sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

"O Olho Mais Azul" - Toni Morrison

Não sou crítica literária nem tenho bagagem para tanto mas sempre gosto de deixar registrado minhas impressões toda vez que finalizo uma leitura.

Este livro me foi emprestado, e a primeira coisa que fazemos quando temos um livro em mãos é analisá-lo externamente, já ouviu aquele provérbio que diz "Não devemos julgar o livro pela capa ?" Esquece, porque julgamos sim, talvez o façamos até inconscientemente mas o fazemos, antes mesmo de saber do que se trata.

A capa do livro tem um layout bastante simples, ele é todo cinza, um cinza grafite bem escuro, sua textura é lisa e opaca, não é capa dura e a gordura da mão fica impressa com o seu manuseio, nele se desenha a silhueta de uma menina negra com um vestido rodado, lenço na cabeça a mão espalmada e o braço estendido jogando algo que a princípio não se define bem o que é e, um pequeno sapo pulando, fugindo do tal objeto, apenas isso mais nada, não há letras garrafais com o título do livro e muito menos se sobressai o nome da autora, podemos notar estas informações apenas na lombada, letras brancas sobre fundo azul.

Julguei que se tratasse, mais uma vez, desses livros que levantam bandeiras pela minoria, com aquele fundo socialista e politicamente correto, não raro hipócritas e felizmente me enganei.

Toni Morrison parece ser um nome masculino contudo é uma mulher negra nascida no começo da década de trinta nos EUA quem escreveu o livro.

A história é simples, e é contada de uma maneira bem peculiar, a primeira página do livro revela o seu desfecho e mesmo sabendo seu fim ficamos na curiosidade de saber como tudo sucedeu, "cá entre nós".

Pecola Breedlove é uma pré-adolescente negra e pobre, muito mais negra do que qualquer outra negra, com o cabelo muito mais pixainho do que qualquer outro e feia, muito feia, tão feia a ponto de causar escárnio entre os seus, ela reconhece no espelho sua feiura e seu desejo é ter olhos azuis, o milagre para  sua salvação.

Funde-se a história de Pecola outras histórias das pessoas que contribuem diretamente para o seu desfecho e eis aí o que me surpreendeu. Cada história contada é uma justificativa desculpando seus personagens dos seus atos humanamente perversos até mesmo o estupro da adolescente pelo próprio pai nos foi narrado de uma maneira que mais nos consterna do que nos revolta. A história de Pecola é triste, nos causa empatia, mais triste ainda é pensar em quantas Pecolas, ainda hoje, existem por aí, Pecolas de todas as cores, de todas as feiuras ansiando por salvadores pares de olhos azuis.

Bem, é isto ! "O Olho Mais Azul" não é um livro de enfeitar estante, é um livro para ser lido e ser passado de mão em mão.

Leiam ! A leitura é fácil e o livro é bom !

                                                                  Silvia.



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