quinta-feira, 20 de junho de 2024

Oitavo livro do Ano :"O Idiota"- Fiódor Dostoiévski

"O Idiota" de Fiódor Dostoiévski. Livro de 681 páginas escrito em 1868.

Minhas Impressões sobre o livro :

Antes de fazer qualquer comentário, reforço que aqui deixo tão somente minhas impressões pessoais, ou seja, não é um resumo, resenha ou qualquer outro parecer técnico, mesmo porque não sou capacitada para tal. Os registros aqui descritos falam muito mais de mim enquanto leitora, e das sensações que se delinearam durante a minha leitura.

Uau ! Que livro ! Que história ! Quando dizem que clássico é clássico por favor acreditem !

O escritor russo Fiódor Dostoiévski é magnífico, um gênio na arte de se expressar, a sua narrativa me deixou perplexa e envolvida por cada um de seus personagens, não é à toa que o consideram além de grande  escritor, romancista, filósofo, um dos maiores pensadores da história.

O romance é narrado em terceira pessoa e algumas vezes há um diálogo entre o escritor e o leitor para elucidar alguns pontos que ficariam obscuros caso não o fizesse. O perfil psicológico de cada um dos personagens é minucioso, intrínseco, o autor consegue descrevê-los com tanta particularidade que os tornam inteiros dentro da sua humanidade com seus vícios, defeitos, virtudes e paixões, tornando-os reais.

Algumas curiosidades me chamaram a atenção; relacionei muito o personagem principal com o próprio Dostoiévski, ambos sofriam do mesmo mal, a epilepsia, além de outros aspectos como por exemplo a passagem do condenado á pena de morte e os minutos que antecederam ao receber o indulto antes da sua execução, o sentimento narrado é perturbador, só quem o viveu de fato poderia descrevê-lo com tanta exatidão minuto a minuto, acredito que houve ali uma catarse, ou seja, ele se valeu intencionalmente do romance para liberar todas as suas tensões outrora reprimidas.

Bem, falando da história em si, toda a trama gira em torno do personagem principal, o príncipe Míchkin, a quem chamam de idiota, foi aí que me veio a seguinte pergunta : o que seria de fato uma pessoa idiota ?!

Fui pesquisar e achei a seguinte definição :

IDIOTA : diz-se de ou pessoa que carece de inteligência, de discernimento; tolo, ignorante, estúpido.

Pois bem, o personagem não se enquadra em nenhuma dessas definições, ao contrário, ele é inteligente, culto, sensível, humanista, sonhador e por incrível que pareça o que o torna idiota aos olhos das pessoas é justamente a sua ingenuidade em se mostrar simples e verdadeiro, além de não ver maldade e acreditar naqueles que o cercam, essa personalidade mais o fato de ser epilético o tornam idiota perante a sociedade da época.

Bem ! sem mais delongas, encerrei o livro com certa dose de insatisfação dado ao desfecho desconcertante tão contrário as minhas expectativas, mesmo assim, ao final da leitura parei para refletir...pensei com meus botões...ser simples, crédulo e verdadeiro, nos dias de hoje, ainda nos faz idiota ?! Infelizmente acredito que sim.


"O Idiota" - Fiódor Dostoiévski - 1868

     


terça-feira, 4 de junho de 2024

"Antes que eu me esqueça"

 Demorei alguns dias para me decidir estar aqui falando sobre um ocorrido, mesmo porque cedo ou tarde ele será esquecido, pois assim é com nossa mente, assim é com toda gente, coisas ruins devem sim ser deletadas para que sigamos em paz.

Todos nós erramos, e se temos consciência do nosso erro, sofremos, nos martirizamos, até tentamos consertar mas, como dizia minha vó : "o quê não tem remédio, remediado está".

Houve um acidente e eu não fui sensível o suficiente para me compadecer e solidarizar, ao contrário, fui escrota, insensível, zero empática, com certeza mereci todos os xingamentos, aqueles que por educação não foram verbalizados.

As vezes erramos com quem menos merece...acontece.

Não vou tentar me justificar porque já assinei a minha culpa mas eu preciso sim traduzir minhas palavras...

A última pergunta foi : "como é que eu vou fazer agora ?!" e a minha resposta curta e grossa : " caminhe...na marra !".

 Quando a pessoa é de outro nível e pertence a outro mundo jamais vai entender o que é andar a pé, e dizer para "caminhar"  chega a ser ofensivo, ou seja, errei na mão, mas acredite, na melhor das intenções.

As pessoas vivem tão agarradas ao seu conforto que a mínima mudança trás um caos para suas vidas.

Caminhar é bom, melhora o condicionamento físico e ativa a mente, quando caminhamos os pensamentos divagam, ficamos mais criativos e sempre há uma maneira de acharmos a solução para os nossos problemas, fora isso entramos em contato com o entorno, pode ser uma casa antiga que nos faça lembrar da nossa infância, as pessoas que esbarramos, cada qual no seu cotidiano, é o casal de idosos, a criança que é levada pelas mãos da mãe, os estudantes que andam rindo à toa, a moça bonita que vai trabalhar... caminhar é prestar atenção na vida, na árvore florida, no pássaro, na plantinha...tudo isso pode parecer poético demais, principalmente pra quem nunca teve esta experiência, lamentável, as coisas mais simples são as mais poéticas pra serem vividas, consciência para poucos.

Se você parar pra pensar o acidente foi um incidente não uma tragédia, o prejuízo das perdas materiais será recuperado e reposto, talvez longe do nosso contento mas são apenas bens materiais, o mais importante de tudo é a vida, ninguém se feriu, e se temos a vida, temos a chance de fazer diferente, quem sabe por força das circunstâncias caminhar... !

Minhas sinceras desculpas.