriam estar sempre aos cuidados de alguém.

E assim se passaram seis meses até que em 12 de junho de 1957 depois de trocarem presentes do dia dos namorados o casal se despediu pois Virgílio havia sido requisitado a prestar serviço na Baixada Santista. A viagem de partida aconteceu na manhã seguinte.

Enquanto Virgílio exercia sua função de soldado na cidade de Santos, a família se movimentava nos preparativos para o casamento previsto para o mês de dezembro. Durante este período os jovens se reencontraram uma única vez no dia 28 de Setembro por ocasião do casamento de Justiniano, irmão de Aydinha.



.......continua......

 



terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XVI

 Em junho do ano de 1956 Virgílio ingressa na Escola de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que outrora era designada Guarda Civil do Estado de São Paulo e só anos mais tarde recebeu este primeiro título que mantém até hoje.

Foram seis meses de curso usando a farda cáqui, exclusiva para os aspirantes, e somente após a conclusão do curso recebeu a farda oficial azul marinho.

Zequinha e Armando, o filho mais velho de Maria do Céu também fizeram o mesmo curso para soldado da antiga Guarda Civil, talvez incentivados ou inspirados por Virgílio.

Em dezembro de 1956 prestes a se formar, Virgílio, mais estabilizado e confiante no seu futuro resolve declarar o seu interesse por Aydinha.

Faltava uns dias para o Natal quando Aydinha retornando de um passeio com seus pais encontra sua tia Maria do Céu que lhe diz haver "algo" em sua casa endereçada a menina e que lá passasse mais tarde para pegá-lo, sem referir ao que se tratava.

Movida pela curiosidade, não demorou muito para que na casa da tia chegasse. Interpelada no quintal foi avisada que o tal presente se encontrava sobre a mesa da cozinha e que ela fosse pegá-lo.

Ao se aproximar viu uma caixa forrada de cetim cor de rosa, abriu-a com cuidado e dentro havia um cartão também de cetim almofadado com um coração em relevo, abriu suavemente o cartão e leu a mensagem carinhosa assinada por Virgílio.

Ela não fazia ideia que o cartão seria dele e mesmo surpresa se sentiu atraída por tão delicado presente, instintivamente ela fechou o cartão e amavelmente o levou ao rosto para sentir-lhe o cheiro e a textura macia e foi neste exato momento que se viu surpresa com a presença de Virgílio, muito sem jeito agradeceu e elogiou o cartão enquanto o mesmo se aproximava, tão perto que seu coração acelerou, ele a tomou em seus braços e sem dizer uma única palavra a beijou.

Após o beijo ele revelou suas intenções e pediu sua aprovação para pedi-la em namoro aos seus pais.

Na manhã de 8 de janeiro do ano de 1957 enquanto Silvano consertava a calha do telhado, Aydinha comunicou ao pai que Virgílio iria à casa conversar com ele. Intrigado o pai da menina respondeu a filha que não havia motivos nem assunto para conversar com o tal jovem. Muito temerosa pela reação do pai, elucidou-se que se tratava de um pedido de namoro, notícia recebida com certo desdem :"Tu és uma menina, mal sabes cuidar de ti e já pensas em namorar ?!"

Naquele mesmo dia a noite chegam á casa Virgílio, sua mãe dona Felicidade e seu pai Zé Coelho para formalmente pedir a jovem em casamento.

Como era de praxe, a requerida nunca se encontrava no mesmo ambiente em que se conversavam sobre seu futuro sendo chamada minutos mais tarde para saber se era de sua vontade aceitar o pretendente. Na frente de todos a moça foi inquerida pelo pai : "Tu gostas dele ?" Assentindo com a cabeça mal balbuciou um "sim" para alívio de todos os presentes. O pai muito determinado completou :"Não gosto de namoro choco, tu tens um ano para se casar". 

E assim foi firmado o compromisso.


















........continua........

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

"Persuasão" - Jane Austen

 Persuasão de Jane Austen, último livro da escritora britânica do século XIX e publicado postumamente.

O romance conta a história de Anne, uma aristocrata que quando jovem é persuadida pela sua esnobe família a desistir do seu relacionamento com o até então aspirante a capitão  Sir Frederick pelo simples fato do mesmo não ser possuidor de títulos ou bens materiais. Oito anos se passam até que ambos se encontram novamente a tempo de corrigir os erros do passado.

