quarta-feira, 26 de julho de 2023

"A Casa Velha dos meus Pais"

 Estou aqui tentando refazer os meus pensamentos....

Hoje a tarde, deitada na rede, algo me fez lembrar da casa velha dos meus pais... e foi algo bem específico, lembrei que na frente da casa havia um portão de ferro um tanto enferrujado, modelo antigo,  todo trabalhado no rococó, daqueles difícil de lixar e pintar, o que justificava o estado lamentável do portão, mas não era só o portão, sobre ele havia uma pequena laje, pequena mesmo, daquelas que mal protegia as pessoas exceto o próprio portão do sol e da chuva....pensei na minha casa, nessa que vivo, queria ter plantinhas na janela mas as grades não deixam e por um instante fiz esta comparação, no portão velho não havia tranca, muito menos campainha, entrava-se, assim, simplesmente, as janelas da casa eram  de madeira e pintadas de azul, antigamente as pessoas tinham o hábito de pintar suas casas de azul ou rosa com uma tinta rala feita a base de água com uma brocha que respingava tinta por todo o quintal, cal, era este o nome da tinta, para as janelas usavam tinta óleo num tom que não destoasse do conjunto, lembro que na porta da sala, pelo lado de dentro haviam três trincos, na nossa inocência era o que bastava para nos proteger, a cozinha, a copa e o banheiro ficavam do lado de fora, separados dos quartos e da sala, eram dois quartos, no quarto da frente dormia meus pais, depois vinha a sala e por fim o nosso quarto, o quarto das meninas com três camas paralelas, os meninos dormiam na sala, um no sofá grande e o outro no sofá cama que se montava toda noite para que ele pudesse dormir....

Todas estas lembranças me vieram a mente pelo simples fato de querer plantinhas na janela...não, na casa velha dos meus pais não haviam plantinhas na janela mas também não haviam grades e nessa viagem no tempo lembrei de um fato que estava guardado na memória....

Era tarde da noite e assistíamos a Sessão Coruja na única TV preto e branco que ficava na sala, de repente nosso irmão caçula levanta do sofá-cama e começa a destrancar o primeiro trinco, a princípio nem ligamos, depois calmamente destrancou o segundo, quando estava prestes a destrancar o terceiro percebemos que ele estava de olho fechado e lhe perguntamos "onde você vai ?" e ele respondeu "pra minha casa", nossa reação foi automática, fizemos com que ele voltasse para cama e travamos novamente os trincos, no dia seguinte contamos toda a história pra quem quisesse ouvir, tínhamos um irmão sonâmbulo....

Crianças são bobas e felizes e é assim que eu lembro da minha infância, de verdade, adoro estas viagens no tempo!

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