segunda-feira, 5 de agosto de 2019

"Tudo o que foi, foi"

Normalmente era nessa época do ano que tudo acontecia.

Totalmente involuntário.

Não era medo de partir e morrer.

 Era medo de ficar e sofrer.

Uma melancolia misturada com impotência  e desânimo.

Não tinha forças para mudar meus pensamentos que me sentenciavam a morte.

Os dias frios se misturavam com a dor do corpo e da alma.

Minha sina estava traçada por mim, não por Deus.

As histórias tristes se repetiam em imagens criadas por minha cabeça pensante.

Morrer não dói.

A consciência em deixar de existir é que dilacera.

Fere o ego.

Rasga a carne, rasga a alma, rasga tudo.

Rasguei uma a uma todas as folhas daqueles diários.

Apagando uma parte da minha existência.

Não queria vestígios de mim.

Das minhas paixões dos meus vícios dos meus defeitos.

Se não podemos controlar a vida não podemos controlar a morte.

Viver e morrer não depende do nosso querer.

Só depende das nossas escolhas.

Os textos todos se perderam.

Sinto falta deles.

"Eu matei meu passarinho"

"Mãe, não chora"

"A velha e os Pêssegos"

"Amor Edro"

"FreeWay"

E tantos outros guardados na memória.

Impossíveis de serem reescritos.

Ficaram apenas as lembranças.

Rasguei as emoções.

Me desfiz de todos os borrões de lágrimas impressas naquelas páginas.

Não morri.

Apenas me apaguei.

Estou viva.

Tentando registrar novas passagens.

Com um enorme pesar de saudades.

Mas...

Tudo o que se foi, foi.

Assim como os textos assim como eu assim como você.

Todos nós teremos passado por esta vida.

 Todos nós seremos passado um dia.
















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