Bem ! resumidamente é isso !

Meu parecer.....

Nunca havia lido absolutamente nada de Jane Austen, a conhecia apenas pela fama de seus romances e da adaptação de alguns deles para a dramaturgia de peças teatrais, novelas e filmes.

Bom, nem preciso dizer que tudo que me causa grande expectativa é muito propenso a me causar grande decepção mas, faz parte da minha natureza, fazer o quê ?!

E foi exatamente isto que aconteceu... esperava mais do livro, a leitura até que foi rápida, de fácil entendimento mas a história, puxa vida, não saiu daquilo, um eterno chove não molha, fora as frivolidades dos personagens....meu Deus !!!! meus sais !!!!!!

De verdade não sei se me arriscaria a ler outro livro de Jane Austen, já assisti Orgulho e Preconceito e o filme por si é tão chato que fico imaginando como seria morno, chocho e sem graça ler o livro.

Penso que o de melhor que há é o fato da escritora ser uma mulher privilégio concedido aos homens no século XIX, e que, poucas mulheres conseguiram adentrar, parabéns a Jane Austen por tê-lo feito.

Nada mais a declarar.

4º livro do Ano 2022


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XV

 Para darmos continuidade na história da família Coelho é necessário esclarecer sobre a família de minha mãe, os "Marques".

Como disse antes minha bisavó Emília teve três filhas, Izabel Maria, Maria do Céu e Antônia, seu sobrenome de solteiras era "Maçorano" mas as três, depois de casadas adotaram o sobrenome dos seus respectivos maridos.

Portanto minha vó Izabel, depois de casada com meu vô Silvano adotou o sobrenome do marido passando a se chamar Izabel Maria Marques.

Também já foi dito antes que praticamente toda família estabeleceu moradia vizinhos uns dos outros e o convívio entre eles era diário.

Algumas casas foram herdadas e outras foram adquiridas e construídas pelo próprio esforço de cada família o que, de todo o jeito, os tornava muito próximos.

Era um grande clã de uma grande família.

Soma-se a isso os pequenos cômodos de quarto e cozinha que alugavam para pessoas que ao longo da vida também passaram a fazer parte da família, neste caso me refiro especificamente a família de meu pai, os "Coelho".

Então dando continuidade a história da Família "Coelho" paramos no ano de 1.956, mais precisamente com a morte trágica de tio Reinaldo, marido de tia Céu, cuja casinha dos fundos era alugada para dona Felicidade, Zé Coelho, Zequinha e Virgílio.


.........continua........



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XIV

 Depois de alguns anos trabalhando no lanifício surgiu a oportunidade para que Virgílio mudasse de área, foi então trabalhar numa firma chamada B.Santana que terceirizava serviços de manutenção em eletricidade e hidráulica passando a receber um salário um pouco melhor.

Com a remuneração garantida e as crescentes encomendas de costura da dona Felicidade conseguiram, com sacrifício, sair do porão em que moravam e mudar-se para uma casinha de aluguel na rua Marechal Barbacena que pertencia a dona Anastácia, imigrante russa que tinha duas filhas, Pholha e Eugênia.

Então só para nos situarmos um pouco melhor foi nesta fase entre 1.953 a 1.955 que Zequinha e Virgílio passaram a frequentar a Igreja e foi por volta dos seus dezoito anos que Virgílio namorou e noivou a jovem Germana.

Em 1.956 a família Coelho sai da casinha da rua Marechal Barbacena e passam a morar nos fundos da casa de Maria do Céu na rua Ana Camacho.

O relacionamento entre as Famílias se mantinha cordial e estável.

Em junho de 1.956 Virgílio é aprovado e ingressa na Escola de soldados da até então Guarda Civil do Estado de São Paulo, se preparando, em seis meses de curso, para exercer a profissão de policial.

Naquele mesmo ano no dia 13 de Setembro de 1.956 veio a notícia do falecimento trágico de Reinaldo marido de Maria do Céu, vítima de descarga elétrica enquanto fazia a manutenção de um transformador na fábrica onde prestava serviços.

