domingo, 11 de novembro de 2018

"When Was Young I Listen To The Radio"

_ Por que o rádio está em cima da pia ?

_ Porque é o único lugar que pega.

_ E em cima da mesa ?

_ Em cima da mesa ele chia. Aqui só precisa tomar cuidado pra não molhar.

" Nossa ! como um assunto bobo pode provocar conexões imediatas em nosso cérebro nos levando a uma experiência tão intensa ! neste exato momento falando do rádio lembrei direitinho da casa velha que vivi com meus pais...
A cozinha a copa e o banheiro ficavam do lado de fora o que aborrecia muito minha mãe principalmente em dias de chuva e de madrugada quando dava vontade de ir ao banheiro, rsrsrsrsrsss verdade ! naquela época  vivíamos com dificuldades, mas criança sabe como é, não tem muita noção dessas coisas não, criança só quer ser feliz, e contrariando todas as nossas dificuldades nós éramos cinco irmãos muito felizes.
O chão da cozinha era de cimento queimado na cor vermelha, muito lustroso de tanto que era encerado, a cuba da pia era de cerâmica branca muito gasta e sua bancada de granilize, uma espécie de pedrinhas minúsculas coloridas que se soltavam quando puxávamos a água que se acumulava na pia, malditas pedrinhas que nos machucavam as mãos ! Os armários de madeira eram suspensos e foram repintados pelo vô na cor amarelo canário e marrom, a mesa de madeira ficava encostada na parede com algumas cadeiras e o detalhe mais importante que puxou nossa conversa, na parede onde ficava a mesa, bem no alto havia uma pequena prateleira suspensa com mão francesa onde ficava o nosso rádio, um modelo já antigo para época mas que sintonizava muito bem, era ele a nossa companhia e distração.
O legal de conversar com pessoas da mesma idade é que as experiências são muito parecidas e as lembranças nos levam a boas risadas, ficamos puxando pela memória as programações que fizeram parte da nossa infância".


Cinco horas da manhã a mãe preparava o café  ao som de um programa chamado "Zé Béttio".
Não era o tipo de programação que nos agradava, mas quem era louco de contrariar a mãe. O que nos restava era ficar prestando atenção nas músicas caipiras, e creia as sofrências de hoje em dia não chega aos pés do que era sofrimento nas modas de viola. Eita povo sofrido !!! Era dor de amor, dor pela morte do bicho, dor de pai abandonado pelo filho, dor do noivo que perdia a noiva antes de casar, enfim, era dor pra todos os gostos. Ficar prestando atenção nas letras das músicas não era ruim, o pior era ouvir o radialista com seu sotaque caipira anunciando as horas de minuto em minuto. Pensa que é exagero ? Não é não ! Procura na internet !
Dizia assim "Olha a hora dona de casa, olha hora 5:25. dali à pouco 5:26, 5:27.... isso quando não fracionava o minuto 5:27 minutos e "meio"... é ruim!!! rsrsrrsss e assim ia até acabar o programa, e ainda tinha toda aquela sorte de bichos pra nos acordar, era vaca mugindo, galo cantando, burro zurrando e o som de um balde d'água com a seguinte frase repetida mil e quinhentas vezes : "Acorda ele dona de casa ! Acorda gordo, maiê ! vai perder a hora... olha a hora, olha a hora, olha a hora... e dá-lhe Zé Bettio !
Sonolentos nossa vontade era de arremessar o rádio longe, mas... engolíamos a vontade pra não ter que engolir os dentes rsrsrsrsss

Como o rádio era compartilhado, sua função era agradar todo mundo.

Oito horas da manhã era a vez do Gil Gomes, repórter policial que narrava histórias horripilantes de assassinatos com detalhes minuciosos da vida da vítima e do bandido. Gente !! aquilo era muito "trash"!! A voz do locutor era inconfundível, o fundo musical com uma trilha sonora de puro suspense e ao final terminava o programa sempre com a mesma frase : Gil Gomes lhes diz.....tchan tchan tchan tchan suspense.... Bom Diaaa !!!! rsrsrsrsrsss

"Barros de Alencar vai apresentar as sétimas do dia as sete campeãs...." (Jingle) hahahahahahahaa
Agora sim era nossa praia, as músicas mais bregas da semana eram tocadas, mas quem se importava se o nosso gosto musical era estragado, o importante era ser feliz.

E por falar em gosto estragado não perdíamos o programa do Silvio Santos por nada deste mundo. Todas as tardes havia um quadro chamado "Histórias que o povo Conta". A narrativa era dramática e a sonoplastia de arrepiar, meu medo era tanto que subia na cadeira para ouvir as histórias do sobre natural, assombrações, fantasmas e todo tipo de alma penada. E no final da história ele terminava assim : " Pode ser verdade, pode ser mentira, pode ser apenas fruto da nossa imaginação, enfim.... (musiquinha de suspense), são histórias que o povo conta". rsrsrsrsrsrsss

E assim fomos relembrando... as ondas médias e curtas, a frequência modulada ZYD as rádios Tupi, Nacional, Difusora, Jovem Pan, Globo... As informações do Narciso Vernizzi, o homem do tempo, aos conselhos feminista de "Xênia e Você", a Ercy Hailla com seu "Garra minha amiga, Garra!!!!", O Eli Correia com seu "Oiiiiiiii Genteeeee !!!!" , a vinheta da rádio jovem pan "Vambora vambora tá na hora vambora..." Nossa !!!! muito legal relembrar !

 E essa conversa à toa começou com a observação:

 " Por que o rádio está em cima da pia ?"

 Não importa onde o rádio esteja, o importante é que ele faça parte de nossas vidas, sempre !

"When was young i listen to the radio....." (Carpenters).


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