sábado, 25 de maio de 2019

"Madrugada adentro"

Olho para o relógio da sala que marca onze e meia da noite, hora de me preparar para dormir, faço meu último xixi do dia na esperança de não precisar levantar a noite, lavo bem as mãos e capricho na escovação dos dentes, não pode faltar o fio dental, a boca tem que estar limpa, totalmente higienizada, preparo minha cama, está bastante frio, duas cobertas não são suficientes pego uma terceira, pronto, não vou precisar levantar a noite para ir ao banheiro nem para pegar mais coberta, é o suficiente, ajeito a garrafinha de água tomo o remédio da noite e já deixo separado o que tomarei pela manhã, esses não consigo escapar são diários os outros chega a sobrar, não sou viciada em remédios, nem tenho medo de ser. Ligo meu celular, é hora de dar a última olhadela, a timeline é cansativa e repetitiva mas as vezes me distraio com alguma bobagem e nem vejo o tempo passar. Deixo uma mensagem breve a um amigo, ele quer minha opinião sobre um dos seus trabalhos, nem sei se posso ajudar, sou leiga, pouco sei mesmo assim dou meu parecer, ele agradece mas não retorno, desligo o celular e tento dormir, a cama está quentinha e um dos pets, o mais folgado, vem me fazer companhia, me viro diversas vezes, não quero perturbá-lo, mas está difícil o sono chegar, penso que tenho que acordar cedo amanhã, a moça da limpeza vem, estarei de pé as sete, quanto mais eu penso nos meus compromissos mais me falta o sono, percebo a movimentação sorrateira pela casa, ele também está se preparando para dormir, vou acordá-lo cedo, também tem compromisso, sou o seu despertador. Enquanto o sono não vem penso... me questiono, sou sempre sabatinada,  fico equacionando as coisas, nunca tenho as respostas e minhas suposições são infundadas. Me sinto acesa com vontade de falar, já são quase três da manhã, vasculho as redes sociais, três contatos acordados, talvez estejam passando o mesmo que eu, talvez não, vagas suposições, meu filho está online, penso em lhe dizer boa noite, está por aí ? mas apago antes mesmo de terminar a frase, iria preocupá-lo sem necessidade, não tenho costume, ele acharia no mínimo estranho, deixo de relutar contra a insônia, vou simplesmente deixar passar, esperar, uma hora o sono vem, faço planos para o dia seguinte, a minha ajudante estará ocupada enquanto eu estarei livre de qualquer compromisso, estarei só. Penso em deixar um recado de voz, queria fazer uma proposta, já preparei as frases na minha cabeça, me animo com a possibilidade de aceitá-la, isto me estimula ainda mais e ao mesmo tempo sei que é passageiro, esses rompantes me vem a noite, de madrugada, na calada da noite, durante o dia tudo se clareia, fica bobo e sem sentido, falta-me a coragem, penso que estou fazendo papel ridículo. Lembro da frase do filme E o Vento Levou... "amanhã será outro dia", sempre torci pela Scarlett O'Hara e nos meus sonhos sempre lhe dei um final feliz, livros são assim, mexem com o nosso imaginário... deixa pra lá, a vida da gente não é filme e nunca vai ser... sono cadê você ?!!!

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