A morte inesperada de tio Reinaldo foi traumático para toda família, deixando inconsolável a esposa, Maria do Céu, que se tornou viúva aos 32 anos de idade passando a viver única e exclusivamente para os três filhos, Armando, Ivone e Roberto.

Virgílio a esquerda aos 20 anos na cidade de Santos.












Virgílio aspirante a soldado de uniforme cáqui 





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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

"Pachinko" - Min Jin Lee

Finalizei o livro ontem a noite, coisa rara de se acontecer pois a leitura no período noturno me provoca uma imensa vontade de dormir, mas a história me envolveu de tal maneira que acabei devorando o livro de aproximadamente 500 páginas em poucos dias.

O livro conta  a saga de uma família de imigrantes coreanos no Japão no início dos anos de 1900.

A figura central é Sunja uma jovem coreana que em sua terra natal engravida de um forasteiro rico e é salva da desonra pela bondade de um jovem pastor que está de passagem pelo seu vilarejo. Os dois se casam e se mudam para o Japão, país próspero mas que trata os imigrantes coreanos com muita hostilidade.

A história então se desenrola por quatro gerações através de seus descendentes, familiares e amigos, que, juntos, apresentam vários aspectos da cultura, dos costumes, das religiões e das guerras. Os personagens são complexos e passionais, o romance percorre desde as paisagens das ilhas sul coreanas às ruas dos mercados e as prestigiadas Universidades no Japão, percorrendo o submundo do crime nos salões de apostas japoneses, "Pachinko". 

Meu parecer....

Não é o primeiro livro de autor asiático que leio e mesmo assim pouco me familiarizo com seus costumes, tão diferente dos nossos, por vezes, nós ocidentais, carregamos o pré conceito de que os orientais são todos iguais devido as peculiaridades de suas características físicas mas quando nos aprofundamos numa leitura como esta percebemos o quanto estamos enganados. São povos diferentes com usos e costumes que diferem entre si, mas olhando de fora com uma visão voltada para o ocidente, digo, o que os aproxima é a mesma conduta de orgulho e honra exercida com tanta obstinação à ponto de uma única escolha interferir no destino de seus descendentes.

Daí eu penso...... a nossa vida, essa que levamos hoje, é reflexo ou consequência das nossas escolhas, fato.

Bem, é um livro cuja história nos envolve desmistificando nossos conceitos ou pré conceitos dentro de um assunto tão atual, a Xenofobia, levantando questões sobre "Identidade", "Pátria" e "Pertencimento".

Além de ser uma grande história de amor, Pachinco" é um tributo aos sacrifícios, à ambição, à lealdade de milhares de estrangeiros desterrados.

Leiam o livro ! É uma excelente leitura !




quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XIII

Depois dos "Massorano" alugar o pequeno cômodo para os "Coelho" as famílias passaram a se ver com maior frequência e esta proximidade fez com que os laços de amizade se estreitassem entre eles.

Zé Coelho, por afinidade, tornou-se amigo mais próximo do casal Amerino e Antônia enquanto dona Felicidade tornava-se mais conhecida na vizinhança através do seu ofício de costureira. 

Ocasionalmente, nas tardes de domingo, as duas famílias se reuniam para jogar cartas e não raro Aydinha  aparecia para visitar sua vó Emília que até então morava com sua filha mais nova Antônia. A presença da menina causava grande empolgação por parte dos meninos.Virgílio, o mais ousado,  quando a via dizia que sua sorte havia chegado, Aydinha por sua vez muito tímida, apenas observava as cartas às costas do rapaz mas não por muito tempo pois preferia juntar-se aos primos com brincadeiras de criança que pra ela eram bem mais divertidas.

De segunda a sábado os meninos trabalhavam na Fábrica de Fiação carregando pesados fardos de lãs e cobertores, e foi nesta ocasião que surgiu a oportunidade de Zequinha voltar a estudar, matriculando-se na Escola Senai num curso profissionalizante que ninguém soube precisar. Virgílio manteve-se trabalhando duro na fábrica em prol dos estudos do irmão, este por sua vez conseguia se manter com uma pequena ajuda de custos que a escola oferecia aos estudantes.

Foi também nesta época que ambos passaram a frequentar a Igreja N.Sra de Lourdes, localizada no bairro da Água Rasa, ingressando na "Congregação Mariana" instituição que acolhia jovens católicos dispostos a servir o Cristianismo, foram então intitulados "Congregados Mariano" já as mulheres recebiam o título de "Filhas de Maria" e foi assim neste ambiente de reuniões e encontro de jovens que Virgílio conheceu Germana, uma moça "Filha de Maria"com quem namorou e noivou mas, o compromisso entre eles não durou muito tempo, por algum motivo que desconhecemos os jovens resolveram pôr um fim no relacionamento.

Fachada da Igreja N.Sra de Lourdes

Manual da "Congregação de Maria" aos "Marianos"

Interior da Igreja N.Sra de Lourdes

Gruta anexada a Igreja N.Sra de Lourdes


Alunos da Escola Senai anos 50


.....continua.......

sábado, 29 de janeiro de 2022

"As Doenças do Brasil" - Valter Hugo Mãe

 Li o livro.

Quando o ganhei fiquei feliz por ser de um dos meus autores preferidos.

Sempre gostei muito das histórias do Valter mas o título deste livro em especial me incomodou bastante, tive quase certeza de que o livro me decepcionaria.

Pensei... como pode um escritor estrangeiro falar sobre "as doenças do Brasil" intuindo que no caso "doenças" não se referia propriamente as enfermidades e sim a um contexto sócio- político-econômico.

Resolvi então pular o prefácio, nada nem ninguém iria mudar as minhas impressões.

Comecei a leitura.

A princípio fiquei confusa com a narrativa, a estrutura da escrita diferia da normalidade e foi difícil entender o seu propósito até que o meu cérebro se alinhou com a história e as coisas passaram a fazer mais sentido.

O romance é simples.... conta a história da tribo dos Abaeté. Uma índia é estuprada por um branco e gera um filho mestiço,Honra, este é imagem e semelhança de seu progenitor mas seu sangue, seus costumes e suas crenças são da tribo dos Abaeté e quando jovem sai em busca de vingança acompanhado do amigo/irmão Meio da Noite.

Então o que me impressionou no livro ?

Sem dúvida nenhuma a genialidade do autor, a história é simples mas a maneira em que é contada fez toda a diferença nas minhas impressões.

Ao final o próprio Valter se explica e tudo se clareia ainda mais.

Findo o livro li o prefácio e concluí que fiz bem em não começar por ele, mas isto é uma decisão de cada um.

Quanto a minha avaliação posso dizer que o livro é simples(mente) surpreendente pela sua narrativa, valeu muito a leitura e continuo admirando ainda mais este autor.

Valter Hugo Mãe é um "génio".




quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

"Pausa"

 Pausei.

Precisava realmente pausar, colher informações corretas para que a História da Família Coelho desse continuidade com coerência e veracidade.

Fiquei pensando... quanto mais a história se aproxima dos fatos que vivi mais interferência pessoal haverá sobre ela e, de verdade, não queria que isto acontecesse, mas tem coisas que são mesmo muito difíceis de evitar e esta, com certeza, é uma delas.

Devo pensar muito antes de escrever, filtrar e ponderar. A História pode se resumir em fatos mas também em pontos de vistas diferentes e a mesma situação pode ser interpretada de enes maneiras e julgar as pessoas é um defeito de todo ser humano, sim, porque mesmo sem querer, inconscientemente o fazemos.

Quando alguém nos magoa diretamente, de um jeito ou de outro, lidamos com a situação mas, quando herdamos mágoas alheias o ressentimento fica porque não nos cabe perdoar, relevar ou esquecer, porque quem de fato competiria fazê-lo já não está mais entre nós.

Me comprometo ser o mais imparcial possível na minha narrativa mas, se as minhas mágoas se deixarem transparecer me perdoe não é esta minha intensão, farei as correções, meu objetivo é tão somente deixar registrado nossa História, nada mais.


Breve retornarei.

Grata.

Silvia.




segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XII

 Aydinha, como era chamada pelos irmãos e primos, se equiparava na idade com os meninos e, era com eles Justi, Armando e Henrique a maior parte das brincadeiras.

Os meninos eram muito levados e certa vez foram todos ajudar a amassar barro no terreno da casa vizinha da dona Constância, era um barro colorido nas cores branca, vermelho e café, espécie de argila natural, gostavam da brincadeira pois o barro mole dava uma sensação boa nos pés, além de lhes fazer uso em outras brincadeiras como esculturas de bichinhos e comidinhas variadas. Mas nem sempre as brincadeiras eram autorizadas pela vó Emília e neste caso Aydinha havia sido advertida para não acompanhar os meninos, o que de fato não ocorreu, as escondidas acompanhou os primos na divertida tarefa, o que ninguém esperava era que ela, acidentalmente, se ferisse com um caco de vidro. 

Com o pé sangrando muito e rodeada pelos olhares aflitos dos meninos a maior preocupação de todos era como esconder da vó Emília sua desobediência, foi quando Virgílio, a caminho de casa, parou para ajudar. Analisou o ferimento e aconselhou : "estanca o sangue com o barro que vai sarar" e foi assim que fizeram.

Tive notícias que o sangue estancou, a ferida sarou e o que ficou foi uma cicatriz como lembrança mas, não sei dizer se Aydinha tomou a bronca pela travessura, o que me alegrou saber é que talvez este fato tenha sido a primeira aproximação entre meu pai e minha mãe, ela uma menina com nove anos de idade e ele também, ainda um menino, com os seus treze.

 Fico me perguntando se naquele despretensioso gesto de carinho e atenção não lhes tenham ascendido uma pequena chama no coração ?

Pode ser que sim, pode ser que não, talvez fossem jovens demais para perceber e sentir tais emoções.


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domingo, 16 de janeiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte XI

Foi no final da década de 40 que a Família Coelho se instalou definitivamente em São Paulo.

Para entender um pouco mais desta história, farei um parenteses para contextualizar  esta nova fase.

Como disse antes minha bisavó Emília e meu bisavô Manuel eram proprietários de um terreno que ocupava quase um quarteirão.

Este terreno foi repartido entre as três filhas do casal e suas respectivas famílias :

* Izabel, casada com Silvano, tinha quatro filhos : Justiniano, Ayda, minha mãe, Henrique e Elza.

* Maria do Céu, casada com Reinaldo, tinha três filhos : Armando, Ivone e Roberto.

* Antônia, casada com Amerino, tinha quatro filhos : Osvaldo, Orlando, Dulce e Valdir.

Todas as crianças  tinham pouca diferença de idade  e ficavam aos cuidados da avó Emília enquanto seus pais saiam para trabalhar.

Como a situação financeira era muito difícil os casais trabalhavam para sustentar suas famílias e todo dinheirinho extra era revertido em materiais de construção e assim eles próprios, muitas vezes com a ajuda das crianças, construíam esses pequenos cômodos de aluguel, então qualquer pedacinho da casa como um porão ou um puxadinho era uma possibilidade para lhes aumentar a renda.

E foi assim, no porão de uma das casas dos Massoranos, que a família Coelho se instalou.

Como dona Felicidade era costureira e a vizinhança bastante amigável não demorou muito para que todos se conhecessem.



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 e o mesmo foi repartido entre as três filhas do casal e suas respectivas famílias de modo que todos moravam vizinhos um do outro  

sábado, 15 de janeiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte X

 A  casa em que tio Salvador morava com a família situada na rua da Meação era composta por várias casinhas geminadas que abrigavam outras tantas famílias. Na sua fachada havia uma espécie de portal em forma de arco, de onde se avistava a rua Ana Camacho, antiga rua Caetanos. Mesmo com poucos cômodos tio Salvador abrigou a família da irmã até que estes tivessem condições de se mudarem.

Naquela época poucas ruas eram asfaltadas, os terrenos eram, muitas vezes, divididos com cercas de madeira, lembravam pequenas chácaras com suas hortas e árvores frutíferas.

 Os meus bisavós maternos, dona Emília e seu Manuel Massorano eram proprietários de uma quadra que ocupava duas ruas : a Rua Batista da Costa até a Rua Ana Camacho, neste terreno foram construídas, com muito esforço, suas casas de alvenaria  e outras pequenas moradias para futuros inquilinos. 

E foi numa dessas casinhas de aluguel que Zé Coelho se instalou com a família, tudo muito rústico e precário; do porão se fez o quarto, do lado de fora o banheiro e embaixo da escada uma minúscula cozinha.

Os meninos, Zequinha com quatorze anos de idade e Virgílio com doze anos começaram a trabalhar numa fábrica de fiação, emprego arranjado por tio Salvador, já dona Felicidade fez da costura sua profissão, enquanto isso Zé Coelho se ocupava com a política, trabalhando esporadicamente como cabo eleitoral em ano de eleições.

 Algumas fotos antigas, extraídas da Internet, que remontam o cenário da época :

Fachada do Antigo Cine Vitória - Água Rasa

Rua de paralelepípedo travessa da Av. Álvaro Ramos - Água Rasa

Vila Formosa começo do século XX

Rua de Paralelepípedo Água Rasa

Fachada, ainda existente, do Castelinho na rua Água Rasa

Entrada, acesso pela Av. Álvaro Ramos, do Cemitério da Quarta Parada

Ônibus Antigo sentido "Cidade" como era chamado o Centro de São Paulo



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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte IX

 O nome completo de tio Salvador era : Salvador Pereira da Silva, seu ano de nascimento foi em 1.906 e seu falecimento ocorreu no ano de 1.975. A diferença de idade entre ele e sua irmã Felicidade era de aproximadamente dez anos, então concluo que, se a mãe deles faleceu quando Daia tinha apenas nove anos, Salvador teria pelo menos dezenove quando saiu de casa para o mundo.

O rumo que Salvador tomou foi o estado de São Paulo e foi trabalhando numa fazenda do interior chamada Santa Rita, que conheceu a imigrante italiana Lina Moran, que mais tarde adquiriu o sobrenome do marido, Lina Moran da Silva.

Antigamente quando os enamorados não recebiam o consentimento da família para se casarem era comum que fugissem, estratégia que muitos usavam para contrair matrimônio mesmo que este ficasse acordado em uma delegacia por exigência dos pais da noiva, e foi justamente isto que aconteceu com tio Salvador e tia Lina, depois dele próprio ter "roubado" sua pretendente.

Casados, tio Salvador e tia Lina tiveram quatro filhos : José Aparecido, falecido aos 12 anos de idade de apendicite, conhecida na época como "nó nas tripas", e os que vingaram, Eunice, Maria e Benedito.  Nesta época já haviam se mudado para a cidade de São Paulo, a princípio foram morar em uma casinha alugada em Ermelindo Matarazzo, depois se mudaram para a Rua da Meação, antiga Vila Regente Feijó, hoje Bairro do Tatuapé e com o passar dos anos compraram e viveram por toda vida em uma casa situada na Vila Formosa.

Foi justamente na época em que residiam na Rua da Meação que a família do tio Salvador acolheu a Família de Zé Coelho, constituída por Daia, os filhos pequenos Zequinha e Virgílio.


Primeira Comunhão década de 40
Prima Eunice






















Família do Tio Salvador década de 40












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quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

"Agradecimento a Prima Eunice"

 Ontem a noite o telefone fixo tocou, tão raro ouvi-lo tocar ainda mais naquele horário, era Eunice, prima de meu pai atendendo meu apelo na mensagem que lhe enviei pelo messanger do Facebook.

Fiquei feliz e empolgada com sua ligação.

Eunice é a filha mais velha do tio Salvador (irmão de minha vó Felicidade) com tia Lina; ela é um pouco mais velha que minha mãe, me disse ontem ter 83 anos.

Lembro da prima Eunice de alguns anos atrás, quando era mais jovem e pelo vigor de sua voz relembrei dela com a mesma aparência, conversamos cerca de uma hora, foi uma conversa descontraída e super agradável, conversamos um pouco de tudo, segundo ela, seu pai Salvador, era homem de poucas palavras e muito bravo, o que me surpreendeu pois a imagem que sempre tive dele era de um homem bondoso extremamente amigável que chegava em nossa casa sempre com um saquinho de balas para nos agradar.

Ela confessou que este comportamento devia ser pelo grande afeto que sentia por meus pais e por nós, os filhos, visto que representávamos o único elo de sua família.

Outras informações também me foram passadas, não muitas mas o suficiente para continuar escrevendo sobre a "História da Família Coelho".

Por isso deixo registrado aqui o meu profundo agradecimento a Prima Eunice que se preocupou em atender ao meu apelo.

Eunice, obrigada por sua colaboração.

                                                              Silvia. 13/01/2022




quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte VIII

A História da Mina de Cristal e a Vinda da Família Coelho para São Paulo


 Esta fase que narrarei a seguir  se compõe de fatos imprecisos porém não menos verdadeiros.


Instalados em Conselheiro Mata - Distrito de Diamantina MG, Zé Coelho continuou no garimpo com a ajuda do filho João, mas não por muito tempo pois na idade de servir o exército brasileiro o jovem rapaz retornou a Belo Horizonte para fazer o seu alistamento e cumprir com serviço militar obrigatório.

Zequinha e Virgílio ainda pequenos permaneceram ao lado da mãe e foram alfabetizados no Grupo Escolar da pequena cidade, contudo não há registros que tenham concluído o Curso Primário.

Dona Felicidade por sua vez manteve a família com o ofício de costureira. Na época costurava "Batinas" para os padres, vestidos de noiva, ternos para casamentos e vestimentas mais simples em geral.

Também foi nesta ocasião que Zé Coelho perdeu a chance de melhorar a situação financeira de toda família. As voltas com o garimpo descobriu sozinho uma mina de cristal mas, a euforia do achado foi tão grande que, a caminho de casa em uma de suas paragens bebeu um pouco demais e falou o que não devia.

A notícia do achado se espalhou feito pavio de pólvora, quando retornou a mina de cristal o local já havia sido tomado pela exploração desenfreada de muitos garimpeiros.

Em meio a todos estes acontecimentos dona Felicidade fica sabendo do paradeiro de seu irmão, há possibilidades deles terem se comunicado através de uma carta onde Salvador dizia estar casado com três filhos e vivendo na cidade de São Paulo - SP.

Desiludido com o Garimpo e incentivado por Salvador, Zé Coelho, dona Felicidade e os dois filhos Zequinha e Virgílio se mudam para São Paulo em busca de oportunidades e melhores condições de vida.



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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte VII

 Ocasião em que Daia (vó Felicidade) é apresentada a Família de Zé Coelho- Belo Horizonte- MG


Tanto Zequinha quanto Virgílio (meu pai) foram registrados no Cartório Civil do Distrito de Conselheiro Mata, região localizada a 30 km de Diamantina - Minas Gerais.

Quando os meninos já estavam relativamente grandinhos Zé Coelho resolveu voltar a Belo Horizonte pois havia notícias que Sá Donana, sua mãe, estava muito doente.

Este retorno proporcionou a dona Felicidade e seus filhos conhecerem seus sogros e os filhos adolescentes do primeiro casamento de Zé Coelho com a falecida Balduína.

Infelizmente não há registros desse encontro.

Sá Donana veio a falecer na ocasião em que lá estavam e Zé Coelho fez questão de pagar as custas do enterro da mãe disponibilizando o único dinheiro que possuíam, proveniente de umas poucas gramas de ouro que havia negociado antes da viagem.

Era importante pra ele sentir-se por cima, mesmo se endividando e não tendo condições financeiras suficientes para fazê-lo. Quando o dinheiro acabou a família resolveu voltar para Conselheiro Mata e continuar no garimpo só que desta vez Zé Coelho levou consigo os dois filhos adolescentes, João e Manuel, afim de que ambos lhe ajudassem a garimpar; a filha mais velha Antalha se negou a acompanhar o pai preferindo manter-se em Belo Horizonte aos cuidados das tias.

Dona Felicidade fez o que pôde para acolher bem os meninos mas os conflitos familiares estavam presentes principalmente na animosidade entre pai e filhos.

Certo dia Zé Coelho implicou com a aparência de Manuel, o filho mais rebelde, obrigando-o a se barbear este, por sua vez, enfrentou a autoridade do pai e depois de uma séria e calorosa discussão Manuel decidiu sair de casa. Abandonou a família, caiu no mundo e ninguém, nunca mais, teve notícias dele.


Eis alguns registros que datam a época dos fatos :


Seu Virgílio Coelho (avô) segurando Antalha, a menina loira, João ao centro e no canto esquerdo da foto o caçula Manuel, os três filhos do casamento de Zé Coelho com Balduína.








Os Irmãos : à esquerda João Coelho (tio João), ao centro meu pai, Virgílio Coelho Neto e José Oliveira Coelho Júnior (tio Zequinha), à direita.













Dona Felicidade (Daia), primeira em pé á direita.


segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A História da Família "Coelho" - Parte VI

 A Vida de Casada da Jovem Daia (Vó Felicidade)


Logo após o casamento Zé Coelho montou em seu (novo) cavalo levando a jovem Daia na sua garupa, esta por sua vez carregava consigo apenas o que lhe cabia, uma trouxa de roupas e alguns pertences. Ambos se embrenharam mata adentro até chegarem na cabana construída por Zé.  A cabana era precária, próxima do garimpo, rodeada de árvores em um terreno de mato alto, mal se podia ver o sol. Imagino como tenha sido difícil pra minha vó aqueles primeiros dias encarando tão dura realidade.

Pela manhã antes de sair para garimpar Zé Coelho entregou a Daia uma garrucha velha munida apenas de um tiro com a seguinte recomendação : "Se mexer atire, seja homem, seja bicho, atire !".

Enquanto Zé Coelho se ausentava dona Felicidade usava seu tempo para limpar o terreno com um facão afim de que pudesse ver e aproveitar a luz do sol para colocar ordem na "casa".

Nesses primeiros anos em que viveram neste lugar, não sei precisar se dona Felicidade já exercia o ofício de costureira, profissão que a manteve até o final de sua vida, eu, particularmente, acredito que não, dado o isolamento em que se encontravam, talvez, a costura como profissão, tenha vindo anos mais tarde quando se instalaram na cidade.

Dessa fase tenho conhecimento apenas a data de nascimento dos seus dois filhos.

Em 1.934 nasceu o primogênito, José Oliveira Coelho Júnior (homenagem ao pai Zé Coelho) e com dois anos de diferença em 1.936 nasceu o segundo filho, Virgílio Coelho Neto, nome dado em homenagem ao seu avô paterno, seu Virgílio Coelho.

Do nascimento do primogênito, tio Zequinha, como o conhecíamos, não tenho registros mas, quanto ao nascimento de meu pai algumas histórias pitorescas nos foram confidenciadas por minha vó Felicidade.

História sobre o Nascimento de meu pai : Virgílio Coelho Neto.

Dizia ela que às primeiras contrações anunciando que o bebê estaria por vir, pediu ao marido Zé Coelho que fosse a cidade buscar uma parteira, este por sua vez, a caminho da missão, acabou se distraindo na caça por um tatu. Horas mais tarde voltou a cabana com a parteira e o tatu abatido em uma sacola. Dona Felicidade já havia dado a luz, ela própria cuidou de fazer seu parto preparando os apetrechos que iria precisar, inclusive uma tesoura velha para cortar o cordão umbilical. Coube a parteira apenas verificar se tudo havia sido feito do modo correto. Enquanto isto Zé Coelho extraia do tatu o seu sangue e com ele besuntou a criança envolvendo-a em panos que foram retirados somente no dia seguinte. Para surpresa de todos o sangue havia penetrado na pele do bebê. Este fato curioso fortaleceu a pele de meu pai e por muitas vezes o presenciei batendo forte no braço e dizendo orgulhoso : "Aqui não pego doença alguma, tenho sangue de tatu !" E realmente, meu pai era forte como um touro.

Outro fato curioso diz respeito ao seu registro de nascimento. Como moravam distante da cidade, registrar uma criança demandava disponibilidade e algum tempo. Quando Zé Coelho foi registrar o filho não soube precisar a data, registrando-o no dia 6 de agosto do ano de 1.936 sendo que a data correta seria dia 8 de agosto do mesmo ano 1.936. A pedido de minha vó, minha mãe ficou incumbida de jamais esquecer a data verdadeira do seu nascimento, por isso todos os anos, nós, os filhos e minha mãe, o cumprimentava  tanto no dia 6 quanto no dia 8, o que alegrava muito meu pai.


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